terça-feira, 3 de novembro de 2009

Decolando...



Nunca estive tão hiperativa.



Não produtiva, hiperativa mesmo. Tenho insônia aqui, de novo, tão ruim ou pior do que uma que tive na Inglaterra a long time ago.



Acho que pode ser espiritual também, esse lance de não conseguir mais me concentrar pra rezar nem um pouquinho têm me deixado chateada, culpada, um monte de coisa. Me sinto desprotegida quando isso acontece. Aliás, tá acontecendo há muito tempo. A Inglaterra, de alguma forma, suprimiu minha espiritualidade. E agora é hora de retomá-la.



A yoga, que seja, já ajudaria muito com a dificuldade pra dormir, o amontoado desorganizado de pensamentos, o excesso de sede e a dor no estômago. O duro é que ser dessa linha natureba custa caro. Um saco. Homeopatia é mais caro que alopatia; comida pronta mais barata que alimentos frescos (de orgânicos eu nem comento); yoga muuuuuitooo mais cara que academia de ginástica. Ir pra Índia dar uma renovada espiritual também fica difícil (embora bem mais fácil agora do que quando estava no Brasil). Mas eu hei de conseguir!


(...)



Passei, as usual, dias sem escrever, e hoje o astral tá diferente. Já consegui um trabalho numa companhia de seguros, odiei, passei a me acostumar, e agora que tava quaaase gostando, surgiram outras duas possibilidades. Duas, claro, porque comigo as coisas nunca acontecem da maneira mais simples. Sempre tenho que fazer justamente o que tenho mais dificuldade na vida: escolhas. Mas não reclamo, que também não sou tonta... melhor ficar confusa por ter opções, que desesperada por não ter nenhuma.



Mas enfim, fiz uma entrevista hoje, e tenho outra amanhã. Nenhuma, infelizmente, relacionada à comunicação, mas todas exigindo o inglês e o português, o que pelo menos não me faz pensar que seja tempo jogado fora. Tô a cada dia mais convencida de que a gente aprende com tudo nessa vida. Nada se desperdiça. Mesmo assim, que eu preciso de FOCO, definitivamente, é um fato. E repito: não vou desistir até que eu encontre meu caminho.



De qualquer forma, to muito feliz com essa sensação de estar falando outra língua. Em 30 dias meu espanhol melhorou tanto que até eu me surpreendo. Claro que ainda tem muito pra aprender, claro que eu dou foras cômicos e trágicos (especialmente no trabalho, onde tenho que hablar con españoles por teléfono all the time). Mas a senhora colombiana que mora comigo disse que há 20 dias mal podia me entender, e agora já não apelo (quase) nunca ao portunhol. Como boa hiperativa que sou, não vejo a hora de entrar em um curso... de francês. Sim, porque a meta é, no mínimo, conseguir manter uma conversação em inglês, espanhol, francês e italiano. E eu chego lá. I'm sure.



Quanto a estar em Madrid, quanto às impressões e aos comentários sobre esse povo que a gente tem mania de falar que é parecido com a gente (quando na verdade não é), eu tenho até um pedaço de papel com observações feitas em mesa de bar ou de dentro do metrô. A lista inclui a falta de educação da espanholada (sem generalizar, mas depois eu explico, que isso dá um post inteiro); a delícia que é salir de tapas (http://es.wikipedia.org/wiki/Tapa_(alimento); a beleza do Parque del Retiro (http://www.parquedelretiro.com/); o fato de ser mais barato pedir algo, seja bebida ou comida, dentro do bar do que na terraza; a minha triste surpresa ao descobrir que aqui ainda se pode fumar dentro de praticamente todos os lugares, incluindo restaurantes (nas portas dos estabelecimentos geralmente se vê uma placa ostentando orgulhosamente o aviso de que "aquí se puede fumar") ; y otras cositas más.



Mas, embora eu tenha passado esse mês me dedicando mais à procurar emprego do que qualquer outra coisa, Madrid está me conquistando, pouco a pouco. Há muito, muito pra ver e pra fazer. Agora que tenho trabalho, casa, abono mensal de metrô e geladeira cheia, a intenção é começar a explorar. E, pra isso, o primeiro passo é vencer os monstros pessoais. A preguiça, a acomodação, a TPM que insiste em aparecer uma semana por mês e devastar com tudo... e sair por aí!



Quero ser exploradora... que nem o Bruno, do livro "O Menino do Pijama Listrado" (http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Boy_in_the_Striped_Pyjamas).