terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Só Sei que Nada Sei (perdão pela pieguice)

Eu preciso respirar, contar até 10.


Pensar que é muito fácil jogar a culpa na nacionalidade das pessoas, na diferença de culturas. Mas a verdade, a crua verdade, é que no Brasil eu vivia inconformada com tudo. Com a poluiçao de Sao Paulo e o cheiro do Rio Pinheiros entrando pela janela do meu quarto; da super lotaçao do trem da CPTM pra ir pra casa ou do transito de duas horas pra se deslocar da Berrini até o Shopping Morumbi; da falta de educaçao das pessoas; da ignorância geral da naçao; da mente pequena das pessoas, especialmente nas cidades menores como Atibaia e Bauru; da fixaçao de brasileiro por mulher gostosa e por bunda; da falta de vergonha na cara dos políticos; da falta de asfalto da minha rua em pleno século XXI.


E agora to aqui, me lamentando de vontade de voltar, de saudade, de uma falta irracional que eu sinto do meu país e de uma implicância (talvez também irracional) com os espanhóis.


Será que eu tenho que me conformar de que sou uma inconformista? Ou será que de repente eu tenho que engolir com farinha o meu banzo e me esforçar mais um pouquinho pra ver alguma simpatia nessa gente grossa dessa terra?


Nao sei de mais nada. É fim de ano e eu passo horas do meu dia olhando passagens de aviao que ou me dao mais angústia, ou me fazem sonhar mais alto. A mesma história, a velha dúvida, os desejos de sempre: Brasil, para acalmar o coraçao; Índia, para acalmar o espírito; África, para uma edificante terapia de choque?


Who knows?

Pensando no Fim

Chove sem parar há dias. Parece a Inglaterra, ou pior. Parece São Paulo. Na verdade, parece um pouco o começo do fim do mundo.


Tenho um pouco de vergonha de dizer, mas ando pensando nesse papo de 2012.


Seja porque seja, o mundo não pode acabar tão rápido! Pensando meio "egoistamente" (does this word exist???), nao é justo!


Porque eu estou aqui passando tanto tempo longe das pessoas que eu amo. Se eu soubesse que ia acabar mesmo, nao ia ficar do outro lado do oceano; ia passar o tempo que nos resta com a minha família, e todos os meus amores.


Porque eu nao ia ter filhos e, se os tivesse, nao ia dar tempo nem deles falarem "mamae"!


Porque eu to quebrando a cabeça pra tomar um rumo na vida, pra decidir se eu caso ou compro uma bicicleta, se eu quero ser jornalista, relaçoes públicas ou tradutora, e pra que? Se for acabar tudo tao cedo, doesn't make any sense pensar em carreira. Em economizar para o futuro, ou mesmo para aquele curso que eu tanto quero fazer. Nao é justo.


Se tudo acabar mesmo em apenas dois aninhos, nao vai dar tempo de eu ir meditar na Índia. Nem de ajudar as crianças na África. Nem de passar férias na Tailândia. Nem de desfilar no carnaval do Rio de Janeiro. Nem de escrever um livro. Nem de emagrecer uma vez na vida. Nem de ter uma reuniao com as minhas amigas daqui a 30 anos pra lembrar do trabalho que a gente dava antes. Nem de finalmente encontrar meu caminho espiritual. Aliás, se nao der tempo de eu me disciplinar a minha espiritualidade, aí mesmo que ferrou.


Do que teria adiantado todas as minhas crises existenciais? Meu desespero por falta de grana? Minhas dores de amor? Meus sonhos? Toooodos os meus sonhos????


Ah, nao. Nao, nao, nao. Me nego. Prefiro acreditar que os Maias, quando estavam fazendo o calendário, chegaram em dezembro de 2012 e deram uma parada para descansar. Neste momento, desapareceram e nao puderam continuar.

Não é, ao menos, razoável?





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O Último Dia

Paulinho Moska

Composição: Paulinho Moska e Billy Brandão

Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Ia manter sua agenda
De almoço, hora, apatia
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia

Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Corria prum shopping center
Ou para uma academia
Pra se esquecer que não dá tempo
Pro tempo que já se perdia

Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria

Andava pelado na chuva
Corria no meio da rua
Entrava de roupa no mar
Trepava sem camisinha

Meu amor
O que você faria?
O que você faria?

Abria a porta do hospício
Trancava a da delegacia
Dinamitava o meu carro
Parava o tráfego e ria

Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria
Me diz o que você faria
Me diz o que você faria...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Desabafo


Eu nao sei se eu posso mais viver nesse mundo, na civilizaçao, eu nao sei.

Eu nao suporto as pessoas à minha volta. Acabo de começar um trabalho novo, é meu terceiro dia, e eu quero pular pela janela. Nao, nao tive NENHUM problema com as minhas funçoes até agora.

Mas logo que me apresentaram ao meu chefe, ele nao foi capaz de devolver meu sorriso. O aperto de mao dele era fraco, mole, quase tao flácido quanto a enorme barriga que lhe salta pra fora da calça. Pensei que ele poderia estar estressado aquele dia, mas hoje é o terceiro e, além de ele nao ter dirigjido a palavra a mim, o sorriso nunca apareceu, nem de longe, nem só com os olhos.

Aí o gordinho antipático me trouxe pra sala de trabalho, onde tem 4 mesas enormes, com cerca de 6 pessoas em cada, distribuídas 3 de cada lado da mesa com seus respectivos computadores.

Ele pediu atençao, deu uns recados pro pessoal, que me olhava como se eu fosse o ET de Varginha e, no final, mencionou rapidamente que eu era a nova menina que ia trabalhar no projeto de traduçao, mas que nao ia ficar muito tempo com eles. É que eu fui contratada pra ser comercial, mas como a pessoa que estava cuidando da traduçao do site (para portugues) tinha deixado o trabalho no meio do caminho, eles me colocaram à disposiçao desse departamento até que eu termine o tal projeto.

Logo em seguida, o amadinho do aperto de mao mole chamou uma menina e me levou com ela para uma sala de reuniao. Explicou que era pra ela me passar o trabalho, e me largou ali. Ela virou os olhinhos pra cima, obviamente sem precisar transformar sua expressao nas palavras "QUE SACO", e voltou pra sala. Me apontou, com a maior má vontade do mundo, um lugar pra eu sentar, e um computador. Sentei, ela voltou pra mesa dela, e eu fiquei ali, com uma cara de tonta, sem saber o que fazer. Depois de 10 minutos, tempo suficiente pra eu já estar quase me enfiando debaixo da mesa de tanto mal-estar, a queridinha veio até mim, abriu um programa, me explicou rapidamente o que eu tinha que fazer, e voltou pro lugar dela.

Com exceçao de um búlgaro que senta ao meu lado e que sorria o tempo todo e se esforçava ao máximo para interagir comigo (no segundo dia já chegou a me sufocar), e um inglês que ainda nao sabe falar espanhol e me acompanhou pra tomar um café, o restante nem sequer me dirigiu uma palavra, um olhar, nada.

Beleza. Eu to de TPM, e a vontade de sair correndo deve ser por isso.

O segundo dia já foi melhor, me sentei pra almoçar com todo mundo e me enfiei na conversa, com noçao, claro, mas sem assumir o papel de rejeitada recém-chegada. O búlgaro que me olha demasiado e o inglês que nao fala espanhol foram, de novo, os únicos que falaram comigo.

Mas hoje, o terceiro dia, já começou mal. O chefe rechonchudo da mao e barriga flácidas está mais antipático do que nunca. Além disso, ele tinha me dito, e a todos, no meio dos recados daquele momento em que me "apresentou", de que hoje entraríamos mais cedo, às 8 da manha (geralmente entramos às 9:30), para trabalharmos sem intervalo e sairmos às 15horas. Aqui na Espanha isso é normal às sextas-feiras. Chego eu, às 8 e pouquinho, quase vomitando meu pulmao pra fora, de tanto que corri, e dou de cara com a porta da empresa fechada. Toco o interfone uma vez, duas vezes, tres vezes, e nada. Olho as janelas lá em cima, tudo escuro. Me sinto uma completa idiota. Chego a pensar que era um trote para novatos. Vou ao bar da esquina, peço um suco de laranja, a vaca da mulher me cobra 2 euros por um copo que nao dava nem dois goles, tento ler umas linhas do meu livro, quase vomito de novo com a fumaça de cigarro dos indecentes que fumam na cara das pessoas dentro de um bar minúsculo às 8 da manha, saio do bar, e resolvo que prefiro esperar lá fora, no frio, do que me intoxicando ali a essa hora da manha.

Decido ligar para a central da empresa, que fica em outro prédio. Converso com a mulher do RH, que é uma querida (milagre), e conto o que aconteceu, que provavelmente eu estava enganada, mas que era muito estranho, porque eu tinha cer-te-za de ter entendido que entraríamos mais cedo. Sem desligar o telefone, ela também liga para o Jaime Palilo (acabo de me dar conta que meu chefe é a cara do gordinho do Carrossel), e de repente ele me aparece na porta do prédio, saindo por OUTRA porta, que eu NUNCA poderia imaginar que teria alguma conexao com a outra entrada. Me sinto com vergonha da minha idiotice e com um ódio mortal de ninguém ter tido o bom senso de me avisar que o prédio estaria fechado e eu teria que entrar pela puta que pariu.

Ainda subi as escadas tentando conversar, fazer algum comentário sobre o ocorrido e, novamente, o Jaiminho me ignora.

Aí tudo bem, já sao 11:42 da manha, eu tava trabalhando normalmente até agora, nao sem me lembrar a cada 5 minutos da hostilidade do ambiente, quando o loirinho polaco, ucraniano ou sei la o que, sentado bem na minha frente, começa a bufar.

Nao, nao dá. Eu tive que parar pra escrever, pra nao ter um colapso nervoso.

Eu nao SU-POR-TO gente bufando. Nao suportoooo, me revira o estomago. Tiiiive que escrever pra nao gritar "meu filhoooo, qual é seu probleeeeemaaa, porquê você nao fala, vai dar uma volta, chora, faz qualquer coisa no mundo, que nao seja bufar como um animal raivoso aqui na minha frente?????".

Pior é que era hora do café e estávamos praticamente só eu e ele na sala. Além de bufar a cada 30 segundos, ele estava dando porradas no teclado, batendo o pezinho freneticamente no chao, enfim, tendo uma crisesinha de nervos contida, mas infinitamente mais irritante do que um ataque súbito e violento de raiva.

Aï to aqui tentando me desestressar com meu textinho, quando chega a simpática do primeiro dia, a da viradinha dos olhos (que, aliás, descobri ser francesa), senta em seu lugar (exatamente em frente a mim), e adivinha o que ela faz, no exato segundo em que olha a tela do computador? Quem adivinhar ganha um prêmio!

Nao? Nada? Nenhuma sugestao?

Pois eu conto: ela, nao sem virar os olhos pra cima, tomou fôlego bem profundamente e soltou um:

PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF.

Sim, é isso mesmo que vocês entenderam: deu a maior bufada de todas as bufadas.

Melhor eu descer pra tomar um café.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Decolando...



Nunca estive tão hiperativa.



Não produtiva, hiperativa mesmo. Tenho insônia aqui, de novo, tão ruim ou pior do que uma que tive na Inglaterra a long time ago.



Acho que pode ser espiritual também, esse lance de não conseguir mais me concentrar pra rezar nem um pouquinho têm me deixado chateada, culpada, um monte de coisa. Me sinto desprotegida quando isso acontece. Aliás, tá acontecendo há muito tempo. A Inglaterra, de alguma forma, suprimiu minha espiritualidade. E agora é hora de retomá-la.



A yoga, que seja, já ajudaria muito com a dificuldade pra dormir, o amontoado desorganizado de pensamentos, o excesso de sede e a dor no estômago. O duro é que ser dessa linha natureba custa caro. Um saco. Homeopatia é mais caro que alopatia; comida pronta mais barata que alimentos frescos (de orgânicos eu nem comento); yoga muuuuuitooo mais cara que academia de ginástica. Ir pra Índia dar uma renovada espiritual também fica difícil (embora bem mais fácil agora do que quando estava no Brasil). Mas eu hei de conseguir!


(...)



Passei, as usual, dias sem escrever, e hoje o astral tá diferente. Já consegui um trabalho numa companhia de seguros, odiei, passei a me acostumar, e agora que tava quaaase gostando, surgiram outras duas possibilidades. Duas, claro, porque comigo as coisas nunca acontecem da maneira mais simples. Sempre tenho que fazer justamente o que tenho mais dificuldade na vida: escolhas. Mas não reclamo, que também não sou tonta... melhor ficar confusa por ter opções, que desesperada por não ter nenhuma.



Mas enfim, fiz uma entrevista hoje, e tenho outra amanhã. Nenhuma, infelizmente, relacionada à comunicação, mas todas exigindo o inglês e o português, o que pelo menos não me faz pensar que seja tempo jogado fora. Tô a cada dia mais convencida de que a gente aprende com tudo nessa vida. Nada se desperdiça. Mesmo assim, que eu preciso de FOCO, definitivamente, é um fato. E repito: não vou desistir até que eu encontre meu caminho.



De qualquer forma, to muito feliz com essa sensação de estar falando outra língua. Em 30 dias meu espanhol melhorou tanto que até eu me surpreendo. Claro que ainda tem muito pra aprender, claro que eu dou foras cômicos e trágicos (especialmente no trabalho, onde tenho que hablar con españoles por teléfono all the time). Mas a senhora colombiana que mora comigo disse que há 20 dias mal podia me entender, e agora já não apelo (quase) nunca ao portunhol. Como boa hiperativa que sou, não vejo a hora de entrar em um curso... de francês. Sim, porque a meta é, no mínimo, conseguir manter uma conversação em inglês, espanhol, francês e italiano. E eu chego lá. I'm sure.



Quanto a estar em Madrid, quanto às impressões e aos comentários sobre esse povo que a gente tem mania de falar que é parecido com a gente (quando na verdade não é), eu tenho até um pedaço de papel com observações feitas em mesa de bar ou de dentro do metrô. A lista inclui a falta de educação da espanholada (sem generalizar, mas depois eu explico, que isso dá um post inteiro); a delícia que é salir de tapas (http://es.wikipedia.org/wiki/Tapa_(alimento); a beleza do Parque del Retiro (http://www.parquedelretiro.com/); o fato de ser mais barato pedir algo, seja bebida ou comida, dentro do bar do que na terraza; a minha triste surpresa ao descobrir que aqui ainda se pode fumar dentro de praticamente todos os lugares, incluindo restaurantes (nas portas dos estabelecimentos geralmente se vê uma placa ostentando orgulhosamente o aviso de que "aquí se puede fumar") ; y otras cositas más.



Mas, embora eu tenha passado esse mês me dedicando mais à procurar emprego do que qualquer outra coisa, Madrid está me conquistando, pouco a pouco. Há muito, muito pra ver e pra fazer. Agora que tenho trabalho, casa, abono mensal de metrô e geladeira cheia, a intenção é começar a explorar. E, pra isso, o primeiro passo é vencer os monstros pessoais. A preguiça, a acomodação, a TPM que insiste em aparecer uma semana por mês e devastar com tudo... e sair por aí!



Quero ser exploradora... que nem o Bruno, do livro "O Menino do Pijama Listrado" (http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Boy_in_the_Striped_Pyjamas).

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

All Star Generation


Às vezes tenho muita vontade de voltar a ser adolescente pra, pelo menos assim, poder justificar minhas atitudes intempestivas e estúpidas.


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sin embargo...


Sin embargo, em espanhol, significa "entretanto, contudo, no entanto, porém".

Me ocorreu de escrever mais, logo depois do meu post anterior, porque ao relê-lo, achei que eu fui meio injusta, não sei, meio arrogante com relação ao que eu disse sobre meu relacionamento. Tá bom, eu não tenho nada que ficar expondo coisas tão íntimas aqui, onde qualquer um pode ler, mas já que eu já faço isso mesmo sem a ajuda de um blog, dá igual, vou falar e pronto.

Me senti injusta porque passei um certo ar de "não estou nem aí", mas parei pra pensar no quanto eu sou ridícula de dizer isso, porque eu "tô aí", sim. O fato de eu ter aprendido (graças a Deus, finally!) a pensar em mim primeiro, a colocar o lado afetivo em outro plano que não seja primeiro na minha vida, não significa at all que eu goste menos, que não me importaria se acabasse, que não faz a menor diferença.

Eu to tentando ao máximo fazer as minhas coisas aqui em Madrid independentemente dele, porque tenho receio que ele se sinta usado; também não quero sobrecarregá-lo de coisas e responsabilidades sendo que ele também precisa colocar a vida nos trilhos, depois de viver fora quase um ano. Mas no final das contas nada seria tão fácil, "smooth" e agradável sem ele, sem sua ajuda, sua companhia. Sou eternamente grata, e não é só isso. Tô começando a crer de verdade que paixão em excesso é mais nociva do que parece. Me sinto melhor sem estar tão entregue, tão dependente.

Aliás, voltei, também, pra dizer isso: nunca me senti tão dona da minha vida. E essa sensação, acreditem, é melhor do que qualquer paixão. (E vejam bem quem está dizendo isso, quem diria!)

Resumão Informativo

(Cópia, quase na íntegra, da minha resposta - via msn - pra uma amiga, ao me pedir um resumão dos últimos acontecimentos e motivos que me trouxeram a Madrid.)

"Resumão.... bem, o Javi, namorado espanhol, tava cansado de Bournemouth, e resolveu voltar (ele é de Madrid). Na época, eu tava loucamente apaixonada, e também muitooo cansada da vida de 'Bauru' que eu estava levando e resolvi mudar pra cá também. Nunca pensamos na possiblidade de morar juntos. Ainda bem. Não tenho mesmo vontade. Ele mora com os pais.
Isso foi há um tempo atrás. Mas aí, de repente, meu irmão finalmente conseguiu dinheiro pra ir pra Inglaterra, comprou a passagem, e foi. E eu já com a passagem pra Madrid, aviso prévio nos meus empregos e tal. Aí me senti uma megera de filme infantil por abandonar meu irmãozinho lindo JUSTO quando ele ia chegar pertinho de mim.

Entrei em crise, não sabia mais o que queria, passei quase a odiar o Javi, inconscientemente.
Afinal, tive a dúvida de vir ou não vir até dois dias antes, praticamente. Mas vim, depois do meu irmão me dar força, apoio, dizer que me ama loucamente mas que no final ia ser bom pra ele ficar sem mim lá, pra ele se virar melhor. Meus pais também, afinal, me apioaram, já que eu já tinha investido dinheiro e muitoooooo stress com a tal mudança.

Fiquei um mês com meu irmão, confirmei que ele é meu anjinho da guarda, que quase morro de tanto rir quando estou do lado dele, e coloquei como meta de vida ainda viver com ele em algum ponto dessa trip. Mas me convenci de que seria bom mesmo pra ele ficar longe da irmã-mais-que-coruja. Aí vim, ainda em crise com o Javi.

E, por influência dos fiéis defensores de Barcelona, esperando uma Madrid cinzenta, com trânsito, e um clima insuportável. Mas cheguei aqui e tudo mudou. Amei a cidade à primeira vista, consegui um trabalho (temporário) para a primeira semana, o que já pagará mais da metade do meu aluguel; saquei meu número de seguridade social (um documento basicão pra se fazer qualquer coisa aqui) em 5 minutos, e no terceiro dia encontrei um quarto ótimo SIMPLESMENTE atrás do prédio do Javi. Posso ver a janela dele daqui.

E, ah! Voltei a ficar bem com ele... ainda me irrito com as mesmas coisas, mas estou muito mais tolerante e me sentindo "kind of" apaixonada de novo. Não aquela paixão típica de Julia, cega, louca, mas uma coisa mais madura, mais tranquila, mais pensando em mim e encarando o relacionamento como um detalhe a mais da minha vida. Não desprezando, mas não dando tanta importância.

E agora, enfim, procurando emprego loucamente, abrindo conta em banco, fazendo o resto dos documentos e números pra ser uma cidadã de verdade aqui.

UFA, acabei."

Tem muito, muito mais. Mas esse era, afinal, um resumo mesmo.

Hasta luego. :p

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Rabiscos

No meio da trip que me da ganas de escrever 24 horas por dia, comeco a deixar umas palavrinhas...

De dentro de um hotel gostosinho, mas bem no meio de um sub-mundo que eu nao imaginava existir na Alemanha, meu coracao parece querer sair correndo de dentro de mim e espalhar pra todo mundo o mundo de coisas que ele sente ao... ver o mundo.

Comecamos por Edimburgo. Ja amava, agora tive certeza. Perdoem-me pela repeticao, mas de fato os escoceses sao mais amigaveis que os ingleses. O scottish breakfast, apesar de beeeem parecido com o "english", tambem eh melhor. O vegetariano, pelo menos. Os precos nao sao diferentes da Inglaterra. O Castelo continua sendo a melhor atracao, mesmo pra ir pela segunda vez. Dica do mes (hehehe): usar o audio-guia! Tudo bem que depois de pagar 12 pounds pra entrar nao da mesmo a menor vontade de gastar mais dinheiro, mas vale muitissimo a pena. Se ja foi tudo tao encantador sem entender porra nenhuma, dessa vez tive que ser educamente convidada a me retirar, quando estava la ainda toda serelepe na hora de fechar, de tao maravilhoso que eh escutar todas aquelas historias e ver tudo de pertinho. Mais do que nunca, dessa vez eu estava numa onda meio morbida, ja que tudo o que mais me interessava eram as celas onde os prisioneiros ficavam confinados, os caminhos subterraneos com fama de mal-assombrados e as minusculas ruas onde depositavam os corpos dos mortos pela Peste Negra. Adoro!

(continuo assim que puder, ha tanto e tanto e tanto pra falar...)

Que merda, meu, nao consigo mais escrever mesmo.

Hoje já é dia 11 de outubro e eu nao só terminei a viagem, como voltei a Bournemouth, peguei minhas coisas e já cheguei em Madrid, de mala e cuia. Pra morar. É que nao tinha informado ninguem por aqui, mas os sinais de uma mudança já tavam rolando, nè?

Foi um parto pra decidir, mas daqueles partos complicados e com risco de vida. Meu Deus, eu definitivamente tenho que me curar dessa praga que é ser indecisa.

domingo, 16 de agosto de 2009

Deixe-me ir....

Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar

Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver...

Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar

Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...

Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir prá não chorar

Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...

domingo, 26 de julho de 2009

Navegar eh preciso

Nao. Me recuso a fazer um outro blog porque decidi voltar a escrever. Vamos retomar daqui mesmo.

Sinto vontade de falar sobre tudo, todo o tempo. O problema eh quando sento em frente ao computador. Sou terrivelmente dispersa, e minha inspiracao desaparece em meio ao vicio das redes sociais, e-mails (pra ler, ja que nao tenho escrito nada) e ate novela brasileira pelo youtube. Nao me atirem pedras, todo mundo tem seus podres, vai!

Nunca sei por onde comecar. Quero atualizar os que estao longe, contar da minha vida, dos babados, dos planos. Ao mesmo tempo, quero descrever as verdadeiras personagens que sao os clientes do bar em que eu trabalho. Ou meu chefe libanes e bipolar. Ou, de novo, do colorido quase artificial das flores do verao ingles. Ou da invasao espanhola (e adolescente) que se nota pelas ruas de Bournemouth.

Ok, vamos falar de tudo, why not?

Observacao: as vezes escrevo expressoes em ingles porque me da vontade. As vezes, porque esqueco como escrever certas palavras em portugues. Tenho uns "blackouts" e, agora que escuto (e tento hablar) espanhol mais de metade das 24 horas do meu dia, sinto que a situacao ta ficando delicada.... ja desco do onibus dizendo "gracias" ao motorista. Outro dia descobri que uma das pessoas com quem eu tenho que falar ao telefone, do trabalho, eh brasileira. Ahi me senti meio ridicula de mandar e-mails en ingles, e fui escrever em portugues. Desastre! Nao sabia muito bem como ser formal, como escrever um e-mail profissional, e tal. Acho que ela, por morar ha muitos anos aqui, tambem nao soou muito confortavel e, ao final, acabamos voltando à comunicacao em ingles. Depois disso, percebi mais do que nunca que eu tenho que alimentar meu blog, pelo menos. Eh claro que eu nao vou esquecer a minha lingua, e eh claro que se eu passar a cometer erros eh por pura falta de atencao, mas nao me restam duvidas de que praticar eh a melhor saida pra manter tudo nos conformes. :p

Comecando pelo resuminho meio boring: to feliz, mas meio neurotiquinha como sempre. Pra quem perdeu o correr do barco, estou aqui ha 1 ano e 4 meses. Pra mim, parece muito mais. Fiquei soh um mes vivendo e trabalhando de au-pair numa casa no meio do nada (da qual, acreditem, tenho otimas lembrancas e acredito que as levarei comigo pra sempre). Ahi fui convencida e resgatada pela Vanessa, minha amiga de infancia, a vir pra Bournemouth, onde ela vive ha uns bons anos. Estou aqui desde entao. Again, to feliz.

Quero mudar coisas, quero fazer coisas, sigo com alguns dos mesmos dilemas de um ano atras, e com muitos outros novos. Mas, ainda assim, tudo vai muito bem, obrigada. Morei com gente de um monte de lugar diferente, fiz amigos do mundo inteiro, me despedi da maioria deles, achei que ia aprender a lidar com as idas e vindas da vida, but I´m not sure about that yet.

Ja pensei que ia morrer de saudade, sosbrevivi. Fiquei meses sem sair de balada, depois entrei na fase mais festeira e alcoolica da minha vida. Passei meses sem me apaixonar, achei que tinha descoberto a receita da tranquilidade, e acabei falling in love por alguem completamente diferente de mim.

Ja enchi a boca pra falar que nao moraria com brasileiros, e divido apartamento com as minhas amigas de infancia. Comemos arroz, feijao preto e farofa yoki as vezes, e me encanta. Paguei academia por meses, fui umas 4 ou 5 vezes, desisti, e acabei ganhando uma bike de presente. Rosa choque e roxa. Tomei um tombo lindo logo na primeira semana, mas acho que ninguem viu.

Larguei meus velhinhos do asilo, mas lembro o nome de cada um. Quero escrever cartas pra alguns deles, mas claro que isso eh soh mais um dos itens da longa lista de coisas que eu desejo fazer e nao faco por pura preguica (e depois fico me culpando pro resto da vida por nao ter feito).

Penso na minha terapeuta sempre tambem, quero escrever tudo pra ela, das minhas historias reais e das minhas imaginarias, ahi fico achando que isso poderia dar um livro, mas - de novo - nao o faco. Ouco a trilha sonora de Amelie Poulain ate hoje, e sinto vontade de chorar, de viver, de ter asas e sair voando, de sair pelo mundo distribuindo amor, ou as vezes de chorar quietinha sentada na beira de um rio.

Sinto saudade da minha familia, e sinto medo de nao querer voltar a viver no Brasil. Amo meus pais mais e mais a cada dia que passa. Dou mais valor a eles e menos à mim e às minhas chatices de adolescente. Me arrependo de um monte de coisas. Ao mesmo tempo, nunca pensei tanto em mim. To aprendendo, a passo de tartaruga, a fazer minhas proprias escolhas e assumir as consequencias. Mas, ainda assim, ligo pra minha mae, meu pai, meu irmao e minha irma pra saber o que eles acham do meu namorado e dos meus planos de mudar de país.

Me deslumbro ate hoje com a beleza da praia de Bournemouth. Fiz bronzeamento artificial pela primeira vez na vida, fiquei toda feliz com a minha marquinha, li uma materia sobre o perigo de cancer de pele, e desisti pra sempre. Mas fui recompensada por Sao Pedro com duas semanas de sol e calor a la Brasil, e pude ate nadar no mar que no verao passado me congelava ate os ossos soh de colocar os pes na agua. Agora ja ta chovendo e ventando la fora, mas eu nem acho de todo mal. As vezes.



Danco Akon na balada, tenho pensamentos ridiculamente romanticos com Beyonce no radio, trabalho com Maria Rita no fone de ouvido por horas e canto alto quando estou sozinha no escritorio e tenho todos os cds do The Killers e Strokes no celular, os quais eu nao paro de escutar nem na hora do banho.

Tenho pelo menos tres amigas gravidas no Brasil e mais umas tres casando. Fico emocionada por elas, um pouco triste por nao poder compartilhar tudo de perto e, eventualmente, pensando que meus filhos serao os mais novos da turma quando eu colocar em pratica meu sonho dourado de reunir meus amigos sempre que possivel pela vida afora (e desse sonho eu nao vou desistir, podem escrever ahi pra voces verem!). Por favor, meninas, guardem os proximos filhotes pra mais tarde pra eles poderem brincar com os meus!

Ainda tenho problemas graves de auto-estima, mas me sinto mais confiante em alguns aspectos. Sigo trabalhando no restaurante turco, mas tambem em uma agencia de "students services", a gente traz estudantes da Libya e matricula eles nas escolas no UK, encontra host-families e tal. Sofri a maior crise de stress da minha curta historia na Inglaterra, porque meu chefe eh um louco e dotado de um talento altamente impressionante de fazer os outros ficarem nervosos, deprimidos, neuroticos e paranoicos - como ele. Pedi pra deixar o trabalho, mas ele acabou me convencendo de ficar meio periodo. Afinal, suporta-lo 4 horas por dia nao eh o mesmo que 8. Foi melhor assim, ate que to conseguindo lidar.

As vezes me pergunto o que eu to fazendo aqui, trabalhando, me divertindo, sendo feliz, tendo problemas comuns, reclamando que to gorda, tomando porre na balada, com saude, namorado e comida na mesa, enquanto o mundo ta ahi todo virado do avesso. Ahi quero fazer alguma coisa, mas nao sei quando, nem por onde comecar, me sinto um lixo, depois esqueco, depois volto a pensar, depois esqueco de novo.

Tambem planejo estudar de novo, mas nao sei se foco no ingles, ou se ja tento algo mais especifico, mas tipo o que, se eu nao sei - ate hoje - o que eu realmente quero? Ahi vou à universidade, pesquiso tudo, me animo, me sinto forte e decidida, ate que algo me distrai, ou chega a tpm, a ideia fantastica de viajar e aprender outra lingua, ou quem sabe um master na Espanha? Ahi toca procurar universidades de novo, e a praticar espanhol, e a envolver todo mundo nos meus sonhos que nao saem do papel. Ate o proximo plano aparecer, ou todos os outros desmoronarem por falta de cimento. Mas nao, nao desisti e nao vou aceitar esse comportamento de quem tem uma quedinha pelo fracasso. Eu nao tenho nenhuma, e com todos os altos e baixos, ainda tenho os sonhos, e ainda tenho a juventude, ainda tenho minhas pernas pra seguir caminhando, e meus olhos pra enxergar la na frente. Nao vou desistir nao. Pelo menos essa parte eh boa de ser taurina... minha teimosia as vezes me ajuda a seguir. E, no final de tudo, de uma coisa eu nao desisti, entre todos esses sonhos comecados e abandonados: o de sair do ninho e ver um pouquinho do mundo. A unica coisa eh que depois que tu realiza um desejo, se convence de que pode fazer isso de novo. E ca estou eu, sentindo fortemente que esse pouquinho de mundo que eu queria ver foi INCRIVEL, mas nao suficiente. E que, neste momento (Obrigada, Deus!), nada me impede de ver mais.

Lets wait for the next destination, then.







quarta-feira, 8 de abril de 2009

Y Aqui Estoy


Barcelona encanta. Antes de mais nada, encanta os olhos. Depois o encantamento entra na alma, e aí já é tarde demais: mais um apaixonado por essa cidade louca e linda que inspira e expira arte, cultura, piraçao, conhecimento.

Andar por Barcelona gera vontade de aprender. Dá vontade de engolir o mundo, de assimilar toda a informaçao, toda a tonelada de coisas interessantes que esse lugar criou, cria, abriga, oferece. Inspira a aprender todas as línguas que se ouve aqui. Falar ingles de repente se tornou tao e tao pouco! Quero falar espanhol, catalao, frances. Quero, quero, quero.

É lindo como eles valorizam a cultura da Catalunia. Absolutamente tudo, das placas aos menus dos restaurantes, é escrito em catalao. E em espanhol e, sim, em ingles. Tudinho. Isso quando nao completam com frances, italiano... Esse é só um pontinho no meio de todo o quadro colorido que é Barcelona, onde tudo é diversidade, e tudo se mistura.

E pra mergulhar nesse "mar de tudo", perdao pela pieguice, mas basta querer. O governo oferece cursos gratuitos de catalao. Pode soar como algo, de certa forma, inútil, mas especialmente pra se viver aqui, saber a língua abre muitas possibilidades. Muitas universidades, por exemplo, tem as aulas todas em catalao. Além disso, pessoalmente acho uma língua linda, que parece misturar o espanhol com frances, italiano, algumas semelhanças enormes com o portugues, enfim... O catalao atrai, nao assusta, e me soa bem gostoso aos ouvidos...

Barcelona também te dá a chance de se manter ocupado com coisas interessantes, seja como for. Além da ferveçao cultural, opçoes de museus, lugares históricos, exposiçoes de toda natureza rolando todos os dias e pra todos os gostos, há zilhoes de cursos a preços muitíssimo acessíveis. De culinária vegetariana à produçao de curta-metragens, passando por moda, dança e tudo mais, os cursos sao em horários-chave que te permitem trabalhar,e studar outras coisas ou o que quer que seja... de tudo o que eu tenho visto aqui, isso me parece, até agora, o que há de mais tentador. Só pore sse motivo eu já moraria aqui. Mas há muitos e muitos outros.

Barcelona pode parecer enorme, mas nao é difícil se familiarizar com os caminhos, meios de transporte e tudo mais. Nao vi, atá agora, o transito congestionado, nem onibus lotado. O metro funciona muito bem e, com excecao do trem velho e sujo que eu peguei ontem à noite, eles sao bem limpos e modernos. Mas o mais legal é que bicicleta, aqui, é transporte público. Em vários (mas vários mesmo) pontos da cidade há um lugar onde ficam estacionadas as "bicings" vermelhinhas e brancas, que funcionam com um cartao que voce, quando mora aqui, paga anualmente, se eu nao me engano. Vai lá, coloca seu código or something like that, usa e depois estaciona ela em qualquer um desses pontos. Todo mundo usa, é incrível. Funciona. Alternativa super ecológica, economica e prática, especialmente porque as ruas sao quase todas planas.

Mas, claro, nada é perfeito e já que eu estou aqui declarando minha nova paixao, nao posso esquecer de registrar que, de maneira geral, as pessoas sao muito grossas aqui. Óbvio que há exceçoes, mas a maioria dos que trabalham com o público, nos bares, restaurantes, lojas, sao bem antipáticas, pra nao dizer mal-educadas. Mas sim, pode ser que eu tenha dado azar. Assim como dei azar com a comida. Ao contrário do paraíso gastronomico que é Istambul, Barcelona só me decepcionou nesse quesito. Tá bom, nao fui a nenhum restaurante badalado, mas a minha análise é na rua mesmo, na comida barata...hihi. Em todo lugar aqui se vendem bocadillos, que sao, na verdade, sanduíches geralmente em baguetes, e quase sempre de jamón, o presunto deles. Deve ser bom, mas como pra mim nao dá, restam os bocadillos só de queijo, meio secos, sem graça. Agora que eu me acostumei com as milhares de opçoes vegetarianas que a Inglaterra oferece, tá sendo meio difícil aqui pra enontrar umas coisas gostosas e fáceis, assim, pra comer em qualquer lugar. Ah! Além de nao muito boa, a comida aqui é meio cara. Acho que na Inglatgerra se come por bem menos, seja em restaurante ou em casa.

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(continua....)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

E vou voando...

Odiei İstanbul num primeiro momento. Achei mais caotico que Sao Paulo, o transito deprimente, tudo feio. A chuva nao parava e tudo parecia sujo de lama.

Eles nao se importam muito em falar ingles. A maioria, allias, nao fala. Mas, embora eu nao consiga memorizar uma unica palavra em turco, a lingua me agrada, me soa de uma forma muito gostosa e me da uma vontade imensa de poder aprender. Me da vontade de viver aqui um tempo.

Ha gatos e gatos pelas ruas. Zilhoes. Gatos eu digo felinos, aqueles mesmo que (quem me conhece sabe) eu odeio e morro de medo. Agora nem tenho mais tanto, porque sou obrigada a conviver com eles aos montes, em todos os lugares. Mas por algum motiıvo os gatos turcos me parecem mais fofos, simpaticos.

A comiıda eh maravilhosa. Cada vez que estou comendo, seja uma super refeiçao, um cha, um doce ou uma coisinha qualquer, penso (de novo e seriamente) em mudar pra ca.

Cinco vezes ao dia voce escuta as oraçoes vindas das mesquitas que, claro, tem aos montes. A primeira vez que ouvi foı as cinco da manha e foi neste momento que caiu a minha ficha: "meu Deus, eh verdade, eu to na Turquia, eu to no Oriente e neste momento ha zilhoes de pessoas ajoelhadas com a testa no chao, fazendo suas preces e espalhando esse canto, misterioso e forte, por todos os pedaços desta cidade que eh um mundo inteiro". Nao da pra explicar, mas nao tem como nao sentir essa especie de emoçao, ou no miınımo de estranheza, ao ouvir esse som de repente, no meio da loucura do dia ou no silencio que antecede o nascer do sol.

İstanbul tem tudo, İstanbul tem vida. İstanbul nao para. Nao para nunca. Os bares, os restaurantes, as pessoas indo e vindo, o transiıto insano, os turistas, os vendedores (milhares, milhares), a musica. Nao teria como ser diferente. No lugar onde o Oriente encontra o Ocidente, nada poderia ser mais presente que os opostos. A paz e a ferveçao, o belo e o feio, a pobreza e a ostentaçao.

A musica me encanta, a lingua me encanta, os sabores me encantam, a vista me encanta.

Mas eles fumam demais. A ımpressao que se tem eh que a cidade inteira fuma. Se fuma dentro dos bares, e se fuma dentro dos restaurantes. E essa parte eh terrivel de aguentar. Mas se fuma, tambem, o melhor narguile do mundo. O de melao eh algo, assim, incrivel.

Mas a noite me chama, e a noite de İstanbul nao eh qualquer uma. Faltam dois dias pra acabar e meu coraçao ja sente saudade.

Seni sevyorum, meus amores!