terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Piração Julística Gestacional

Eu deveria começar um novo blog (o nonagésimo) já que não estou mais em viagem (só a viagem astral que é a própria vida), mas pela correria e a necessidade urgente de escrever, vai aqui mesmo.

Estou grávida de 5 meses, quase 6 já, esperando uma menina (a Lavinia) que eu tinha certeza que era menino (o Gael), mas que agora já parece parte de mim desde sempre, e essa sensação só deve ficar mais forte com o tempo... é surreal, emocional e afetivamente falando, mas também em todos os outros aspectos, todos... quando se consegue separar o lado amoroso da coisa, não é raro sentir aquela curiosa estranheza (mas põe estranheeeeza nisso) ao dar-se conta de que tem um pequeno ser se desenvolvendo dentro de você, uma mini-pessoa, um serzinho que vai crescendo, crescendo, e agora se mexe dentro da sua barriga o tempo todo. É quase uma sensação de "meu Deus, tem um alien aqui dentro". Ok, um alien que eu já amo de uma maneira que (perdão pelo clichê), COMPLETAMENTE IMPOSSÍVEL de descrever, um amor que vai crescendo a cada dia, começou como uma mínima sementinha e vai tomando conta de mim a cada dia. Mas que pode ser bem estranho, pode. Às vezes dá um tilti na cabeça.

É tudo meio esquisito. O primeiro momento - da descoberta - e toda a avalanche que vem depois. Se eu já era meio bipolar, agora, então, sou uma montanha-russa ambulante. Mesmo nesta fase, o segundo trimestre, quando teoricamente os sintomas (inclusive emocionais) tornam-se mais leves, a coisa continua "brava" pro meu lado. Não tanto fisicamente -aliás, não posso reclamar dessa parte -, mas a minha euforia e deprezinhas  entram e saem de cena quando querem, fazem a festa, deixam bagunça. E muitas vezes, minha família (e o Ivan, principalmente) é que "pagam a conta". 

Eu piro com tudo: piro com o parto que eu quero que seja humanizado e as pessoas acham que eu não vou aguentar; piro com o meu trabalho que eu não quero perder mas sinto que não rendo a mesma coisa; piro com a decisão iminente a ser tomada depois que ela nascer (leia-se continuar trabalhando e me mudar pra São Paulo e enfrentar sabe-se lá que tamanho de crise com o namorado que não quer morar aqui por nada ou continuar trabalhando mas morando em Atibaia e poder ver o namorado feliz e uma filha com bochechas rosadas que vive super bem numa cidade de interior mas que mal vê a mãe durante a semana ou, ainda, largar o trabalho e confiar no milagre divino de encontrar algo mais light que não exija tantas milhões de horas do meu dia e ainda me possibilite ganhar um salário digno); piro de vontade de voltar pra Europa e criá-la falando 3 idiomas e sabendo que o mundo é uma caixinha de sapatos que ela pode explorar livremente sem medo e sem fronteiras; piro que tô gorda; piro que não tenho tempo pra fazer ioga; piro que quero comprar um carro mas não sei se devo; piro que o namorado anda bebendo demais, fumando demais e que eu não sei ou não quero me relacionar; piro de medo de não saber impor limites a minha filha que nem nasceu; piro que eu deveria parar de pirar e apenas buscar a Deus, mas minha cabeça-liquidificador não me deixa parar. Piro, piro, piro...

Eu deveria voltar pra terapia...