sexta-feira, 28 de março de 2008

Para lembrar da minha felicidade... da minha vida linda... de como o amor de voces faz os perrengues valerem a pena! Os ultimos minutinhos no Brasil foram assim... e assim espero que sejam os primeiros da volta!


Pedacinho da vista do meu quarto... mas juro que tem dias coloridos, sol e ceu azul!



Ta bom, eu admito que eu tava um pouco desconfortavel por estar sendo bobardeada por bolas de neve, mas ainda era o primeiro dia...

Now, its just ME

No capitulo anterior, a anti-heroina dessa fantastica historia estava a ponto de se jogar pela janela.

Pois bem, as coisas nao mudam definitivamente de um dia para o outro, mas podem dar uma aliviada. E deram.

Hoje sahi de casa de novo, e isso faz toda a diferenca. Na verdade, antes que saisse de casa ja rolaram bafos suficientes para o post de hoje, mas eu ainda vou contar do meu pseudo-passeio (porque nao foi passeio coisa nenhuma), entao preparem-se.

Como a Dagmar tinha prova no college, ela teve que sair de casa muito cedo, tipo ex-tre-ma-men-te cedo. Por isso, claro que fui eu a responsavel por preparar o breakfast e o lunch do Thomas, aguentar o mau humor matinal, tirar o pijama, colocar o uniforme (leia-se: cueca, meias, calca social, cinto, camiseta, camisa engomada, gravata, sueter, casaco, bone e sapatos - devidamente engraxados), escovar os dentes, levar pra fazer xixi, pentear o cabelo, acompanhar ate a porta do carro e dar beijinho de tchau. No problems, afinal eu ja tinha feito metade dessas tarefas e visto a Dagmar repeti-las dia apos dia (lembrem-se: nesta casa, nenhuma - absolutamente nenhuma - virgula muda na rotina diaria).


Ok, levantei correndo as 6h30, fui tomar meu delicioso banho, vi pela janela que o mundo estava caindo de tanta chuva e vento, corri pra me trocar, e quando desco (com cedilha), o adoravel guri ja esta no sofa, chupando o dedo e olhando hipnoticamente para a TV.


Era cedo demais pra ele estar de peh. Mas ele nao estava de peh. Ele estava sentado no sofa, e sem calcas. Sim, soh com a camisa do pijama. Oh, God: que belo dia pra ele fazer xixi na cama. Beleza, nem assim ele toma banho mesmo, entao nao eh trabalho nenhum. Dei o beijinho sincero-mas-sem-resposta-porque-eh-de-manha (com~)-e-os-ingleses-tem-um-humor-ainda-pior-neste-periodo, as usual, e fui preparar o breakfast. Com todo, mas todo amor e carinho do mundo. Acreditem.


Chego toda sorridente com o copinho verde espacial com o suco sagrado de todo dia, e o pratinho colorido com os deliciosos e IDENTICOS sanduiches da Dagmar, e o que acontece?

"NAO VOU COMER ISSOOOOOO....". (Cara de manha e nojo ao mesmo tempo).

"Como nao vai, Thomas? Por que?".

"Voce nao sabe fazer, nao era esse que eu queriiiiiiiaaaaaa". (Cara de manha e nojo ao mesmo tempo).

"Como nao, Thomas, eu fiz e-xa-ta-men-te igual ao que a Dagmar faz pra voce, pelo menos experimenta, querido, esta gostoso, olha!".

"NAO VOU COMEEEEERRR ISSOOOOOO, E QUER SABER POR QUE??? NAO TEM UM CHEIRO BOM, NAO QUERO, VOCE NAO SABE FAZEEEEEEEEEEEER". (Cara de desprezo total pelo ser imbecilizado na frente dele - eu).

"Entao vamos comigo ateh a cozinha e voce me ensina a fazer, ok?".

"NAAAAAAOOOOO, EU NAO SEI FAZER NADA, VOCE TEM QUE PERGUNTAR PRO MEU PAAAAAAAIIII". (Gritando e choramingando ao mesmo tempo).

"Tah bom, Thomas, eu vou fazer outro, tah bom?". (Babando de odio e com o choro preso na garganta ja me imaginando vagando pelas ruas de Londres a procura de um emprego e um abrigo).


Fui ate a cozinha, fiz outro com mais carinho e amor, e cuidado, e dedicacao, praticamente cortei os triangulozinhos do pao a laser pra nao ficarem tortos, e levei pro anjinho.


"Pronto, querido, veja se agora esta bom". (Sorriso colgate).

"NAAAAAAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOOOOO, EU NAO VOU COMER ISSOOOOOOOOOO, NAO VOOOOOOOOOOOOOU, VOCE NAO SABE FAZEEEEEEEEEERRRRRRRRRRRRRRRRRRR!!!".


(Nao pude mais ver a expressao dele, porque a essa altura eu estava subindo a escada para chamar o responsavel por ter transformado o menino nessa bunda suja).


Quando eu coloco o peh no primeiro degrau da escada, aparece o Terry la em cima, soh de cueca e colocando o roupao (hummmm, so sexy!), cara de sono e vermelho de raiva, ja gritando algo do tipo: "THOMAS! STOP NOW! NAO SEJA HORRIVEL COM A JULIA! NAO SEJA HORRIVEL COM A JULIA! (leia-se DJULIA) QUAL EH O PROBLEMA? VOCE VAI COMER ISSO A-GO-RA!".



A continuacao eh um ingles mais mau humorado do que nunca pela manha, me perguntando exaustivamente o que, afinal, a Dagmar havia me ensinado de util (mas ele estava pirando nessa hora, porque depois da crise fomos descobrir que a mini-anta do guri queria - hoje, soh hoje, por um milagre - o pao TORRADO ao inves de frio, aberto em vez de fechado como sanduiche, e com queijo amarelo ao inves do polenguinho de todo dia. AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH, nao vou fazer mais comentarios).



Bom, depois de satisfeita com o banquete de sapos que eu havia engolido (com muita farinha), fui limpar a casa, cantando alegremente. (Essa parte nao eh brincadeira. Resolvi que eu vou fingir que essa casa eh minha, que eu a amo muito e quero ve-la limpinha e gostosa).



Fiz bastante coisa ateh umas 10h30, quando a Dagmar avisou que era um bom horario pra ir ao colegio em Folkestone pra resolver a matricula. Avisei o Terry, olhei o timetable do onibus, coloquei um casaco impermeavel (eu achava ser, ateh hoje), alguma coisa tipo chapeu-tipo gorro-or something pra cobrir a minha cabeca da chuva, peguei meus papeis da escola, e lah fui eu, andando rapidinho por esse caminho fofo da Chapeuzinho Vermelho Britanica, achando ate gostosa a chuva me fazendo doer o rosto por causa da forca do vento. Nao to sendo sarcastica, juro. Tava horrivel o frio, eu tava realmente me molhando, mas eu tava saindo de casa, eu tava indo fazer a minha matricula e tudo mais...



Cheguei na estrada onde passa o onibus uns 10 ou 15 minutos depois, jah sem conseguir sentir a parte do meu rosto que estava descoberta, e vi o onibus chegando. Eu ainda tinha que atravessar a estradinha para chegar ateh o ponto, mas ele vinha vindo. Como nao ia dar tempo mesmo, a nao ser que eu me jogasse na frente dele num ato suicida, soh fiz um gesto bem brasileiro, mais especificamente paulistano, de fazer sinal para o motorista parar, com aquela cara de "ESTOU IMPLORANDO!!!" porque, afinal, voce esta fora do ponto. Como um autentico motorista britanico, corretissimo, QUE-RI-DO, ele nao apenas nao parou, como quase me jogou longe da calcada, de tao rapido que passou por mim.



Devo ter murmurado uns tres "Oh, my God!", mas nem fiquei de mau humor. O bus stop tinha banquinho e telhado (aqui nem todos tem), entao fiquei esperando - os 40 minutos que faltavam para o proximo - toda contente, rezando pra chegar logo, mas tentando lembrar umas musicas em portugues pra eu cantar. Sei lah porque, mas me deu vontade, parecia que ia me fazer esquentar, ou me fazer feliz por uns minutinhos, nao sei. Acabei cantando um pouco de Lenine e de Maria Rita, baixinho. Depois olhei pro muro na minha frente e pensei que se tivesse alguem escutando poderia me achar louca e querer me atacar, ou algo do tipo. Ahi parei de cantar.



O onibus chegou uma eternidade depois, mas eu entrei feliz da vida porque estava saindo sozinha pela primeira vez, e tinha que logo de cara falar pro motorista que eu queria a passagem de ida e volta. Tao dificil: "RETURN, please". Foi emocionante!



Eu ja sabia que tinha que descer na propria Bus Station de Folkestone, entao foi facil. Chegando la fui perguntando pras pessoas pelo South Kent College, e todo mundo foi muitoooo fofo, duas meninas ate se ofereceram pra me acompanhar ate um ponto mais proximo, mas a verdade eh que eu demorei mais do que deveria porque nao entendia muito bem o que a pessoa falava, entao eu sorria, dizendo: "Thank you very, very much!", e seguia mais ou menos pra onde tinham me indicado com a mao.



Chegando no College eu tentei observar as pessoas, mas perdi a paciencia, tava com frio e, a essa altura, precisava me concentrar em falar e entender o ingles com a velhinha da recepcao. Sim, ate na recepcao tinha uma velhinha.



Enfim, resumindo bastante consegui me comunicar super bem, e ainda dei um jeito - BRASILEIRISSIMO - de pedir com carinho (hihi) pra mulher avaliar a possibilidade de bolsa pra mim, ja que eu sou metade europeia e ganho um salario tao baixo que da direito a bolsa integral. Na verdade eu teria que ter morado aqui nos ultimos 3 anos, entao acho que vai ser beeem dificil, mas soh o fato de eu ter conseguido fazer a mulher avaliar o meu caso separadamente, jah fez com que me sentisse mais com o meu JULIA-WAY-OF-LIFE, sabe?



Saindo de la me perdi de novo pra voltar a Bus Station, parei pra comer CHIPS (que aqui eh tipo a nossa batata frita normal, palito, mas sao muito mais grossas e essa, em especial, estava absolutamente nojenta, pingando de oleo, aiii, nao posso nem lembrar! Mas comi tudo...affff.), e fui andando...



Pedi informacao pra todo mundo que eu pude, e todos foram muito simpaticos e fofos, perguntando de onde eu era, e sempre respondendo com um sorrisao quando eu dizia BRASIL...



Como eu nao sabia o nome do ponto que eu tinha que descer pra vir pra casa, fiquei conversando com o funcionario da estacao e ele foi muito, mas muito atencioso, chamou o motorista e explicou onde eu ia descer, para que o cara me avisasse e talz...



Enfim, ainda sentei ao lado de uma velhinha francesa LIIIIIIIIIIIIIINDA no onibus e ficamos conversando numa lingua que a soh a gente entendia...hihi... ela odeia criancas, mas juro que nao eh rabugenta... pelo contrario... era a vovo dos meus sonhos: fofa, linda e bafonica! (Mas eu amo as minhas vovos de verdade, tah, soh pra registrar!).



Pra finalizar, peguei a maior chuva do mundo na volta, o vento quase levantou os meus quase 60 kilos (eu disse quase) e nao estou brincando. Quase me derrubou MESMO, MESMO. Eh violenta a coisa aqui, e acho que piora porque tem muitos campos, terrenos enormes e abertos.



Em casa o resto do dia nao foi tao ruim, a Dagmar foi embora, fiquei apavorada por alguns instantes, mas passou. O humor do Terry melhorou bastante (ele estava realmente irritado com ela), e eu comecei a arrumar meu quarto-geladeira. Alem disso, eh 01 da madrugada e eu estou planejando meus horarios para ir pra Londres amanha ver a Van. Mudamos nossos planos, mas vou sair de casa de qualquer jeito.



Ou seja: mais uma vez, a torcida desse lado ahi me ajudou a passar por mais um dia com esperanca de que outros melhores virao.



O vento esta fazendo um barulho horrivel na janela aqui do office, parece que tem um bicho gemendo la fora, eu sei que eh o vento, mas estou com medo e vou sair daqui.



Conto do meu final de semana no domingo a noite ou na segunda.



Obrigada por tudo. Sou feliz demais por sentir todo esse carinho, todo o apoio.



Beijos com muito, muito, muito amor!!!!

quinta-feira, 27 de março de 2008

DESABAFO

Quando voce pensa que as coisas estao melhorando... tudo vira uma grande, enorme merda!


Ta bom, desculpem ficar um dia todo sem escrever e de repente aparecer com esse palavreado nada educado... mas ou eu desabafo com voces, ou eu mando o meu "boss" a merda.

Ontem nao escrevi por dois motivos: o primeiro eh porque eu fui dormir as sete da noite, estava absolutamente acabada porque soh tinha dormido das 4 as 7 da manha. Passei all night long conversando com o Rique na internet e isso vale perder qualquer noite de sono.

O segundo motivo foi o meu estado de espirito. As coisas estao comecando a ficar bem dificeis, e se eu fosse falar tudo da maneira que eu estava sentindo, talvez alguem aparecesse aqui de surpresa ou mandasse a policia vir me buscar.


Antes de eu continuar, vamos levar em conta de que eu estou na auge da minha TPM, entao as coisas podem estar parecendo um pouquinho pior do que realmente sao. Mas nem tanto. Estou sozinha aqui e tenho absolutamente o dia todo pra pensar. Juro que estou sendo racional - coisa que nunca fui. Mesmo porque, se eu nao estivesse sendo racional eu jah teria sumido daqui.


Estou em crise, people. Definitivamente. Minhas emocoes aqui tem sido uma montanha russa. Exatamente isso. Perai, deixe-me ver como vou explicar melhor. Talvez o termo "montanha russa" nao seja muito bom porque remete a sentimentos fortes, especialmente os de excitacao, relacionados a adrenalina e tal.

Nao eh o caso. A montanha russa nao eh exatamente de emocoes, eh de pensamentos mesmo. Nao houve nada emocionante ate agora. Absolutamente nada que tenha feito meu coracaozinho pular de alegria, ou de surpresa, ou de deslumbramento, ou qualquer coisa do tipo. E olha que isso nao eh dificil de acontecer.

Normalmente, ate hoje na minha vida, quase tudo teve o poder de emocionar, de me "tocar" de alguma forma. Coisas simples ateh. Alias, coisas simples principalmente. Voces bem sabem disso. Mas aqui a gente acaba ficando como os ingleses, como o tempo, como a comida deles: sem sabor.


Mas voltando a montanha russa, me refiro as 379 vezes em que eu JA pensei em desistir. E nas outras 378 em que eu decidi lutar, continuar, ver qual eh que eh, qual eh que vai ser. Muitos dos meus amigos tem escrito coisas muito fodas, tem me dado forca, tem dito que eu sou corajosa. Mas a bem da verdade, gente, eh que eu nunca me senti tao, mas tao fraca. Nunca quis desistir de alguma coisa tao rapido.


De repente me parece a maior imbecilidade do mundo eu sair do meu pais querido, onde eu sou eu mesma, onde eu confio em mim e no meu trabalho, onde eu sou feliz (mas posso ser triste que eu sei que vai passar, e de uma forma gostosa e compensadora), onde eu posso sentir calor e dar calor, onde eu sei que eu posso ficar sem nada que ainda assim eu terei tudo, e vir pra ca. Ter que aceitar quando meu interlocutor perde a paciencia de ouvir meu ingles de crianca quando esta aprendendo a falar, quando um idiota que da batata smile com salsicha pro filho de 5 anos todos os dias diz que a comida no Brasil nao eh saudavel, quando meu nariz sangra de tanta rinite e eu tenho que continuar limpando essa casa de gente porca. Eu realmente nao sei o que eu estou fazendo aqui. Tah bom, eu sei que eu vim porque eu quis, e meu objetivo sempre foi o de aprender ingles, e se eu me mantiver forte, provavelmente eu conseguirei o que eu quero... mas nao sei ateh onde vale a pena!


Sao dez da noite aqui e o Terry entrou no office (onde tem o computador) e ficou minutos na minha orelha falando mal da Dagmar, e isso tem ocorrido desde que eu cheguei... nao aguento mais, especialmente as mudancas de humor dele... acho que montanha russa tem mais a ver com isso: quando ele esta bem, eu nao me sinto mal na casa, sinto que eu posso aguentar, que nao sera tao ruim... mas quando ele fica nervoso eu me sinto triste demais, com algum tipo de medo, com alguma coisa muito ruim aqui no meu peito... Nao eh medo dele, especificamente, nao quero que me entendam mal, mas eh um sentimento ruim, angustiante...


Eu tenho certeza de que essa experiencia vai servir pra me ensinar - na marra - a ficar um pouco mais independente dos outros, no sentido emocional da coisa. Eu sempre, sempre fui assim, de me deixar influenciar pelo astral dos que estao proximos de mim. Mas esse cara nao eh nada pra mim, eu nao tinha que deixar que a minha energia se baseasse na dele! Ocorre que eu estou morando na casa do cara, tenho que ouvi-lo falar (ou engolir seco quando ele DEIXA de falar, por falta de paciencia) todo o tempo, tenho que suportar as neuroses dele e fazer tudo o que ele pede... nao eh tao facil manter o humor intocavel numa "imersao" dessas.


Eu nao quero encher o saco de ninguem, e esse post vai ser o mais chato de todos, mas eu ainda tenho zilhoes de coisas pra reclamar. Desculpa, gente, qualquer coisa pula essa parte que eh melhor. Vamos fingir que eh soh uma sessao de terapia - e voces nao merecem isso. Mas o cara EH neurotico, nao ha duvidas.

Hoje passei uma hora vendo as fotos de quando ele estava no exercito. Isso mesmo, guerras e tudo mais. Eu ate perguntei se ele nao tinha nenhum traumas... acabamos rindo, mas sinceramente eu nao acredito que alguem que tenha participado de guerras seja totalmente normal.

Ele eh absolutamente desorganizado e bagunceiro, mas quando se trata do dinner (que ele prepara todos os dias - aquelas delicias - e nao me deixa chegar perto) e ele tem que dar alguma instrucao, eh um pesadelo: se voce nao desligar o forno no SEGUNDO que ele falou, saia de perto.

Tudo tem que ser feito exatamente como ele pediu, e tudo tem uma ordem identica todos os dias. Nada muda. Estou apavorada (quer dizer, agora jah estou com raiva, nao eh mais preocupacao), mas o Thomas nao come nenhum (eu disse NENHUM) legume ou verdura, nada! Ele come batata smile com salsicha ou macarrao com catchup TO-DOS OS DIAS, e o cafe-da-manha e o almoco tem que ser exatamente identicos. Always. E ainda sou obrigada a ouvir que eu NAO posso cozinhar porque nos, brasileiros, comemos unhealthy food. Ah, give me a break, meu filho!!! Na boa!!!


Tah, fora isso tem a poeira. Eh serio, to preocupada. Ou meu organismo resolve me ajudar e cria anticorpos pra isso aqui, ou eu nao sei o que sera de mim...hihi. A poeira aqui nao eh normal. Nao sei se nunca limparam direito ou se houve alguma reforma recentemente, mas rola uma poeira tao fina quanto farinha de trigo e meio cinza, tipo de construcao mesmo. E varios comodos tem teias nos cantos, e embaixo dos sofas e atras das coisas... Oh, God! Kilos de sujeira e pedacos de brinquedos...kilos, toneladas!


Aaaaaaahhhhhhhhhh! Eu nao poderia esquecer dessa parte: os brinquedos. Os brinquedos assassinos, eu poderia dizer. Ah, nao da. Nao da, nao da. A casa vai explodir de tanto brinquedo, e o pai ainda traz uma nova fucking caixa todos os dias. O guri tem um PLAY ROOM grande e lotado, mas ha brinquedos espalhados por toda a casa. Eu disse TODA a casa: cozinha, office, sala de jantar, sala de estar, sala de TV... sim, alem de 5 quartos ha todas essas salas! Cheias de poeira escondida (porque num primeiro momento voce nao a ve) e de brinquedos! Os melhores sao as surpresinhas do Kinder Ovo (so lovely!) e os milhares de LEGO. OOOooohhh, that is sooooooo nice!!!

Sera que nao ha MESMO criancas pobres aqui? Sera que o menino vai guardar os brinquedos de quando ele tinha 3 meses pra sempre??? Sim, acho que sim, porque o pai eh igualzinho, gente, ele tem pilhas e pilhas de papeis, cartas de propraganda e coisas do tipo, que ele NUNCA vai abrir, mas nao me deixa jogar fora.

Eu estou decidida: ou nao vou ter filhos ou existira uma regra na minha casa: soh serao permitidos brinquedos grandes o suficiente pra nao sumirem debaixo das mesas e dos sofas, ou que nao desmontem. Esses sao o meu novo sonho de consumo. De preferencia aqueles de madeira, dessas lojas educativas, saca? Ah! E os manuais de instrucao serao TERMINANTEMENTE proibidos.


Bom, what else... o Thomas eh chatinho e tem chule (muito, alias. Mas pra quem toma banho uma unica vez por semana ate que ta bom. Afff...), mas ele continua sendo a minha alegria, especialmente na hora da homework. A voz dele lendo devagarinho e com aquele sotaque inglesinho eh demais. Juro mesmo, agora nao to sendo sarcastica. Ele me irrita, mas eh fofo. Escovar os dentes continua sendo uma diversao. Agora eu o ensinei a escovar a lingua, e ele me perguntou: "why I have to do that?". E eu, como nao sabia dizer "germes e bacterias" em ingles, disse que era para tirar os animaizinhos que vivem na nossa boca. Agora ele AMA escovar a lingua, cuspir na pia e gritar: "GOODBYE, LITTLE ANIMALS!!!". Isso eh fofo, juro.


Ah, hoje eu notei que estou me acostumando com a casa. Com a temperatura, com a luz, com o cheiro. Acho que a noite eu paro de pirar na sujeira e me sinto melhor. Ja estou usando apenas uma calca e menos blusas, mas o tempo melhorou bastante tambem. Nao nevou mais e nem saiu fumacinha da boca. Como diz o meu amor, "it always getting better"...


Mas dando continuidade as tragedias..rs... eu nem ia falar, mas nao vai dar pra deixar pra la, justo nesse momento-vomito-virtual (urgh): eles tem uma adoravel cachorrinha. Sim, uma adoravel SENHORA cachorrinha, de uns 100 anos...rs... acho que ela toma bem menos, mas beeeeem menos banho que o Tom, e o cheirinho...nao da!!! nao da!!! Ela fica num quartinho aqui do lado do office, e as vezes fica insuportavel... a Dagmar ama cachorros, entao ela da comida pra Tara (eh o nome da gracinha), mas eu juro que entrar ali eh pior que entrar num banheiro quimico que esqueceram de recolher o "material", juro...

Ninguem me disse que eu ia ter que dar comida pra cachorro, mas poxa, coitada da veia! Ela eh meio abandonada, eu nao posso ser tao ruim... mas ha pelos dela pela casa inteira (nao sei como, mas tem), e eu soh consigo odia-la por isso... o que eu faco? O que eu faco???


Acho que no fundo o que esta me deixando pior eh o fato de eu ainda nao ter quarto (vou mudar soh na sexta, quando a Dagmar for embora), entao nem desfiz as malas... nao coloquei as fotos que eu trouxe dos meus amores em um lugar visivel... nao tenho um cantinho realmente meu... talvez quando isso acontecer eu tenha um territorio pra me refugiar das crises de mau humor inglesas.


Ta bom.... pra finalizar o muro de lamentacoes de hoje (que ta quase se quebrando ao meio, alias), peguei a data de quando comecam as aulas: 21 de abril. Que otimo presente de aniversario, sem duvidas, mas como eu vou suportar passar quase 1 mes aqui sem sair de casa... eu juro que nao sei.


Nossa, que horror. Desculpem. Eu nao queria fazer isso, ta?

Vamos terminar com uma luz no final do tunel: acho que no final de semana vou pra casa da Van, minha amiga linda querida, que mora numa cidade a 3 horas daqui. Ela vai fazer feijao pra mim e vai me deixar falar portugues. Ai ai. Vou chorar de felicidade!


Ah, happy end number two: fizemos uma sessao SENNA aqui hoje a noite. Sim, Ayrton Senna da Silva! Ai, que orgulho! Eu ja tinha comentado com voces que tem um quadro do Senna aqui? Pois eh, o cara eh apaixonado por ele. Fala mal da nossa comida e ensina o Thomas que aqui existem doencas mortais tipicas de lugares muito quentes, mas paga pau pro Senna. Enfim, nao importa a ignorancia dele, foi bom ouvir o Galvao e o Tan tan tan, tan tan tan... ai ai. Lindo demais!


Nao liguem pras reclamacoes, meu coracao continua completely full... OF LOVE!!!!

Beijos beijos beijos em todos, todos, todos! =)

terça-feira, 25 de março de 2008

As primeiras fotos


1) A vista do quarto do Thomas, eh a frente da casa.
2) O Thomas fazendo careta e eu inchada de dormir pos viagem (isso foi na primeira manha - Pascoa).




Canterbury, adolescentes emo, Vinho e talz

Amores meus, queridos, minhas vidas!


Hoje eu fiquei pensando o dia todo que o meu post seria depre, porque pela primeira vez senti um desanimo muito grande, quase uma vontade de desistir (meio cedo demais, pra falar a verdade). Mas sentar aqui no computador, mesmo com os pes congelando de frio (com 3 meias) e ler as palavras de voces... simplesmente faz tudo mudar de figura. Fiquei emocionada, fiquei me sentindo a pessoa mais abencoada desse mundo, porque eu soh tenho pessoas lindas perto de mim. Muito, muito lindas. Obrigada pelo apoio, people! Meu coracao congeladinho pula de alegria quando penso em voces!


Voltando `a trip... hoje foi o primeiro dia que eu acordei cedo, vi como tenho que preparar o breakfast e o lunch pro Thomas (identicos: pao de forma com manteiga, as vezes umas fatias de queijo, um suco e mais nada. Nao sei como ele pode ter uma carinha tao saudavel e fofa), comi o meu (tambem identico, mas ao inves do suco eh o delicioso cha com leite - aaaaiii), e fui pegar um onibus pra Canterbury com a Dagmar.

Normalmente ela deveria ir pra escola neste horario, mas hoje ela precisava passar no medico pra conseguir receita pra pegar pilulas anticoncepcionais. Pelo que eu entendi, o medico eh gratuito e as pilulas tambem, mas voce tem que passar necessariamenmte pela consulta e pagar pela receita. Nao muito, mas eh meio burocratico o lance. Mas enfim... saimos a peh aqui de casa, andamos por essa estradinha tao singela ao lado dos campos (sem flores no momento) por uns 10 minutos, ateh chegarmos ao BUS STOP. Athe o tal BUS chegar, eu simplesmente congelei. Estava um sol lindo, ceu muito azul, mas eu RE-AL-MEN-TE achei que a minha mao ia ficar com queimaduras de terceiro grau com aquele vento que mais parecia uma tempestade de mini-giletes. Beleza, o bus chegou. Chique de doer. hihi. Dois andares (mas nao aquele tipico londrino, lembrem-se que nao estou em Londres. Definitivamente.), com bancos como se fossem os nossos melhores onibus de viagem (saca?), com uma catraca muito mais fodona que a nossa do bilhete unico. Eh meio chato saber que tipo de ticket voce vai comprar, porque tem varias opcoes. Mas como eu sou muiiiiitooo preguicosa pra essa coisa de decidir qual eh o mehor custo-beneficio e tal, comprei o de ida e volta e pronto. Nem vou ficar falando dos precos porque se eu tentar converter pra REAIS eu vou ficar ainda mais triste do que eu me senti hoje... entao soh imaginem que pra tudo voce gasta uma quantia suficiente pra ficar meio preocupado.


O caminho da minha casa ateh Canterbury (uma das cidades mais proximas da minha casa, mas nao onde eu vou estudar) eh lindo, lindo, lindo. Como todos aqui (nao que eu tenho andado muito, alias mal sai' de casa. Mas deu pra ver qual eh que eh da paisagem, das estradinhas e tal.)


Chegamos em mais ou menos 15 minutos, e fomos procurar o Medical Centre. Andamos horrores ateh percebermos que haviamos descido no ponto errado, quase morremos congeladas, mas beleza. O sol estava esquentando um pouco mais, entao eu estava de bom humor.


A cidade eh fofa, tipo com casinhas que parecem feitas de doce... Mas a verdade, a cruel realidade eh que quanto mais bonitinho eu achava, mais aquilo me apertava o peito, porque eu nao estava exatamente "animada", nem achando as coisas maravilhosamente diferentes. Dah pra entender? Serah que eu to com um tipo de "depressao pos-parto"? Hahahauhau.


Bom, chegamos no tal Medical Centre e na verdade foi mais uma novela pra descobrir onde era realmente, mas isso nao eh tao interessante assim, entao eu vou pular essa parte. O lugar que entramos era tipo uma clinica especializada em gravidez ou a prevencao dela, entao tinham varias meninas com cara de novinha passando com carrinhos de bebes. Os bebes eram lindos, todos, mas as meninas nao. A maioria com roupas moderninhas, maquiagem carregada, cabelo com chapinha mas cara de muito sujo e meio gordas. Todo mundo com uma cara meio antipatica, nao sei.

Ah! Alem de clinica pra bebes e gravidas or something like that, era tambem algum tipo de clinica de velhinhos. Esses eram fofos, mas muuuuuuito fofos mesmo. Tipo aquela velhinha do filme TOMATES VERDES FRITOS, manja? Entao, com aquela carinha. Mas no meio de tudo isso, e especialmente no meio do sono profundo que eu estava sentindo (inclusive dormi - e sonhei - na sala de espera, que vergonha. Tenho muito sono aqui, nao gosto de me sentir assim) eu soh conseguia pensar em:

1) Como alguem consegue ter filhos aqui? Como eles tem coragem de colocar aquele pacotinho num carrinho e sair na rua com ele com aquele vento indecente batendo naquele rostinho? (Confesso que tbm fiquei pensando que eles devem "dar uma" meio vestidos, porque nao dah pra aguentar o frio. Eu, por exemplo, tenho que me trocar no banheiro, logo depois do banho, pra aproveitar o quentinho. Do contrario, parece uma tortura. E sexo com tortura nao eh uma boa pedida, a nao ser que voce curta uma sessaozinha de sadomaso^, neh...)

2) Os velhinhos sao mesmo incriveis. Alias, as velhinhas em especial. Notei que a maioria delas usava uma saia (quente, tipo de flanela), mas NAO USAVAM MEIA! Como pode? Como pode? Estou quase, quase me convencendo que talvez os ingleses sejam ETs.


Tah bom, chega de reclamar do frio. Nao sei se vou conseguir evitar falar disso, mas vou tentar. Depois de dormir na sala de espera, muito provavelmente de boca aberta e com todo mundo olhando, saimos pra procurar um celular pra mim. Foi entao que pela primeira vez, sim, PRIMEIRA VEZ, eu vi pessoas jovens andando na rua. Como eu estou falando diretamente com amigos, nao preciso nem dizer que eu nao tenho o menor preconceito com nada e tal... mas eh que eu realmente estava um pouco entediada de soh ver idosos pela rua e crianca dentro de casa. E como a riqueza de detalhes aqui eh importante, atencao para a cena: milhares, milhares de adolescentes com estilos que variavam do emo ao moderninho, cabelos com mechas pintadas de rosa choque, franjas gigantes e esquisitas, mini saias (sim, com esse verao, nada mais natural) com all star, rostinhos com cara de 13 anos e muita, muita, muita maquiagem. Todos pra lah e pra cah, entrando e saindo das lojas mas, principalmente, se amontoando loucamente no Mac Donalds. Como a gente deu uma olhada nas lojas, jah tava na hora do almoco (o nosso, brasileiro, diga-se de passagem), a gente resolveu comer lah tambem. Siiiim, minha terceira refeicao no Mac Donalds em muito menos que uma semana aqui. E garanto: tava muuuuuito mais gostoso que qualquer coisa que eu tenha comido dentro de casa.


Bom, o capitulo Mac Donalds merecia ser ignorado, mas nao posso deixar de registrar que eu comecei a ter uma crise de decepcao no meio do meu lanche, olhando a minha volta. Nao conseguia acreditar que eu estava na Europa, onde eu sempre imaginei ver pessoas interessantes (mesmo que apenas visualmente) saindo ateh dos bueiros das ruas, e lah estava eu num Mac Donalds de uma cidade onde ateh entao eu soh tinha visto velhinhos e gravidas, e agora estava rodeada de adolescentes emos i-guai-zi-nhos aos que lotam os Mac Donalds de Sao Paulo e, principalmente, com cara de americanozinhos. Todos falando freneticamente nos seus celulares bafonicos, as gurias se maquiando em cima do lanche e fofocando, fazendo caras e bocas, olhando pra mim e pra Dagmar e dando risadinhas.... nao, soh podia ser um pesadelo, eu estou na minha super mega viagem pra Inglaterra no auge da minha independencia ou havia sido teletransportada para uma excursao de 5a serie em alguma cidade retrograda dos Estados Unidos da America???


Wathever, eu tive vontade de chorar, mas nao ha nada a ser feito por enquanto, eu a-ca-bei de chegar, tenho que ser paciente e continuar observando...


E antes que alguem me massacre (se bem que pode massacrar, gente, let's talk about!), quero deixar claro que nao eh que eu tenha colocado os europeus num pedestal e que eu ache que eles sejam maravilhosos, inteligentes, estilosos e super dotados. Nao eh isso... Mas criar uma ideia visual na sua cabeca antes de viajar eh natural, e a minha era completamente diferente do que eu vi. Tambem, eu tava no centro comercial de uma cidade pequena, eu entendo, mas a ultima coisa que eu tava a fim de fazer era entrar em lojas tipo a C&A (um pouco menos "populares", eu diria) e ficar olhando roupas... quem me conhece sabe que eu tenho arrepios de shopping, simplesmente nao suporto ficar passeando olhando vitrines, me dah depressao ver todas aquelas coisas que eu nao tenho dinheiro pra comprar e nem corpo pra usar, saca? Tah, tudo bem, isso eh um problema exclusivamente meu com a minha auto-estima desestruturada, mas a questao eh: quanto mais eu entrava nas lojas, mais eu ficava deprimida. Primeiro porque embora um pouco mais modernas, as lojas daqui tem a mesma disposicao e as mesmas roupas que as nossas. E EU NAO TO FAZENDO TURISMO, ainda mais pra ver roupas iguais as dos shoppings no Brasil! E, claro, eu andando entre as coisas parecendo um boneco, de tanto casaco, e vendo zilhoes de shorts curtesimos, blusinhas, vestidos e saias esvoacantes, alem de imitacoes de havaianas e sandalinhas das mais variadas. Alguem TEM que me dizer, por favor... ONDE ELAS USAM ISSO?????????


(Ta bom, ta bom, eu disse que ia tentar nao voltar ao tema "cold" - alias, essa eh a palavra que eu mais falo aqui. Alem de "freezing", eh claro).


Bom, o resultado do passeio foi uma ida catastrofica a uma loja de celular onde tinha um vendedor muito bonitinho, mas ordinario. Haha, brincadeira, coitado, nao eh isso. Mas o guri falava um ingles tao, mas taaao estranho que pra mim era russo ou algo do tipo. E mesmo eu explicando que nao estava entendendo nada, ele continou com o discurso decorado pra vender os celulares pre-pagos pra quem nao tem conta em um banco ingles. Resultado: sahi da loja sem celular, e ainda por cima me sentindo meio tosca por nao ter conseguido me comunicar.


Pegamos o onibus de volta e o saldo mais positivo foi a aproximacao com a Dagmar. Ela eh Tcheca, eu nao sabia nada sobre o povo de lah, mas acho que eles sao mais expressivos que os ingleses. Ela eh bem reservada, na verdade, mas demonstra sentimento, saca? Eh fofa, nos divertimos com o nosso "poor english". Ah, o melhor eh que as vezes ela desembesta a falar uma frase em "czech" e eu tambem, em portugues. Hoje mesmo, quando ela foi me acordar, bateu na porta e eu - totalmente sonolenta - respondi: "pode entrar, querida!".


O dia foi tranquilo depois disso, o Thomas me cansou um pouco a beleza porque ele REALMENTE nao sabe perder no video-game e eu nao to com muita paciencia pra aguentar ataques por causa disso. Eu falei: "entao nao me chama mais, eu nao entendo pq vc me chama pra jogar contigo se eu SEMPRE tenho que deixar vc ganhar. PORRA!". Tah, a parte do "porra" eh mentira. Mas entao, hoje definitivamente eu nao estava num bom dia... `a medida que a minha rinite piora, eu fico mais e mais neurotica com a limpeza da casa (que ta bem sujinha para os nossos padroes). Ahi eu vejo que a Dagmar nao limpa muito, porque afinal nao somos housekeepers, somos Au Pairs, e nao temos mesmo que limpar como empregadas, apenas manter as coisas arrumadas. Mas se eu nao fizer, quem vai fazer? E como eu vou suportar a minha alergia? So... I have no choice.


Ah, quanto `a louca (com cedilha, eh claro), soh pra resumir, eles tem uma bacia com agua e detergente dentro da pia. Ahi eles jogam toda a louca suja lah dentro, esfregam um pouco com uma esponja e... PRONTO! Direto pro escorredor! Nao, eu nao esqueci da parte de ENXAGUAR. Eles nao enxaguam. Eu tentei argumentar que nos iamos morrer por comer tanto sabao, mas eles me explicaram que esse detergente esepcifico que nos usamos pode ser "consumido". Huumm, so delicious!


Fora que aquela agua gordurenta com a sujeira de todas as loucas eh absolutamente no sense, na boa. A saida eh lavar escondido, quando nao tem nignuem olhando eu corro e enxaguo o que eu vou usar. Mas ha quem diga que a gente se acostuma. Urgh!


A novidade do dia eh que eu percebi que o Thomas nao escova os dentes, ou melhor, nao faz isso todos os dias. Ha milhares de escovas eletricas no banheiro, do Homem-Aranha e tudo mais, e mais zilhoes de pastas para criancas, coloridinhas e com gosto de chiclete, mas eu sinceramente nao sei pra que! Mas como ontem e hoje comemos chocolate after dinner, o pai dele "deixou" eu ir escovar os dentes do guri. Ele adorou, fazemos a maior bagunca, mas eu tenho que ir escovando os meus na frente dele pra ensinar... mas essa parte eh legal.
Pra finalizar, eu tava quase indo dormir sem escrever, mas ahi entrei aqui, vi os comments de voces, quase chorei, e resolvi nao abandona-los. =)


Mas nesse meio tempo a Dagmar me chamou pra tomar um vinho com ela e com o Terry, e acabamos conversando na sala durante umas duas horas, foi bem legal, eu nao falei muito porque fiquei com preguica de ficar empacando a conversa com o meu ingles monossilabico, mas entendi tudo, e o mais legal foi que conversamos sobre coisas mais interessantes, relacionamentos humanos, a imagem que os ingleses tem do Brasil, a imagem que nos temos deles, a relacao que eles tem com a riqueza, a ostentacao de dinheiro dos americanos, enfim... papos um pouco mais produtivos.


Entao eh isso, to cansada demais, e com o estomago roncando. O dinner foi as seis da tarde, as usual, e agora sao 02h30 da manha... dah pra imaginar, neh?


Ateh amanha, lindos do meu coracao.


Preciso que continuem aqui comigo! To meio aflita pq sexta-feira a Dagmar vai embora e ahi o trabalho vai comecar de verdade, alem da sensacao de estar sozinha... de todos que eu tenho tido contato, eh com ela que a comunicacao flui melhor, porque temos um ingles fraco e estamos no mesmo barco. Quer dizer, ela estah passando o barco pra mim. Ai ai.


Beijos com muito amor! Bye!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Inside the House

Voltando...


Cheguei na casa depois de pouco mais de uma hora de carro, saindo do aeroporto. Nao preciso nem dizer que a estrada eh maravilhosa...


No caminho fiquei bem a vontade conversando com o Terry e reagindo aos meus erros e "brancos" com o ingles dando risada...


Ele me explicou que a casa estava cheia, alem do Thomas e da Dagmar (a menina da Republica Theca que eh a au pair atual), estavam duas menininhas da Alemanha e a mae delas... Nao entendi direto quem eram na hora, mas depois descobri que a menininha mais nova, loirinha e terrivel, tambem eh filha do Terry. Elas vieram pra cah passar a Pascoa.


Chegando na casa foi estranho, ninguem foi me mostrar nada, nem os quartos, nem nada. Ninguem me ofereceu nada pra comer (depois de quase 24 horas viajando), mas ao mesmo tempo eu nao me senti mal tratada ou coisa parecida. Na real percebi que nos, brasileiros, eh que realmente sabemos o que eh tratar bem uma visita. Sim, eu sei que nao sou visita aqui, mas poxa, eu tava pisando pela primeira vez no lugar, saca? Tinha viajado horrores e estava num pais diferente, sinceramente acho que o minimo era me oferecer alguma coisa pra comer, sei la.


Mas nao ofereceram, eu nao pedi, mas tambem nao me senti mal. Fiquei numa das salas, onde a lareira estava acesa e a Dagmar estava assistindo TV. As meninas jah estavam dormindo, o Thomas foi logo em seguida e nos, os adultos, conversamos um pouco. Depois ficamos soh eu e a Dagmar, e ela jah foi me adiantando algumas coisas. Ela ficou aqui por 6 meses e estah saindo pra morar tipo numa republica e trabalhar numa loja. Veio como eu, pra aprender ingles. Ela tem a minha idade, inclusive. Eh fofa, mas diferente de nos, bem mais reservada e tudo mais. Mas a nossa conversa jah me adiantou muita coisa, perguntei bastante do dia de trabalho, perguntei da escola, do salario, de tudo. Mas confesso que fiquei muito, muito, mas muito desanimada quando vi o TOY ROOM. Mais ainda quando ela me disse que limpa o chao todas as vezes que o Tom vai brincar lah. Juro: eh humanamente impossivel limpar aquilo. Imaginem um espaco absolutamernte lotado, coberto por brinquedos minusculos, bonecos, legos, pecinhas de todos os tamanhos. Quis chorar, juro. Tambem achei a casa bem mais baguncada do que eu imaginava, mas isso tudo nao foi nada perto de uma coisa: o frio.


A minha irma jah morou na Finlandia por dois meses e havia dito pra eu nao me preocupar porque o aquecimento nas casas era tanto que era comum sentir calor... por isso trouxe havainas pra ficar em casa, e pijaminhas bem brasileiros. Quando fui conhecer meu futuro quarto - que ateh sexta ainda eh da Dagmar -, quase desmaiei. Juro, eh uma geladeira. Tah bom, eu sei que eu sou exagerada, mas dessa vez nao eh forca de expressao, eh a mais pura (e fria) verdade. Nao tem condicoes. A essa altura eu jah estava podre de sinusite, com o nariz pessimo e tal, mas quando a Dagmar me disse que o aquecimento eh muito caro e que, por isso, nao havia como melhorar a temperatura do quarto, a real eh que passou na minha cabeca ir embora. Serio mesmo.


Fui dormir apavorada e com 3 blusas de la, duas calcas e 3 meias. Nao to brincando. Mas dormi bem, embora tenha acordado sem respirar por causa do meu nariz... antes de vir eu tinha pavor desse momento de acordar e ter que sair sonolenta falando ingles. Mas tudo, absolutamente tudo eh mais facil quando se estah aqui. Eles sao ingleses, tchecos, alemaes, mas sao doces ateh. Nao to sentindo medo, nem tristeza, nada. To numa relax, numa tranquila, numa boa. Juro.


Ahi esse primeiro dia jah foi recheado de observacoes, surpresas e tudo mais. Primeiro: me acordaram pra ver as criancas procurarem os ovos de pascoa no jardim. Antes de chegar eu estava pensando se aqui eles comiam ovos de chocolate, e descobri que sim. Mas no Brasil a gente entope as criancas de ovos, aqui eles ganham varias coisas doces, nao soh ovos. Mas deu inveja: kinder ovo pra todo lado, coelhos de chocolate Milka (aiiii), cartelas gigantes de chicletes, balas e talz. Mas os ovos que eles pegam lah fora sao ovos pintados, sei lah de que material. Depois eh que entram na casa e trocam os ovinhos lah de fora por doces. Mais ou menos isso.
Fizemos isso na neve, e embora eu estivesse me sentindo meio deslocada e, principalmente, congelada, ateh que foi legal. Eu estou a cada minuto mais apaixonada pelo Thomas, ele faz umas caras que nao dah pra aguentar, fico querendo fazer fotos dele toda hora, mas ainda nao tenho camera. (Sim, to fazendo a primeira viagem internacional da minha vida e ainda nao tenho camera).


Bom, soh para lembra-los, ateh entao ninguem me ofereceu nada pra comer, ateh que de repente... VAMOS ALMOCAR!!! Uhuuu, ateh que enfim, eu estava quase desmaiando... E ahi cada um foi ateh a pia, fez duas torradas, passou margarina, tomou mais uma das 500 canecas de cha preto do dia, e pronto. Esse eh o almoco (e eh mesmo, porque ateh hoje foi identico). Ahi comi, me entupi de cha com leite pra nao ter um acesso de loucura de tanta fome, subi no meu quarto pra comer Amanditas que a minha irma me deu (gracas a Deus!!!) e ninguem gostou aqui (gracas a Deus tambem!). Ahi descobri, enfim, que a unica vez que eles comem COMIDA no dia eh no jantar, que eh as seis da tarde. O cardapio? Macarrao a bolonhesa para os adultos, e batatas smile com catchup e um tipo de linguica pro Thomas. Super saudavel. E pra mim, que nao como carne, um delicioso spaguetti! COm o que? Nada, ueh. Quem mandou nao comer carne? Hihi. Ainda tive a sorte de colocar manteiga e umas fatias de queijo em cima, ateh que ficou bom.


E pra quem vai dormir tarde como nos, comer pela ultima vez as seis da tarde eh torturante... e da-lhe as sagradas Amanditas!!!


Hoje o dinner foi macarrao de novo, mas com molho de atum, e como eu como peixe, pude participar do cardapio como todo mundo. Teve ateh salada de alface e tomate! A alface eh diferente da nossa, vem plastificada e sao 4 mini pezinhos, mas mini mesmo, tipo uma miniatura de peh de alface. Mas o gosto eh bom ateh!


O frio continua, hoje nevou e fez sol, tava lindo demais. Ainda nao sahi de casa, apenas nos vilarejos proximos, pra levar o Thomas numa festinha de aniversario (as criancas vao fantasiadas a maior parte das festinhas, eh uma coisa fofa).


Hoje foi especial porque as meninas foram embora e eu fiquei mais tempo com o Thomas, dei as havaianas e a camisa da selecao brasileira pra ele e o guri pirou, amou, foi muito legal. Me fez contar historia e cantar pra ele dormir... mas como eu nao sabia cantar musiquinhas em ingles, cantei BOI DA CARA PRETA, ALECRIM e etc... ele adorou, mas ficou mais agitado ainda e pediu pra eu contar outra historia... e pediu que fosse uma historia com o YOSHI...(sim, o Yoshi, aquele dinossaurinho do Mario, manja?). Ahi contei uma historia doida e consegui faze-lo dormir contando 100 YOSHIS pulando... deu certo!!! E ah, ele pediu pra dormir com as havaianas nos pes. Quase chorei.


Agora eh quase meia noite e eu estou cansada, vou nanar e sei que ainda estou devendo contar das estranhezas, de como eles lavam louca (muito, muito nojento), do fato de o Tom tomar banho apenas uma vez por semana (sim, eh VERDADE verdadeira!!!), de nao ter lixo no banheiro e tudo mais.


Ah! Amanha vou me aventurar na cidade pela primeira vez... porque, aos que nao sabem, estou absolutamente mergulhada num amontoado de fazendas, vilarejos, campos com ovelhas e tal. Sem exagero. Amanha sera o primeiro dia que eu verei a civilizacao, depois do aeroporto. Torcam pra nao fazer tanto frio.


Bjos mil, mil, mil!

Pisando na Inglaterra

Jah comeco a escrever emocionada.


Recebi palavras tao doces e tao fortes de ontem pra hoje, que voces nao podem imaginar. Queria dividir tudo com voces.


Ao mesmo tempo, este eh o momento de eu ficar um pouco sozinha. Somente eu comigo mesma.


Entao sobre a forca que voces tem me dado, vou apenas guarda-la aqui dentro, e aproveita-la da melhor forma. Apesar de voces terem me feito sentir algum tipo de angustia aqui dentro do peito (a maior desde quando cheguei), me sinto agora mais encorajada a sair de casa, "meter a cara", explorar as possibilidades.


Na verdade nao estou sentindo medo. Nenhum - ao contrario do que eu pensava.
Mas a situacao aqui na casa ainda nao esta no ritmo normal e, por isso, simplesmente nao sahi de casa nenhuma vez ainda, acreditem.


Hoje o dia amanheceu com sol. Aqui no escritorio da casa a janela eh bem grande e eu estou escrevendo pra voces olhando o ceu azul cheio de nuvens brancas, as arvores secas do inverno, o gramado com tulipas amarelas, o escorregador e o balanco do Thomas, e um enorme campo de coisa alguma bem a minha frente.
(pausa para observacao: me sinto uma adolescente emo viciada em internet escrevendo desse jeito... "eh, soh"...urgh. tem algum jeito de eu colocar acentuacao aqui??).


Bom, voltando aos primeiros relatos... o voo do Brasil pra Madrid foi otimo, nao tinha ninguem do meu lado e eu dormi usando dois bancos, assisti "JUNO" (o indicado ao oscar desse ano que conta a historia de uma menina gravida aos 16 anos), ouvi bastante bossa nova, mpb e musica classica (e comecei a sentir saudade do brasil antes de sair do territorio nacional), descobri que tanto a TAM como a BRITISH AIRWAYS tem opcoes para passageiros vegetarianos, dormi mais, e pronto: la estava eu em solo europeu, achando tudo estranhamente normal.


A primeira surpresa foi a MARAVILHA que eh ter um passaporte europeu. A pessoa responsavel pelo controle dos passaportes SORRI pra voce, e a sua entrada nao leva mais que 4 segundos. Fiquei pensando: "qual serah o proximo passo?". Nao, nao tinha proximo passo. Lah estava eu na Europa, livre para ir e vir, sem ter respondido pergunta alguma sobre lugar pra ficar, dinheiro, ou qualquer coisa do tipo.


Eu tinha mais de 8 horas ateh meu proximo voo, mas preferi ir logo ateh a British fazer meu check-in pra me livrar disso e poder dar uma passeada. Tive que pegar um onibus do terminal 1, onde eu estava, ateh o terminal 4, onde fica o guiche. O dia estava lindo, ceu muito azul e um frio de uns 12 graus - suficientes pra eu jah achar demais pro meu gosto.


Fiquei me esforcando pra entender o que os espanhois falavam, mas sem sucesso. Lembrei do conselho da Marininha e pedi as informacoes em portugues claro e quase retardado, de tao devagar. Eles, ao contrario, parecem bonecos ligados no 220, voce nao consegue entender nada.


De qualquer forma, consegui chegar no check-in. Como era da British, o atendente falava ingles comigo, e eu tive que pedir pra ele falar mais devagar, mas entendi tudo: ele estava pedindo o ticket da minha bagagem. E eu disse que nao tinha nada, apenas os papeis que eu havia dado pra ele. Claro que eu jah gelei nessa hora, mas resolvi manter a calma porque comecar a chorar logo nos primeiros minutos ia entregar a minha inexperiencia... Insisti que a TAM nao havia me dado ticket nenhum, e ele me pediu para voltar ao Terminal 1 (sim, pegar outro onibus e voltar tudo) e solicitar os numeros de controle das minhas bagagens. Como o tempo estava mais que suficiente, lah fui eu completamente tranquila.

A menina da TAM foi uma fofa, todos sorriem quando voce comeca a falar portugues. Consegui os numeros das minhas bagagens. Toca pegar o onibus mais uma vez e voltar ao Terminal 4. Fui ateh o ingles da British de novo toda sorridente, como quem diz: "eles realmente nao haviam me dado nada, mas eu sou otima e jah consegui, aqui estah!". Ele continuou com aquela cara de coisa nenhuma, fez meu check-in, e pronto.


OBSERVACAO URGENTE: ha cinco minutos estava sol e ceu azul, juro. Acabei de olhar pra frente agora e, adivinhem? Praticamente uma tempestade de neve instantanea! Fico hipnotizada pela janela, mas ao mesmo tempo parece algo tao normal...ops, nao, it isn't normal.. realmente comecou uma tempestade, I can't belive!


Bom, enfim, fiz tudo o que eu precisava e ainda era meio-dia. Meu voo pra Londres era seis da tarde, ou seja... tempo suficiente pra andar aquele aeroporto inteiro. Tah, nao eh tempo suficiente, o aeroporto parece mais uma cidade, mas enfim... Andei um pouco, comi uma batata no Mc Donalds (to com preguica de perder tempo falando do Mac Donalds, mas fiquei surpresa com a preocupacao deles em nos convencer de que os alimentos que eles nos oferecem sao ABSOLUTAMENTE saudaveis, os melhroes do mundo, que eles tem otimas opcoes para quem nao come carne, enfim... puro empenho em nos enganar. Mas comi a batata, e apesar de ser diferente da nossa, tava gostosa).


Depois procurei algum tipo de lan house, e nao tinha. Eles acham que todo mundo tem a obrigacao de ter um lap top, entao existem pontos de Wi-fi em varios lugares, mas nao os computadores. Ahi acabei vendo que ao lado dos telefones publicos haviam umas maquinas com internet. Voce paga 2 euros por meia hora e eh absolutamente horrivel pra digitar, mas eu queria avisar minha familia de que eu tinha chegado bem, e o cartao telefonico internacional mais barato era 20 euros. Entao tah, avisei todo mundo e fui procurar um banco pra dormir.


A essa altura o frio jah estava por volta dos 5 graus e eu congelando, mesmo dentro do aeroporto.
Dormi cerca de uma hora e acordei de frio. Fui at[e o banheiro, coloquei mil roupas embaixo da minha e estava morrendo de fome de novo. Andei, andei, andei e soh achava lanches frios, tipo baguetes com salmao e coisas assim. Mas eu estava com frio e queria algo quente, portanto... soh me restou voltar ao Mac Donalds. Urgh!


Demorei horas pra conseguir explicar que eu queria um Mc Fish, e a mulher demorou horas pra me explicar que havia o Mc Fish e o Filet de Pescada, dois lanches identicos, com excecao de uma fatia de queijo. Afff. Tah bom, comi meu Filet de Pescada, tentei ler a trip que eu tinha comprado em Sao Paulo, nao consegui me concentrar e resolvi entrar na sala de embarque, pra mudar de ambiente... ainda faltavam duas horas, mas eu estava extremamente entediada.


Fui passar minhas malas pelo "raio-x" e o cara responsavel disse: "posso ir pra Londres com vc"?? Ateh eu entender que aquilo tinha sido um xaveco dos mais furados, eu jah estava no andar de baixo...


E, pra ter absoluta certeza de que os espanhois tem mesmo sangue quente, o cara do controle de passaportes perguntou na cara dura se eu podia dar meu telefone ou e-mail pra ele... quando eu disse "nao", dando uma risada sem graca, o nego ainda insistiu: "mas vc tem namorado em londres ou no brasil"?? Ahi quando eu disse SIM, ele parou na hora, olha que gracinha. Ai ai ai. Mas tudo bem, acho que isso nao vai acontecer tao cedo de novo, afinal os ingleses tem fama de serem os mais lerdos do mundo nesse quesito.


Voltando a minha saga, pra eu chegar na sala de embarque tive que descer milhoes de escadas rolantes, tudo estranhamente vazio e enorme, pegar um metro e chegar ateh a tal sala de embarque, que na verdade era mais um novo aeroporto, de tao gigante. De repente parei de ouvir espanhol e me dei conta de que estava entre ingleses, e a mamata tinha acabado. Mesmo assim o cansaco estava tao grande que eu dormi de novo o tempo que faltava.


O voo pra Londres parecia mais um onibus meio vazio, um aviao pequeno e pouquissima gente. Sentei ao lado de uma menina beeem com cara de inglesa mesmo, que sorria pra mim toda hora, e eu morrendo de medo de ela falar comigo e eu nao conseguir responder.


Ahi de repente o aviao comecou a sacudir horrores com umas turbulencias, a guria ficou morrendo de medo e comecou a conversar comigo. Pronto, nao teve jeito. Comecou ali minha aventura no Velho Mundo. hehe.


O papo comecou porque a comissaria veio oferecer bebida e ela pediu vodka, me ofereceu e eu expliquei que estava indo conhecer a minha host family, por isso eu nao deveria beber nada alcoolico. Ela contou que mora em Londres e estava indo pra Costa Rica se meter no meio da floresta, mas teve um medo muito grande, um tipo de intuicao, e resolveu voltar. Conversando percebi que ela sai viajando pelo mundo (e tem a minha idade!) em busca de respostas que na verdade ela nao encontra em lugar nenhum... comentei que ela deveria ler SIDARTA, do Herman Hesse, e ela disse que ja leu, que se sente exatamente como ele. Muito louco eu ter tido essa conversa com ela e ter entendido tudo, ter conseguido interagir e tudo mais... Foi legal.


Ela ateh jah conhecia o Brasil, veio pra cah e conheceu Sao Paulo, Rio de Janeiro, Ilha Grande e o Pantanal. Disse que gostou, mas que algumas vezes sentiu medo da forma como os homens olhavam pra ela. Oh, God, que vergonha desses brazucas tarados!


Bom, gente, chegando no aeroporto ela ficou comigo o tempo todo, a minha mala foi simplesmente a primeira a passar na esteira e eu jah sahi procurando o Terry... e nada.


Ahi a Agata encontrou o namorado dela, um querido, e eles insistiram em ligar pro Terry pra saber se ele realmente iria me buscar. So comigo mesmo pra chegar num novo pais pela 1a vez na vida, e a pessoa nao estar lah pra me buscar.


Rolou que o Terry tinha visto na internet que o meu voo iria atrasar e saiu um pouco mais tarde, mas jah estava chegando e tal. Ahi a Agata me deu os telefones dela, me deram um suco de laranja e soh sairam de lah quando se certificaram 100% que eu ia ficar bem. Fiquei surpresa MESMO com tanta fofura.
Mas fiquei super bem, soh pensando no frio que estaria lah fora e tal...


De repente chega o Terry meio que correndo e segurando o Thomas pela mao... eu jah fui dar um beijinho no rosto dele e percebi que ele estranhou, fiquei com vergonha, mas disfarcei. Foi automatico, sabe? Hihi
Quase babei com o Thomas, ele eh infinitamente mais lindo do que eu achava pelas fotos, e fala tudo com tamanha perfeicao que eu fiquei boba olhando pra ele...


Ahi saimos correndo pra entrar no carro e eu fui entrando do lado direito, ou seja, do passageiro, neh... Quando de repente o Terry olha pra mim e diz: "pode deixar que eu dirijo". Kkkkkkkkk Que vergonha, eu estava sentando no banco do motorista! Estranhei DEMAIS sentar do lado esquerdo e nao ter um volante na minha frente...


...Gente, acho que escrevi demais, voces devem estar cansados, entao em outro post eu conto como foi a chegada na casa.


Soh preciso dizer que ainda estou com muita fome!!!!!!!!!!!!!!


Aaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh!


Beijos muitos, muitos, muitos!


Falem comigo, tah???

domingo, 23 de março de 2008

Queridos, cheguei!

Amores meus...

Cheguei, safe and alive!

Hoje ja eh domingo a noite (ai que saco, terei que escrever sem acentuacao, odeio isso) e eu tenho a lot of things to tell, but I'm still tired, entao nao vou escrever muita coisa aqui. Resolvi soh colocar os itens pra eu nao esquecer no proximo post...

- Voo Sampa - Espanha
- O dia no aeroporto de Barajas- Madrid
- O Mac Donalds todo preocupado com a saude do consumidor (ahan)
- O primeiro frio - Madrid
- O voo Madrid-Londres
- Agata
- Esqueceram de Mim
- O primeiro contato
- O frio, ah, o frio!
- Primeiras impressoes
- Thomas - the boy
- Terry - the father
- Dagmar - the currently au pair
- A casa
- O frio, ah, o frio!
- A primeira noite
- A NEVE!
- A pascoa
- O frio, ah, o frio!
- Os habitos estranhos: o banheiro, a cozinha, o banho! (nao me deixem esquecer dessa parte)

To com sono. Me sinto cansada ainda, mas no fundo acho que ja eh um tipo de banzo (pra quem nao sabe, um tipo de saudade-depressao que os escravos sentiam quando eram tirados da Africa para trabalharem no Brasil). Ainda bem que eu trouxe paroxetina pra mais 3 meses. Ha ha ha.

Sinto saudades ja... mas sinto uma tranquilidade estranha, algo como se a ficha nao tivesse caido de verdade, como se voces estivesses logo ali.

Mas estou bem, ta? Com fome, mas bem. Me lembrem de explicar essa parte tambem.

Com amor,

Juca