terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Saudade Antecipada

Tá, gente, eu não ando escrevendo muito, mas os motivos são óbvios, né... eu não caí “na estrada” ainda... e se escrever every day, certamente ficaria algo repetitivo e meio chato, porque o que tem sido mais forte na minha cabeça neste momento é ansiedade, nervosismo e uma certa tristeza por um motivo muito específico...


Sim, acreditem, estou com essa possibilidade tão incrível à minha frente e a tristezinha é maior – ainda- do que as boas expectativas. Eu tenho me esforçado bastante pra mudar o rumo desses sentimentos todos, e tenho conseguido até, mas a cada momento lindo que eu passo ao lado de quem eu amo me faz sentir mais apegada à minha terra, “aos meus”, enfim... E graças a Deus a minha vida tem sido recheada desses momentos lindos, dessas pessoas lindas... o que foi este final de semana ao lado do meu amor e do meu paizão? Como não sentir o coração apertado de saudade antecipada? Como não sentir medo dos desencontros, dos novos rumos impulsionados pela distância, das surpresas do destino? Tá bom, acho que devanear (e dar uma pirada) sobre tudo isso é mais do que natural, mas encontrar o “bálsamo” pra esses medos também não é uma tarefa árdua: tão simples quanto lembrar de cada gesto de amor, de cada vitória – mesmo depois de grandes tempestades-, das palavras ditas, dos olhares que dispensam palavras, de todos os grandes e pequenos momentos de alegria extasiante ou felicidade plena, dos objetivos mútuos e dos sonhos compartilhados, de toda essa força, de toda essa beleza, e de todo esse amor, que de alguma forma já existia antes mesmo de nos encontrarmos por aqui.




É dessa forma que o medo se dissipa, no meio da certeza gostosa e firme de que minha família, meu Rique e meus grandes amigos estarão sempre comigo, longe ou perto, e que não é de hoje, nem mesmo de ontem... e nada mais fica tão preocupante quando eu me dou conta da existência de tamanha força, energia, pureza. Puro amor!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Continuando a Saga...

Fiquei na dúvida entre começar a contar um pouco sobre o lugar que eu vou morar ou sobre como eu tomei a decisão de viajar. Mas por falta de inspiração e de tempo – agora só falta uma semana e meia de trabalho, ufa! - vou apenas registrar aqui o desabafo que eu fiz à Lisa ontem.

Com os planos da viagem se concretizando, eu passei a gastar boas horas dos meus dias lendo sites e blogs com informações e relatos de pessoas que também estão na Inglaterra, ou em qualquer outro lugar do mundo, mais ou menos neste esquema de “nunca-viajei-pra-fora-do-país-antes-e-estou-aqui-contando-tudo-o-que-tem-acontecido-comigo”. Sim, exatamente isso que eu estou fazendo agora, antes mesmo de fazer as malas.


É legal saber algumas coisas, especialmente aquelas dicas basiconas (mas super úteis quando você não sabe muito bem o que vai encontrar pela frente e fica com milhões de nóias sambando na sua cabeça), as dificuldades e os desafios pelos quais a brasileirada passa quando se vêem convivendo com outra cultura, outro clima, enfim... esses depoimentos todos, tão pessoais e únicos, mas tããão parecidos uns com os outros!


Há dias em que eu fico lendo essas coisas all day long, até o momento que:

  1. bate um pavor incontrolável a ponto de eu ligar no Submarino Viagens e saber qual o procedimento caso eu precise cancelar a passagem. Sim, medo de não achar nenhum inglês simpático e que tenha paciência de falar devagar comigo – ou repetir a mesma frase 300 vezes até eu entender; de não conseguir dirigir do lado direito; de passar muito, muito frio e querer chorar; de não conseguir achar legumes e verduras e ser obrigada a comer carne para não ficar com fome e coisas do tipo. Quando eu falo que eu tenho PARANÓIAS DELIRANTES, é por aí;

  2. o trabalho ou o excesso de sono me obrigam a pousar na realidade meus pensamentos serelepes e viajantes (que a uma certa altura já estão passeando calmamente por belas paisagens européias);

  3. eu me irrito definitivamente com o excesso de cultura alheia. HEIN? É isso mesmo, o tal desabafo era sobre isso, eu é que me estendi demais na contextualização. Explico logo abaixo:


Algumas dessas pessoas que escrevem suas aventuras mundo afora me irritam. Mas isso porque eu sou chata mesmo, mas como estou entre amigos aqui, não há problemas em admitir. Me incomoda o fato de alguém estar indo pela primeira vez na vida à Paris, por exemplo, e já saber e-xa-ta-men-te cada um dos zilhões de pontos culturalmente importantes que ela deve conhecer na cidade antes mesmo de descer do avião. Tipo assim: a pessoa nunca visitou outro país, não está exatamente a passeio ali (ou seja, suponhamos que ela vai ter todo o tempo que quiser para fazer turismo) e no terceiro dia no lugar já andou a cidade in-tei-ra e visitou os lugares mais incríveis de toda a Europa. Ai, mas que saco, meu! Eu nem sei os lugares bafônicos que eu tenho que conhecer em Londres, com exceção de um ou outro. Eu não vou correndo fazer isso antes de explorar a minha casa, analisar o comportamento da minha host family, andar cada quarteirão do meu bairro e vir correndo contar pra vocês se têm velhinhas andando pela rua com uma sacolinha de feira na mão ou adolescentes emo esquisitos em bandos, assistir o primeiro dia de aula e observar como as pessoas se comunicam, se vestem, se comportam. Vou vir primeiro contar meus micos na hora de falar my poor english e não as obras incríveis que eu fui correndo conferir no Museu X ou Y no meu segundo dia de Inglaterra. Mas enfim, o que eu senti na verdade foi mais uma invejinha do que outra coisa. Acho que eu me sinto meio caipirona às vezes, meio ignorante demais pro meu gosto, por estar indo pra um país de primeiríssimo mundo sem saber o que há de mais importante naquele lugar, histórica e culturalmente falando. Sei lá, no fundo acho que eu me sinto meio culpada por me interessar mais por comportamento humano e especialmente por emoções humanas do que por outras coisas. Não que eu não aprecie a arte, a cultura, a História. Muitíssimo pelo contrário. Mas tudo isso só passa a fazer sentido pra mim quando me tocam emocionalmente. Tenho certeza que eu vou sentir um arrepio na espinha ou uma vontade incontrolável de chorar quando estiver dentro daquelas imensas catedrais góticas ou dos castelos medievais, ou mesmo às margens do Sena, por exemplo. Mas isso não está na programação. Aliás, não há uma programação. Porque eu estou indo de encontro a algo totalmente novo pra mim. E eu não queria estar me sentindo mal por isso. Mas no fundo, até que eu estou.


(Fim do desabafo).

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Tomando Fôlego

A exatos 2 meses da minha partida rumo a uma aventura - com objetivos não tão aventureiros assim - pela Europa, começo aqui os registros de tudo o que envolve a empreitada.

Ainda não sei a quem escrever, e sequer decidi se vou “abrir ao público” estes escritos que, muitas vezes, podem deixar descobertas as minhas inseguranças, paranóias delirantes (típicas dessa taurina movida a emoção), crises de pânico, de ciúme, de fraqueza. Já sei de antemão que partindo dessa experiência específica, surgirão aqui relatos diversos que irão de praticidades e amenidades em geral (dicas úteis pra quem vai viajar, algo batido nesse universo virtual, mas que acaba sendo inevitável quando você decide escrever sobre tudo o que envolve o tal projeto) a desabafos emocionados ligados às crises da saudade, às novas descobertas, às paisagens estonteantes, aos desafios que a situação de estar sozinha pela primeira vez num outro país envolvem, enfim... uma miscelânea de informações e devaneios está por vir, e de certa forma estou feliz por isso. Independente do que eu vá encontrar pela frente, o novo estará quase sempre presente, e seja qual for meu estado de espírito, este é um combustível suficientemente capaz de gerar inspiração para eu preencher esse tão esperado “Diário de Bordo”. Que, aliás, está começando 60 dias antes de eu alçar o primeiro vôo.

A ansiedade já atingiu um grau tão intenso que o ato de escrever sobre ela talvez dê um certo alívio, pelo menos na dor de estômago ou na insônia. Há cerca de um mês todas as preocupações (referentes não apenas à viagem, mas a todas às mudanças e acontecimentos recentes da minha vida) desembocaram num surto de pânico or something que fez a minha terapeuta me encaminhar pra uma psiquiatra, a fim de avaliar a necessidade de entrar com uma medicação leve pra conter a crise. Fui à consulta, nem sabia direito como agir (afinal, psiquiatra quer ouvir você falar de sintomas físicos ou das pirações emocionais?), mas no fim o diagnóstico foi de um início de depressão (nada severo nem grave, mas que requer cuidados) e a recomendação foi a de tomar uma dose mínima de Paroxetina, que não é nenhum tarja preta, mas que basicamente serve pra refazer o processo de transmissão de serotonina entre os neurônios.... Mais ou menos assim: a carga de stress violenta pela qual eu estava passando fez com que essa transmissão da serotonina (que gera a nossa sensação de bem-estar) não funcionasse muito bem entre os neurônios... aí eu comecei a me sentir irremediavelmente triste, sem vontade de fazer nada, com uma agressividade quase incontrolável (se alguém me esbarrasse na rua ou viesse me dar bom dia no trabalho, a minha vontade era de responder com um murro muitíssimo bem dado exatamente no meio da cara da pessoa... cômico, se não fosse trágico), enfim... péssima. Comecei a tomar o remedinho e depois de 4 dias com uma dor de cabeça terrível, eis que tudo pareceu melhorar. Exatamente como a médica disse, as coisas tornaram-se mais claras, aquela tristeza profunda sumiu e deu lugar a algo como “normalidade”... nada de alegrias extasiantes, nada de serenidade que beira a apatia... apenas normalidade mesmo, ou seja: a tristeza até aparece de vez em quando, mas não parece mais que vai me matar, me sufocar ou me impedir de tomar decisões e coisas do tipo.

Depois de retomar o controle, então, não tinha mais como fugir: os preparativos para a viagem tinham que começar. Comecei a escrever no primeiro papel que aparecia o que quer que eu lembrasse com relação às providências a serem tomadas. A minha falta de organização já começou a mostrar suas conseqüências de ineficiência a partir daí: uma bagunça de anotações que só piorava a bagunça da minha própria cabeça. Mesmo assim, fui fazendo as coisas conforme eram possíveis: fechei contas no banco; comecei a fazer uma pasta-arquivo com todos os meus documentos que eu vou precisar pra viagem e os que eu vou ter que guardar aqui no Brasil; agendei médicos pra fazer um super check-up antes de ir; conversei com os meus chefes pra acertar a data que eu sairia da empresa (esse episódio merece uma atenção especial, depois eu conto como eu quase tive uma síncope nervosa de medo e como tudo rolou de forma surpreendentemente mais leve do que eu imaginei); comprei coisinhas de manicure pra aprender a fazer minha mão e meu pé sozinha, já que lá será tudo by myself; comecei a pensar (só pensar) na festinha de despedida dos meus amigos lindos; fui atrás de tirar o Cartão Cidadão pra poder sacar o Seguro-Desemprego e pagar as últimas continhas e ir embora totalmente livre de dívidas; comecei meus apelos por doações de roupas de frio e/ou qualquer acessório que seja útil pra mim lá fora e eu não tenho (e não tenho dinheiro pra comprar)...

Ai, tem mais um monte de coisa, mas começou a me dar desespero só de lembrar, então por hoje é o suficiente. Ainda tenho muito o que falar neste momento de “preparação”... porque no caso de eu publicar essas “viagens sobre a viagem”, tenho que pelo menos deixar as pessoas um pouco mais por dentro dos detalhes... preciso explicar pra onde exatamente eu estou indo, onde eu vou ficar, o que eu vou fazer, como eu tomei essa decisão e coisas do tipo.

Por último, preciso registrar aqui que de todas, todas as causas do meu medo da viagem, a maior delas é deixar aqui o meu amor, meu anjo, meu namorado lindo que eu amo de uma forma tão profunda e certa que parece que eu estou deixando uma parte – muito importante – de mim. Tenho muito o que falar sobre isso. Há zilhões de coisas passando na minha cabeça, a maioria ainda meio negativa, mas eu tomei a decisão de mudar isso com urgência. Onde já se viu, meu Deus, estou indo realizar um grande sonho e fazer algo que só vai me acrescentar, e parece mais que eu estou dando passos rumo ao matadouro. Chega, chega, chega. Agora o olhar é de expectativa, de borboletas no estômago (bem coloridas e alegres, e não mariposas cinzas), de muita CONFIANÇA EM DEUS e em mim. Tudo dará certo.