terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Tomando Fôlego

A exatos 2 meses da minha partida rumo a uma aventura - com objetivos não tão aventureiros assim - pela Europa, começo aqui os registros de tudo o que envolve a empreitada.

Ainda não sei a quem escrever, e sequer decidi se vou “abrir ao público” estes escritos que, muitas vezes, podem deixar descobertas as minhas inseguranças, paranóias delirantes (típicas dessa taurina movida a emoção), crises de pânico, de ciúme, de fraqueza. Já sei de antemão que partindo dessa experiência específica, surgirão aqui relatos diversos que irão de praticidades e amenidades em geral (dicas úteis pra quem vai viajar, algo batido nesse universo virtual, mas que acaba sendo inevitável quando você decide escrever sobre tudo o que envolve o tal projeto) a desabafos emocionados ligados às crises da saudade, às novas descobertas, às paisagens estonteantes, aos desafios que a situação de estar sozinha pela primeira vez num outro país envolvem, enfim... uma miscelânea de informações e devaneios está por vir, e de certa forma estou feliz por isso. Independente do que eu vá encontrar pela frente, o novo estará quase sempre presente, e seja qual for meu estado de espírito, este é um combustível suficientemente capaz de gerar inspiração para eu preencher esse tão esperado “Diário de Bordo”. Que, aliás, está começando 60 dias antes de eu alçar o primeiro vôo.

A ansiedade já atingiu um grau tão intenso que o ato de escrever sobre ela talvez dê um certo alívio, pelo menos na dor de estômago ou na insônia. Há cerca de um mês todas as preocupações (referentes não apenas à viagem, mas a todas às mudanças e acontecimentos recentes da minha vida) desembocaram num surto de pânico or something que fez a minha terapeuta me encaminhar pra uma psiquiatra, a fim de avaliar a necessidade de entrar com uma medicação leve pra conter a crise. Fui à consulta, nem sabia direito como agir (afinal, psiquiatra quer ouvir você falar de sintomas físicos ou das pirações emocionais?), mas no fim o diagnóstico foi de um início de depressão (nada severo nem grave, mas que requer cuidados) e a recomendação foi a de tomar uma dose mínima de Paroxetina, que não é nenhum tarja preta, mas que basicamente serve pra refazer o processo de transmissão de serotonina entre os neurônios.... Mais ou menos assim: a carga de stress violenta pela qual eu estava passando fez com que essa transmissão da serotonina (que gera a nossa sensação de bem-estar) não funcionasse muito bem entre os neurônios... aí eu comecei a me sentir irremediavelmente triste, sem vontade de fazer nada, com uma agressividade quase incontrolável (se alguém me esbarrasse na rua ou viesse me dar bom dia no trabalho, a minha vontade era de responder com um murro muitíssimo bem dado exatamente no meio da cara da pessoa... cômico, se não fosse trágico), enfim... péssima. Comecei a tomar o remedinho e depois de 4 dias com uma dor de cabeça terrível, eis que tudo pareceu melhorar. Exatamente como a médica disse, as coisas tornaram-se mais claras, aquela tristeza profunda sumiu e deu lugar a algo como “normalidade”... nada de alegrias extasiantes, nada de serenidade que beira a apatia... apenas normalidade mesmo, ou seja: a tristeza até aparece de vez em quando, mas não parece mais que vai me matar, me sufocar ou me impedir de tomar decisões e coisas do tipo.

Depois de retomar o controle, então, não tinha mais como fugir: os preparativos para a viagem tinham que começar. Comecei a escrever no primeiro papel que aparecia o que quer que eu lembrasse com relação às providências a serem tomadas. A minha falta de organização já começou a mostrar suas conseqüências de ineficiência a partir daí: uma bagunça de anotações que só piorava a bagunça da minha própria cabeça. Mesmo assim, fui fazendo as coisas conforme eram possíveis: fechei contas no banco; comecei a fazer uma pasta-arquivo com todos os meus documentos que eu vou precisar pra viagem e os que eu vou ter que guardar aqui no Brasil; agendei médicos pra fazer um super check-up antes de ir; conversei com os meus chefes pra acertar a data que eu sairia da empresa (esse episódio merece uma atenção especial, depois eu conto como eu quase tive uma síncope nervosa de medo e como tudo rolou de forma surpreendentemente mais leve do que eu imaginei); comprei coisinhas de manicure pra aprender a fazer minha mão e meu pé sozinha, já que lá será tudo by myself; comecei a pensar (só pensar) na festinha de despedida dos meus amigos lindos; fui atrás de tirar o Cartão Cidadão pra poder sacar o Seguro-Desemprego e pagar as últimas continhas e ir embora totalmente livre de dívidas; comecei meus apelos por doações de roupas de frio e/ou qualquer acessório que seja útil pra mim lá fora e eu não tenho (e não tenho dinheiro pra comprar)...

Ai, tem mais um monte de coisa, mas começou a me dar desespero só de lembrar, então por hoje é o suficiente. Ainda tenho muito o que falar neste momento de “preparação”... porque no caso de eu publicar essas “viagens sobre a viagem”, tenho que pelo menos deixar as pessoas um pouco mais por dentro dos detalhes... preciso explicar pra onde exatamente eu estou indo, onde eu vou ficar, o que eu vou fazer, como eu tomei essa decisão e coisas do tipo.

Por último, preciso registrar aqui que de todas, todas as causas do meu medo da viagem, a maior delas é deixar aqui o meu amor, meu anjo, meu namorado lindo que eu amo de uma forma tão profunda e certa que parece que eu estou deixando uma parte – muito importante – de mim. Tenho muito o que falar sobre isso. Há zilhões de coisas passando na minha cabeça, a maioria ainda meio negativa, mas eu tomei a decisão de mudar isso com urgência. Onde já se viu, meu Deus, estou indo realizar um grande sonho e fazer algo que só vai me acrescentar, e parece mais que eu estou dando passos rumo ao matadouro. Chega, chega, chega. Agora o olhar é de expectativa, de borboletas no estômago (bem coloridas e alegres, e não mariposas cinzas), de muita CONFIANÇA EM DEUS e em mim. Tudo dará certo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Minha linda, preciosa, amor da minha vida, minha irmã de ...melhor nem contar quantos anos...rsrs.
Vai com tudo, Ju, vai com ou sem medo, ansiedades e alegrias, tristeza e amor, porque todos estes sentimentos fazem parte da sua viagem ao desconhecido, mas não te impediram de seguir seu sonho!! Estaremos sempre aqui, seja através de emails, comentários publicados, telefonemas (quando der!), pensamentos, lembranças e planos para o futuro (de nos encontrarmos em breve)!
Quero acompanhar passo a passo, tudo, tudo!!

Te amo mais que morango com chocolate!!

Bjs, Momô

Anônimo disse...

Juuuuuuuuuuu, amei a idéia do Blog! Assim, vamos ficar por dentro de tudo..
Ai já tô com saudade! Beijão

Dani Veiga Luz disse...

Murro na cara?
Lembro do dia que vc quase quebrou sua garrafinha de plástico na boca quando o Adnan foi te dar tchau de tanta irritação que você tava.. hahahaha
Vou acompanhar seu blog sempre sempre
Bjos da sua pupila

Marina Arantes Trombin disse...

linda! depois comento melhor, na verdade so' quero falar que tenho sim umas cousitas de frio pra te dar!!
mas vamos coversar muito ainda, ne'? dia 14 de fevereiro chego na terrinha... ai ai ai... nao vejo a hora! a festinha de despedida vai ser depois desse dia, ne'? tomara!!
uma beijoca futura europeiaaa!!