segunda-feira, 23 de junho de 2008

Casa Velha, Bafao, Casa Nova

Tempo limitadissimo na internet. Vou tentar ser pratica.

Depois que eu me dei conta de que o grande lance de morar em outro pais eh justamente aprender a "furar" as ondas que aparecem, cada vez maiores e com intervalos mais curtos, tudo passou a ser mais facil de lidar.

A ultima foi a noticia completamente inesperada de que teriamos que sair da casa, todo mundo. Parece que houve um problema com o contrato ou algo do tipo, mas o fato eh que me avisaram com menos de uma semana de antecedencia. Claro que eu nao podia deixar de passar dois dias de desespero total, desanimo, preguica de ir atras de tudo (ainda mais sem internet, carro, tempo e dinheiro), mas depois - como nao havia mesmo outro jeito - respirei fundo e comecei o garimpo. Vi zilhoes de quartos, lugares bons e bizarros. No final das contas, exatamente na vespera de ser "despejada", fechei dois quartos pequenininhos numa casa de estudantes da universidade. Dois porque um eh pra Mayra, minha flor de salvacao que chega do Brasa na sexta, dia 27. Contrariando minha decisao de JAMAIS morar com brasileiros, nem pensei duas vezes pra decidir morar com ela, porque o que eu mais quero no mundo agora eh alguem que me conheca, alguem pra sentar no final do dia, tomar uma taca de vinho e conversar sobre tudo e sobre nada. Sera bom pra mim, e sera bom pra ela. Mal posso esperar pra chegar o final dessa semana. Simplesmente estou contando os minutos.


Babado Forte

Essa Inglaterra nos reserva cada coisa que soh rindo! Estava eu dormindo, plena segunda-feira (a passada, ou seja, na casa "velha" ainda), quando comeco a escutar voz de mulher... pensei "eh o arabe de novo com uma das mil namoradas"... um folgado, porque ele nao nos deixa receber amigos (meninos) em casa nem para o cha da tarde... Mas como ninguem mandou eu aceitar essa regra estupida antes de entrar na casa, nao posso reclamar. Mas de repente a voz parecia ser de mais de uma pessoa, e comecou a rolar uma batecao de porta e tudo mais, que resolvi olhar o que tava acontecendo.

Abro a porta do meu quarto e o que eu vejo? Uma guria de calcinha e sutia entrando no meu banheiro, me olhando com uma cara de "que foi? algum problema?" e outra, nos mesmos trajes, saindo do quarto da Lisa, a italiana. Depois de alguns segundos de total silencio pra tentar entender o que significava aquela cena, comecei a gritar pra todo mundo e pra ninguem "o que, afinal, era aquema merda rolando na 'minha' casa". O arabe fascista resolve, entao, abrir a porta do quarto dele, apenas com um toalha enrolada naquele corpo de barril, e dizer - cheio de sorrisos - que estava rolando uma "festinha". Ah, posso notar que tipo de festinha. Fiquei louca de raiva, nao por caretice, mas porque esse idiota nos proibe de receber amigos, eh cheio de regras imbecis, e se sente no direito de colocar 3 garotas de programa nuas pra andar pela casa em plena segunda-feira. Sim, 3. A essa altura uma terceira saiu do quarto, TOT-AL-MEN-TE sem roupa, parou na minha frente, perguntou se eu queria "participar", invadiu mais uma vez o quarto da Lisa, acendeu a luz na cara dela (que estava dormindo, como eu), desceu as escadas, andou livremente (alias, poe livre nisso, livre de tudo, inclusive de roupas) pela casa, sentou na nossa cozinha peladona e tudo mais. Eu e a Lisa nao conseguimos mais dormir, tivemos um acesso de riso e de odio, de indignacao, de tao bizarra que era a cena. Mais bizarro ainda foi entrar na cozinha e ver roupas e uma calcinha em condicoes impossiveis de se descrever aqui (pra nao fazer ninguem vomitar) bem em cima da mesa onde a gente costuma(va) comer. A essa altura uma das peladonas ja estava sentada`a mesa com a gente, fumando um cigarro, puxando papo, dizendo que era escocesa e tudo mais. Depois de rir bastante da situacao e de nao termos realmente o que fazer, resolvemos voltar para o nosso sono inocente. (Eh claro que, a essa altura, ja tinhamos planejado a nossa doce vinganca: fazer uma big festa de despedida e chamar quem a gente bem entendesse).

Ocorre que, antes de ir pro quarto, resolvo passar no banheiro e, enquanto tentava me concentrar e equilibrar pra nao encostar em nada - naquela posicao ingrata que nos, mulheres, temos que nos submeter pra fazer xixi na balada e em banheiros publicos em geral -, olho pro lixo e vejo um barbeador eletrico la dentro. Achei estranho e fui olhar mais de perto, ate perceber que, alem disso, tinha uma carteira e varios documentos jogados. Pronto, os burros dos caras, ainda por cima, foram roubados pelas meninas. Sahi correndo pra avisa-los e, em um minuto, o barraco estava armado. Nao sei como elas conseguiram ser tao rapidas, mas quando vi tinha uma deitada na minha cama, mexendo nas minhas coisas, perguntando com cara de sede quem era o cara da foto (o meu amor, no caso... quer morrer essa idiota, neh?), a outra fugindo pela porta dos fundos, a outra parada na minha frente com uma cara de sonsa dizendo "nao acredito que voce roubou os meninos, que feio! Voce ta com ciume da gente, eh isso?". Aaaafffff. Posso? Posso com isso?

No fim das contas elas conseguiram a facanha de colocar ate o laptop de um deles dentro do meu quarto, nao sei como. Levaram dinheiro, cartoes e celular (soh deles, pelo menos), porque os caras sao tao primarios que sequer deram uma revistada nas bitches antes de elas sairem pela porta. Acabamos a noite rindo horrores, mas eu e a Lisa deixamos bem claro que nao havia mais porra de regra nenhuma, e que eles iam ver o que era festa de verdade. Pena que tudo isso aconteceu na ultima semana porque, do contrario, as coisas iriam mudar naquela casa.


A Primeira - e ultima - Festa

Eu acabei nao organizando coisa nenhuma porque meus amigos todos trabalham a noite e nao poderiam ir, entao deixei soh pra curtir a despedida que a Lisa organizou (ela volta pra Italia hoje). A ideia era ser um jantarzinho e depois um esquenta pra irmos pra balada. Mas o que rolou foi uma bagunca das boas.

No comando da cozinha, soh italianos da gema. Nao preciso nem falar o nivel da pasta que saiu, ne? Depois da comilanca comecou a chegar gente sem parar, garrafas de tequila, vodka, vinho, caixas e caixas de cerveja, gente de todo canto do mundo, milhoes de linguas diferentes, de caras diferentes, enfim... uma festa mesmo. Com direito ate a bebado caindo na agua (de um laguinho que tem no jardim). Do jeitinho que a gente queria.

Tomei meu primeiro porre da Inglaterra, inclusive, mas nada muito grave, tudo absolutamente sob controle. Ate fui pra balada depois, mas apenas pra, MAIS UMA VEZ, ter certeza absoluta de que eu definitivamente nao gosto dos clubs daqui. Nao gosto da musica, nao gosto do ambiente, nao gosto. Fico automaticamente de bode. Fiquei meia hora, peguei um taxi e voltei pra casa. Dormi gostoso, acordei de ressaca, e foi isso. Mas valeu a pena.


A Casa Numero 3.

Vamos contar em quantos lugares eu vou morar ate o final da minha jornada. Mudei para a terceira este final de semana.

Aluguei dois quartos, um pra mim e um pra Mah, ambos minusculos mas bem pintadinhos, ate que fofos. A casa eh tipo uma republica, parece que moram 3 ou 4 pessoas, ingleses e escoceses, que estudam na Universidade de Bournemouth. Ja sabemos que soh vamos ficar la ate o final de Agosto, porque depois disso os quartos ja estao alugados pra outras pessoas. Mas tudo bem, primeiro porque o lugar nao eh muito pratico, meio longe de tudo, e as areas "comuns" da casa (especialmente a cozinha) sao muito sujas pro meu gosto. Alem disso, acho que moro com fantasmas. Mudei pra la na sexta, hoje eh segunda e eu nao vi nem sombra de nenhum morador. Durante a noite escuto um casal no quarto ao lado, mas eles fazem questao de soh andar pela casa quando eu ja estou deitada, com a luz apagada e tal. Nao sei explicar, mas eh horrivel essa coisa de nao saber quem mora na mesma casa que voce, me sinto meio "invasora", deslocada... minhas coisas estao numa caixa abandonada no meio da cozinha porque nao ha espaco nos armarios, e ninguem se habilitou a me ajudar, a providenciar um espacinho ou qualquer coisa do tipo.

Mais do que nunca, portanto, quero que a Ma chegue logo. Nao quero morar mais com fascistas, nem com fantasmas. Teremos dois meses pra procurar um lugar legal onde, espero, a gente possa ficar um tempo razoavel. Mas nao estou achando nada ruim, pelo contrario. Estou mais tranquila do que nunca. Nao sei a razao, talvez a minha bipolaridade or something, mas a depre de duas semanas atras deu lugar a uma super forca e vontade de lutar, de passar pelas dificuldades, de ir ate o fim. Vamos ver ate quando isso vai durar!


New Moment, New Job

A minha saga em busca de trabalhos nao tao massacrantes continua. Dessa vez arrumei um trabalho de "faz-tudo" numa especie de hotel/moradia de velhinhos ricos. Sim, eh tipo um condominio, varios flats onde os idosos moram e recebem alguns cuidados especiais.

Eu faco de tudo: ajudo na cozinha, sirvo chazinho, limpo apartamentos e areas comuns, visito os moradores e converso um pouquinho, faco a cama, preparo uma torradinha, lavo o rostinho deles, essas coisas. O trabalho nao eh pesado, mas eu sou doida e peguei 14 horas apenas no sabado. Loucura. Quase morri de cansaco, me sentia drogada, bebada de sono. Mas preciso de mais horas, o perrengue continua, entao vamos que vamos. As coisas vao se ajeitando com o tempo, eu sei.

E, pra terminar, soh quero repetir que eu descobri o obvio do obvio, mas me sinto como se tivesse descoberto a America: a tal experiencia a que todo mundo se refere quando se fala em viajar para o exterior, nao tem "quase" nada a ver com o fato de se conhecer novas culturas, novas linguas e tudo mais. Para isso voce pode estudar, pode viajar nas ferias. O grande lance eh, realmente, superar os seus limites. Que piegas, que horror, mas nao ha nada mais verdadeiro. O que te faz mais forte aqui nao eh nada alem de uma coisa muito simples: voce continuar seguindo o seu objetivo mesmo quando parece que tudo esta contra voce. Eh voce superar as suas frescuras, as suas fraquezas, os seus medos. Me sinto um bebezinho desprotegido, juro, quero colo e seguranca, mas nao vou desistir antes de aprender a andar sozinha.

Morro de saudades, mas soh volto quando eu definitivamente largar as fraldas.

Amor, amor, e amor. Muita saudade, muita saudade e muita saudade.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Montanha Russa

Parei para ler o ultimo post e me dei conta de que soh escrevi o que tem rolado de ruim na minha vida aqui. Ta, realmente eu nao tava conseguindo ver o lado bom em nada (atitude que eu, particularmente, detesto), mas nao dava pra continuar do jeito que estava: ou eu comeco a agradecer pela minha vida todo dia de manha e procuro ver o aspecto positivo das coisas, ou eu vou virar uma chata reclamona depressiva. Deus me livre!

Entao, depois de chorar aos solucos pro meu pai, pro Henrique, e sozinha; depois de desabafar pra meio mundo o quanto eu estou sofrendo de saudades; depois de querer largar o aspirador de po e sair correndo pra nunca mais ter que trabalhar de cleaner - e desistir da ideia porque eu preciso loucamente do meu salariozinho; depois de quase me jogar da ponte por descobrir que eu engordei 5 kilos: enfim, depois de me afundar na lama, resolvi lavar a alma.

Nao que eu tenha, efetivamente, conseguido. Mas ja me sinto muito, muito melhor. Basicamente resolvi atacar em duas frentes: ser racional (nao perder tempo reclamando de coisas que, por enquanto, nao ha como mudar) e ser mais firme com a minha feh (lembrar no que eu realmente acredito, no meu guia, naquele que nunca me abandona). Ate que tem dado resultado.

Penso que a escola que eu tenho que limpar todos os dias eh bem melhor que o Casino - afinal, nao tem nenhuma louca me perseguindo, e eu nao limpo banheiros vomitados (embora os pirralhos as vezes sejam mais vandalos que bebados). Tambem nao tenho que trabalhar sabados e domingos de manha cedo. Olha quanta coisa boa! Hein?

Aceitei o fato de que eu soh vou conseguir mudar a minha realidade (com relacao a emprego) quando eu estiver confiante no meu ingles. Ate la, haja cremes para as maos (que ja estao comecando a ficar calejadas). E eu que trate de trabalhar com amor, com um sorriso no rosto. Parece idiota, mas a "enxada" fica mais leve, acredite.

Parei definitivamente de comer comida congelada. Comprei legumes, verduras, frutas, granola, mel e... duas garrafas de vinho (porque eu nao sou de ferro, ne!). Demoro mais tempo na cozinha, mas nao me sinto culpada depois de comer. Ainda preciso comecar a correr ou ir pra academia, mas calma, nao posso exigir tantas mudancas de uma soh vez. :-p

Decidi comprar o laptop de uma vez por todas, ainda que custe o Rock in Rio em Madrid. Vai doer na alma de nao ir, mas ter um computador em casa vai me abrir possibilidades importantissimas. Freelas, basicamente. Alem de alimentar o blog, escrever e-mails decentes, procurar emprego por agencias, otimizar a comunicacao com o Brasa, enfim. So vantagens. Especialmente por poder fazer textos na hora que rola a inspiracao. Porque do jeito que esta, nao ha quem aguente: computador da escola (sempre com problemas, cadeira desconfortavel, tempo limitado), lan house (o velho problema da grana) ou laptop da Lisa, housemate italiana. Ta decidido o proximo investimento, pronto. Talvez semana que vem ja role. Tomara.

Ontem foi Dia dos Namorados no Brasil e, ainda que seja uma data comercial e todo mundo saiba disso, ela acaba inspirando os apaixonados. E inspirou o meu amor, e acabou rolando um dia cheio de surpresas gostosas, conversas gostosas, forca (com cedilha...rs) mutua pra seguir em frente. Engracado como a coisa da distancia pode ser relativa. Engracado como o amor eh mesmo um combustivel, como eh capaz de nos fazer sentir vivos. Como traz felicidade, como inunda o espirito de paz. Nao sei explicar, mas as vezes parece que eu soh tenho amor dentro de mim. (Ate demais, na verdade, deveria rolar uma divisao mais democratica entre a emocao e a razao aqui dentro).

Eh isso. A saudade continua apertando, os babacas continuam existindo, a falta de referencia continua me angustiando, o trabalho nao muito agradavel continua sendo necessario... mas agora vamos tentar olhar pelo outro lado e ver no que da.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Mais um Pouquinho de Escocia

Pra dar um tempo no muro de lamentacoes, deixa soh eu terminar algumas consideracoes sobre a Escocia.

Na verdade eu tinha voltado de la animada pra falar de cada detalhe, de cada pedacinho de historia que voce sente e ve a cada passo, a cada centimetro da calcada.

Mas o tempo passou, a euforia tambem, a internet continua sendo coisa rara, e perdi o tesao.

Pra nao "perder a viagem", no entanto, vou dividir com voces algumas coisinhas:

- O que pode ser entediante para alguns, eh absolutamente extasiante pra mim. Em Edinburgh eh tudo tao antigo que a maior parte das calcadas e muros tem partes verdes, de limo mesmo. Claro que a umidade ajuda, mas a ideia de que o tempo eh que agiu ali me emociona. Os portoes das casas ainda tem um "acessorio", como se fosse uma flor feita de metal, com um furo no meio, que servia para as pessoas apagarem as tochas que eles usavam para iluminar as ruas. Sim, os portoes sao os mesmos de seculos e seculos atras. As construcoes goticas e medievais, especialmente por serem geralmente rodeadas de muito, muito verde, dao um clima de misterio, nao sei explicar... parece que a qualquer momento vai aparecer um duende ou uma bruxa perseguida pela inquisicao... Ta bom, eu sou ridicula, mas eu juro que eh muito emocionante, muito lindo.


- Os escoceses sao muito patriotas, amam sua historia, tem orgulho demais do seu maior heroi (William Wallace, o Mel Gibson em Coracao Valente, que morreu pela independencia da Escocia), e sao muito, muito simpaticos. Num primeiro momento tive a impressao de que eles sao muito mais bonitos que os ingleses, e mais limpinhos tambem. Nao quero ser preconceituosa e chata, mas que os britanicos tem os habitos de higiene bem diferentes dos nossos, nao ha como negar. Me desculpem o senso-comum, mas eh a pura verdade. E eu estava encantada com aquele povo, todos TAO lindos, bem arrumados, sem exageros de maquiagem, alguns homens de kilt (ai, que charme, especialmente quando eu penso no Anthony Kieds usando um), enfim, estilosos sem parecerem enlatados.



Ocorre que, em uma das noites, resolvi sair pra balada com o pessoal do hostel (meus companheiros de viagem falaram, falaram, mas nao conseguiram colocar o pe na rua a noite um diazinho sequer). Fomos para um club, bem estilinho Augusta, ou seja, pequeno, escuro, inferninho. A mistura de som poderia ter sido a primeira informacao do ambiente, mas... o cheiro saiu na frente. Isso mesmo: o cheiro, ou melhor, o terrivel cheiro. Gente do ceu. Sera que as pessoas nao tomam banho antes de ir pra balada? Nao passam um perfuminho? Nao, acho que nao. E estava quente, ou seja, nada de desculpas de que no inverno se toma menos banho. Definitivamente, eu nunca teria coragem de trocar grandes intimidades com britanicos, escoceses e afins. Hihihi.

Alem disso, nao existe educacao, ou bom-senso sequer. Na pista de danca, nao importa o tamanho que ela seja, voce simplesmente eh atropelado, massacrado por meninos e meninas, bebados ou nao (geralmente sim, e bastante). Eles simplesmente nao se importam com as pessoas ao redor. Saem dancando, pulando, se jogando, caindo. Sim, caindo, especialmente as meninas, que ficam ensandecidas e taradas. Depois brasileira que leva a fama, nao entendo. Aqui (tanto na Esocia como na Inglaterra), a mulherada nao tem o menor pudor. Nao to julgando, mas as cenas que se veem nessa terra de doido seriam consideradas altamente indecentes no Brasil.

PARENTESES: aproveitando o tema, estou pra falar ha tempos da televisao inglesa. Ainda tenho que observar melhor, mas de antemao nao posso deixar de comentar que eles nao tem nem 10% da limitacao que a gente tem no Brasil. No Big Brother daqui, por exemplo, aparecem cenas de sexo, a mulherada fica pelada, totalmente pelada (uma louca arrancou a roupa, bebada, dentro da sala cheia de gente, e ficou la deitadona no sofa, tentando conversar, to-tal-men-te nua). As campanhas contra a violencia (tem rolado uma onda de assassinatos com facas em Londres) usam imagens fortes, chocantes mesmo, de acidentes, assassinatos, pessoas dilaceradas. Nunca vi uma coisa dessas. Mudou totalmente meu conceito, eu realmente imaginei que eles fossem muito mais pudicos nesse sentido. Beijos gays, por exemplo, tambem eh algo normal na televisao aberta. No Brasil, onde somos considerados pervertidos e anti-eticos, a caretice eh infinitamente maior. Agora, se isso influencia as criancas, se eh positivo ou negativo, a gente discute num outro momento.






Fim do parenteses e do post, que meu tempinho na internet esta acabando. O proximo plano eh comprar um laptop, pra acabar com essa chatice de nao poder escrever direito. Se quiserem fazer doacoes, estou aceitando. =)

Beijos com uma saudade que me faz pensar em voltar simplesmente todos os dias.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Escocia, deprezinha, planos e perrengues

Nem sei por onde comecar.

Pra variar, a tecnologia conspirou contra mim e eu perdi mais de 100 fotos da minha viagem pra Escocia no ultimo final de semana. Eu ja estava deprimida porque ainda nao comprei uma camera, e resolvi usar meu celular pra pelo menos ter um registro da trip - que foi simplesmente maravilhosa. Ocorre que, por motivos que nao vem ao caso (e que eu nao quero lembrar pra nao ter um treco de tanta raiva), eu acabei perdendo todas, todas as fotos, com excecao de umas poucas que eu ja tinha colocado no orkut. Perdi as fotos de um tour que a gente fez pelo countryside, com as paisagens mais lindas que eu ja vi por aqui. Perdi fotos de antes da trip, da visita brasileira e confortante da minha amiga Morena, dos meus amigos brazucas e gringos, de tudo. E olha que eu estava orgulhosa da capacidade da camerazinha do meu celular. Tinham lindas fotos.

Saco. Eu sei que parece uma bobagem, mas o lance eh muito mais emocional do que material. Eu venho de uma semana marcada por uma onda de azar e de acontecimentos chatos. De uma falta de grana preocupante e de um desanimo profundo. De um conflito constante entre o "voltar logo" ou "ser persistente". O aguentar e o desistir. A viagem, portanto, tinha sido um balsamo pro meu coracaozinho aflito. E poe aflito nisso. Nao sei o que eh paz ha uns bons dias. Soh tenho sentido medo, raiva, preocupacao. Mas passa, eu sei que passa.


A Tempestade


A falta de grana ja estava me atormentando desde o inicio, mas eu achei que em um mes as coisas iriam se estabilizar. Eu realmente nao gasto com praticamente nada "extra", mal saio (nunca fui a uma balada propriamente, por exemplo), nao tenho comido fora, nada. Mas o problema eh que eu estava trabalhando poucas horas. Com o passaporte italiano eu tenho o direito de trabalhar full-time, mas por causa da escola eu estava soh com 20 horas semanais. Isso nao eh suficiente pra quem nao tem nada guardado. E eu nao tenho.

A coisa desandou de vez quando uma debil mental de uma brasileira que trabalhava comigo no Casino resolveu dar um ataque de furia pra cima de mim. Pleno feriado de chuva e frio, oito da manha, la vou eu alegre e contente trabalhar. Chego falando oi pras meninas e, especificamente pra ela, foi um "bom dia, flor!" com um sorriso no rosto. Ja notei ali mesmo que a menina estava de mau humor, mas nao me afetou. Segundos depois ela inicia uma discussao completamente sem fundamento, gritando e me atacando, ate dizer de uma vez que me odeia, que nao me suporta, que queria "meter a mao na minha cara". Siiiiiiim, bem fina, desse jeito! Uma lady.

Eu nao acreditava no que estava acontecendo e, quanto mais eu falava que ela nao estava bem da cabeca, que deveria procurar ajuda, mais ela babava de odio. Resultado: eu estava ouvindo aquelas ofensas paralisada, chocada, sem entender nada. Nao tive reacao ate ela ameacar partir pra agressao fisica. Ahi eu nao aguentei, disse que nao discuto com gente desse nivel (ah, convenhamos que eu nunca briguei nem no Brasil, ate parece que iria participar de um barraco desses com uma louca, dentro do trabalho), caminhei ate a entrada do Casino, chamei o supervisor, entreguei minhas lindas luvinhas na mao dele e disse: "estou deixando o trabalho porque esta moca comecou uma briga sem motivo, me ameacou de agressao fisica e eu nao me misuro com esse tipo de individuo". E fui embora. Claro que eu fui chorando pra casa, me sentindo humilhada, tentando entender como alguem pode odiar outra pessoa assim, de graca; como voce pode oferecer um sorriso e ganhar um tapa na cara, mas enfim... Ha coisas que a gente nao entende mesmo.

No dia seguinte escrevi uma carta para o gerente do Casino, detalhando tudo o que houve e deixando claro que eu havia deixado o trabalho sem cumprir aviso previo porque eu nao me submeteria a ficar no mesmo ambiente que uma pessoa descontrolada daquelas. Ele acabou me chamando pra conversar, disse que essa menina ja fez isso antes, que quando ela se sente ameacada por alguem ela faz a vida da pessoa virar um inferno mesmo, e tal. Ah, me poupe, me poupe! Ate parece MESMO que eu vou disputar com alguem um trabalho desse. Desculpem-me a falta de humildade, mas definitivamente eu nao preciso disso. Tenho outras alternativas, tenho formacao, tenho carater e tenho capacidade, acima de tudo. Entao pronto, resolvido. Parto pra outra e fim de papo.

Mas os dias que se seguiram a este episodio foram cheios de pedrinhas no caminho. Minha energia baixou de uma forma que eu nao consegui dissolver o noh na garganta ate hoje. Juntando a isso a falta de grana, a corrida atras de outro trabalho, a saudade de casa e tudo mais... pronto: dias desanimadores, um quase desespero.


O primeiro passo foi mudar a escola para o periodo da manha. Assim, posso arrumar um unico trabalho full-time depois do meio-dia, melhor que ficar pulando em 3 empregos. Arrumei alguns freelas durante a semana, mas varios nao deram certo por motivos ridiculos, como uma misteriosa tinta azul que manchou a unica camisa branca que eu tinha pra trabalhar de garconete, um transito inexplicavel em plena Bournemouth bem na hora de sair de casa, enfim... coisas e coisinhas para atrapalharem uma pessoa ja bem atrapalhadinha da cabeca.

(continua...)