segunda-feira, 23 de junho de 2008

Casa Velha, Bafao, Casa Nova

Tempo limitadissimo na internet. Vou tentar ser pratica.

Depois que eu me dei conta de que o grande lance de morar em outro pais eh justamente aprender a "furar" as ondas que aparecem, cada vez maiores e com intervalos mais curtos, tudo passou a ser mais facil de lidar.

A ultima foi a noticia completamente inesperada de que teriamos que sair da casa, todo mundo. Parece que houve um problema com o contrato ou algo do tipo, mas o fato eh que me avisaram com menos de uma semana de antecedencia. Claro que eu nao podia deixar de passar dois dias de desespero total, desanimo, preguica de ir atras de tudo (ainda mais sem internet, carro, tempo e dinheiro), mas depois - como nao havia mesmo outro jeito - respirei fundo e comecei o garimpo. Vi zilhoes de quartos, lugares bons e bizarros. No final das contas, exatamente na vespera de ser "despejada", fechei dois quartos pequenininhos numa casa de estudantes da universidade. Dois porque um eh pra Mayra, minha flor de salvacao que chega do Brasa na sexta, dia 27. Contrariando minha decisao de JAMAIS morar com brasileiros, nem pensei duas vezes pra decidir morar com ela, porque o que eu mais quero no mundo agora eh alguem que me conheca, alguem pra sentar no final do dia, tomar uma taca de vinho e conversar sobre tudo e sobre nada. Sera bom pra mim, e sera bom pra ela. Mal posso esperar pra chegar o final dessa semana. Simplesmente estou contando os minutos.


Babado Forte

Essa Inglaterra nos reserva cada coisa que soh rindo! Estava eu dormindo, plena segunda-feira (a passada, ou seja, na casa "velha" ainda), quando comeco a escutar voz de mulher... pensei "eh o arabe de novo com uma das mil namoradas"... um folgado, porque ele nao nos deixa receber amigos (meninos) em casa nem para o cha da tarde... Mas como ninguem mandou eu aceitar essa regra estupida antes de entrar na casa, nao posso reclamar. Mas de repente a voz parecia ser de mais de uma pessoa, e comecou a rolar uma batecao de porta e tudo mais, que resolvi olhar o que tava acontecendo.

Abro a porta do meu quarto e o que eu vejo? Uma guria de calcinha e sutia entrando no meu banheiro, me olhando com uma cara de "que foi? algum problema?" e outra, nos mesmos trajes, saindo do quarto da Lisa, a italiana. Depois de alguns segundos de total silencio pra tentar entender o que significava aquela cena, comecei a gritar pra todo mundo e pra ninguem "o que, afinal, era aquema merda rolando na 'minha' casa". O arabe fascista resolve, entao, abrir a porta do quarto dele, apenas com um toalha enrolada naquele corpo de barril, e dizer - cheio de sorrisos - que estava rolando uma "festinha". Ah, posso notar que tipo de festinha. Fiquei louca de raiva, nao por caretice, mas porque esse idiota nos proibe de receber amigos, eh cheio de regras imbecis, e se sente no direito de colocar 3 garotas de programa nuas pra andar pela casa em plena segunda-feira. Sim, 3. A essa altura uma terceira saiu do quarto, TOT-AL-MEN-TE sem roupa, parou na minha frente, perguntou se eu queria "participar", invadiu mais uma vez o quarto da Lisa, acendeu a luz na cara dela (que estava dormindo, como eu), desceu as escadas, andou livremente (alias, poe livre nisso, livre de tudo, inclusive de roupas) pela casa, sentou na nossa cozinha peladona e tudo mais. Eu e a Lisa nao conseguimos mais dormir, tivemos um acesso de riso e de odio, de indignacao, de tao bizarra que era a cena. Mais bizarro ainda foi entrar na cozinha e ver roupas e uma calcinha em condicoes impossiveis de se descrever aqui (pra nao fazer ninguem vomitar) bem em cima da mesa onde a gente costuma(va) comer. A essa altura uma das peladonas ja estava sentada`a mesa com a gente, fumando um cigarro, puxando papo, dizendo que era escocesa e tudo mais. Depois de rir bastante da situacao e de nao termos realmente o que fazer, resolvemos voltar para o nosso sono inocente. (Eh claro que, a essa altura, ja tinhamos planejado a nossa doce vinganca: fazer uma big festa de despedida e chamar quem a gente bem entendesse).

Ocorre que, antes de ir pro quarto, resolvo passar no banheiro e, enquanto tentava me concentrar e equilibrar pra nao encostar em nada - naquela posicao ingrata que nos, mulheres, temos que nos submeter pra fazer xixi na balada e em banheiros publicos em geral -, olho pro lixo e vejo um barbeador eletrico la dentro. Achei estranho e fui olhar mais de perto, ate perceber que, alem disso, tinha uma carteira e varios documentos jogados. Pronto, os burros dos caras, ainda por cima, foram roubados pelas meninas. Sahi correndo pra avisa-los e, em um minuto, o barraco estava armado. Nao sei como elas conseguiram ser tao rapidas, mas quando vi tinha uma deitada na minha cama, mexendo nas minhas coisas, perguntando com cara de sede quem era o cara da foto (o meu amor, no caso... quer morrer essa idiota, neh?), a outra fugindo pela porta dos fundos, a outra parada na minha frente com uma cara de sonsa dizendo "nao acredito que voce roubou os meninos, que feio! Voce ta com ciume da gente, eh isso?". Aaaafffff. Posso? Posso com isso?

No fim das contas elas conseguiram a facanha de colocar ate o laptop de um deles dentro do meu quarto, nao sei como. Levaram dinheiro, cartoes e celular (soh deles, pelo menos), porque os caras sao tao primarios que sequer deram uma revistada nas bitches antes de elas sairem pela porta. Acabamos a noite rindo horrores, mas eu e a Lisa deixamos bem claro que nao havia mais porra de regra nenhuma, e que eles iam ver o que era festa de verdade. Pena que tudo isso aconteceu na ultima semana porque, do contrario, as coisas iriam mudar naquela casa.


A Primeira - e ultima - Festa

Eu acabei nao organizando coisa nenhuma porque meus amigos todos trabalham a noite e nao poderiam ir, entao deixei soh pra curtir a despedida que a Lisa organizou (ela volta pra Italia hoje). A ideia era ser um jantarzinho e depois um esquenta pra irmos pra balada. Mas o que rolou foi uma bagunca das boas.

No comando da cozinha, soh italianos da gema. Nao preciso nem falar o nivel da pasta que saiu, ne? Depois da comilanca comecou a chegar gente sem parar, garrafas de tequila, vodka, vinho, caixas e caixas de cerveja, gente de todo canto do mundo, milhoes de linguas diferentes, de caras diferentes, enfim... uma festa mesmo. Com direito ate a bebado caindo na agua (de um laguinho que tem no jardim). Do jeitinho que a gente queria.

Tomei meu primeiro porre da Inglaterra, inclusive, mas nada muito grave, tudo absolutamente sob controle. Ate fui pra balada depois, mas apenas pra, MAIS UMA VEZ, ter certeza absoluta de que eu definitivamente nao gosto dos clubs daqui. Nao gosto da musica, nao gosto do ambiente, nao gosto. Fico automaticamente de bode. Fiquei meia hora, peguei um taxi e voltei pra casa. Dormi gostoso, acordei de ressaca, e foi isso. Mas valeu a pena.


A Casa Numero 3.

Vamos contar em quantos lugares eu vou morar ate o final da minha jornada. Mudei para a terceira este final de semana.

Aluguei dois quartos, um pra mim e um pra Mah, ambos minusculos mas bem pintadinhos, ate que fofos. A casa eh tipo uma republica, parece que moram 3 ou 4 pessoas, ingleses e escoceses, que estudam na Universidade de Bournemouth. Ja sabemos que soh vamos ficar la ate o final de Agosto, porque depois disso os quartos ja estao alugados pra outras pessoas. Mas tudo bem, primeiro porque o lugar nao eh muito pratico, meio longe de tudo, e as areas "comuns" da casa (especialmente a cozinha) sao muito sujas pro meu gosto. Alem disso, acho que moro com fantasmas. Mudei pra la na sexta, hoje eh segunda e eu nao vi nem sombra de nenhum morador. Durante a noite escuto um casal no quarto ao lado, mas eles fazem questao de soh andar pela casa quando eu ja estou deitada, com a luz apagada e tal. Nao sei explicar, mas eh horrivel essa coisa de nao saber quem mora na mesma casa que voce, me sinto meio "invasora", deslocada... minhas coisas estao numa caixa abandonada no meio da cozinha porque nao ha espaco nos armarios, e ninguem se habilitou a me ajudar, a providenciar um espacinho ou qualquer coisa do tipo.

Mais do que nunca, portanto, quero que a Ma chegue logo. Nao quero morar mais com fascistas, nem com fantasmas. Teremos dois meses pra procurar um lugar legal onde, espero, a gente possa ficar um tempo razoavel. Mas nao estou achando nada ruim, pelo contrario. Estou mais tranquila do que nunca. Nao sei a razao, talvez a minha bipolaridade or something, mas a depre de duas semanas atras deu lugar a uma super forca e vontade de lutar, de passar pelas dificuldades, de ir ate o fim. Vamos ver ate quando isso vai durar!


New Moment, New Job

A minha saga em busca de trabalhos nao tao massacrantes continua. Dessa vez arrumei um trabalho de "faz-tudo" numa especie de hotel/moradia de velhinhos ricos. Sim, eh tipo um condominio, varios flats onde os idosos moram e recebem alguns cuidados especiais.

Eu faco de tudo: ajudo na cozinha, sirvo chazinho, limpo apartamentos e areas comuns, visito os moradores e converso um pouquinho, faco a cama, preparo uma torradinha, lavo o rostinho deles, essas coisas. O trabalho nao eh pesado, mas eu sou doida e peguei 14 horas apenas no sabado. Loucura. Quase morri de cansaco, me sentia drogada, bebada de sono. Mas preciso de mais horas, o perrengue continua, entao vamos que vamos. As coisas vao se ajeitando com o tempo, eu sei.

E, pra terminar, soh quero repetir que eu descobri o obvio do obvio, mas me sinto como se tivesse descoberto a America: a tal experiencia a que todo mundo se refere quando se fala em viajar para o exterior, nao tem "quase" nada a ver com o fato de se conhecer novas culturas, novas linguas e tudo mais. Para isso voce pode estudar, pode viajar nas ferias. O grande lance eh, realmente, superar os seus limites. Que piegas, que horror, mas nao ha nada mais verdadeiro. O que te faz mais forte aqui nao eh nada alem de uma coisa muito simples: voce continuar seguindo o seu objetivo mesmo quando parece que tudo esta contra voce. Eh voce superar as suas frescuras, as suas fraquezas, os seus medos. Me sinto um bebezinho desprotegido, juro, quero colo e seguranca, mas nao vou desistir antes de aprender a andar sozinha.

Morro de saudades, mas soh volto quando eu definitivamente largar as fraldas.

Amor, amor, e amor. Muita saudade, muita saudade e muita saudade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Jujuba, que fita!
Coisas que não acontecem com qualquer um...
Não sei o que dizer...
Tô embasbacada...
Ai Ju... aqui tô passando por um perrengue, viu? Tive um xilique e terminei com meu (ex) namorado... tipo sair do carro dele xingando e entrar num táxi e ir pra um boteco ... beber feito louca e no outro dia querer conversar e ouvir um "não estou com paciência para falar com você hoje". E agora, meu bem... fudeu... e é isso. Ai ai ai... meu coração é dele, mas para mim nem tava mais tão bom assim... mas tinha horas ótimas... putz... e eu sozinha aqui, sem vocês para desabafar... sem companheiras para tocar as coisas adiante e sair por aí... essas coisas assim. Meu coração tá tão apertado! E ele foi viajar e só volta na sexta-feira.... a semana toda tenho para sofrer... talvez bem mais que isso... mas essa será uma das semanas mais longas dos últimos tempos, certeza!

Snifffffffffffffffff.

Unknown disse...

JÚÚÚÚÚÚ, LINDA.......... MAIS E MAIS FORÇA PRA VC, VIU!!!!!!
BJSSSSSSSSSSSSS