quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ivan em L.A. - dia 1

26 de abril. 23:36. Primeiro dia sem você.
Nossa, como sou dramática. Eu mereço mesmo o posto oficial de DRAMA QUEEN. Sempre fui uma, antes mesmo de nascer. O obstetra gritar um "cala a boca!" pra minha mãe durante o parto já era forte indício do que vinha pela frente.

Mas juro, ju-rô que pensando assim, olhando a situação do comecinho, 8 dias "sounds like" uma eternidade mesmo. Ai, ai.

A boa notícia é que eu comecei, antes mesmo de hoje - o dia "fatídico" - um exercício mental que até que tá dando bem certo... O de "não pensar" nisso, I mean, na tua trip, ou ao menos no aspecto das paranóias delirantes da coisa, saca? Porque olhando por outro ângulo, to super pensando SIM... mandando os melhores desejos, vibrando fortemente pra que tudo saia MUITO BEM, ainda que não dê pra ser light o tempo todo... Porque embora eu valorize e busque o equilíbrio, o caminho do meio, há situações em que PAZ, TRANQUILIDADE, não é exatamente o que dá pra se ter... "a ver lo que pasa" nessa viagem que tem tudo pra ser riquíssima, ao menos como "fonte" de relatos cômicos (ou tragicômicos) ao final de tudo. Mas não pensemos assim. Será engraçado, possivelmente "really hard" às vezes, mas tenho certeza de que, acima de tudo, it will be INTERESTING. Não nos esqueçamos de brindar às eternas possibilidades que a vida nos permite. Ojalá possamos, eu e você, compartilhar muitas delas também no aspecto físico, porque em todos os outros já estamos juntos. Dividindo tudo. Ou seria multiplicando?

01:49 da manhã. Parei de escrever isso aqui há horas, sempre com a auto-cobrança de fazer uma companhia decente pra minha mãe, mas no final fazendo tudo meio "pela metade". Ela lá na sala, eu aqui na frente do computador. Ela na cozinha, eu no quarto. Uma grita daqui, a outra grita de lá. Ela dorme na frente da TV, eu curto minha insônia facefuckingbookística. Mas a gente chega lá. O amor é maior que o ruído na comunicação.

Hace un frío increíble por aqui, de repente o vento gelou e deu uma cara de inverno à minha cidade querida cujo friozinho sempre me deu uma sensação altamente nostálgica... lembranças de tempos já bem distantes, de quando a minha casa era praticamente a única da rua e nós nos lançávamos, minha mãe e meus irmãos, todos encapotadinhos com roupas de lã, em verdadeiras expedições pelos terrenos e matos das redondezas em busca de lenha e gravetos pra nossa lareira. Gorrinho com pompom na ponta, luvas de dedinhos coloridos, botinha galocha vermelha. Chimarrão pra mamãe, mate-doce pras crianças. Pipoca. Creme de ervilha com pipoca. Sim, a pipoca em cima do prato de sopa. Sim, ficava murcha, mas a gente amava. Aquele creme verde com as pipoquinhas brancas e salgadinhas por cima.

Mas voltando ao ano de 2011, porém sem me afastar muito do tema da mudança repentina no clima, acabei ficando exatamente duas horas ao relento hoje, esperando um ônibus que nunca chegou. Nunca não, vai, olha a drama queen querendo entrar em ação outra vez... o ônibus chegou, sim, mas às 10:30 da noite, em vez de 9:00 que eu estava esperando. Mudaram os horários e eu tinha uma tabela desatualizada na mochila, que eu peguei aqui de casa e na qual eu confiava plenamente. É muita informação que a gente têm que reter no cérebro nesses tempos modernos, não? Senhas mil, tecnologias novas de todos os lados e para tudo, horário do busão do Jardim dos Pinheiros que muda quando a Viação Atibaia São Paulo bem entende e não se importa em informar os usuários... A vida é dura, a vida é dura. Mas eu e meu nariz congelado resistimos bravamente naquele ponto de ônibus semi-deserto (o semi deve-se aos bêbados da padaria Luanda que me convenceram rapidinho a ficar esperando o busão sozinha e de pé lá fora ao invés de sentadinha dentro do estabelecimento) graças ao meu enorme-super-bafônico livro de 3 toneladas do qual eu não conseguia passar do segundo capítulo mas que de repente pegou um ritmo incríííííível e me fez ler quase 200 páginas num só dia. Não vejo a hora de terminar este e começar outro, e depois outro, e depois outro; acho que tô na "mania" da minha bipolaridade, me sentindo cheia de energia e capaz de abraçar o mundo, além de, cláááááro, assimilar todo e qualquer conhecimento disponível no planeta Terra. Pobre dos meus neurônios, tenho pena deles. Um dia é assim, no outro é "sou o mais indecente e ignorante dos seres" (pra não falar a mais gorda). Pobre dos meus neurônios e do BRAVE MAN que decidiu caminhar ao meu lado nessa jornada alucinante que é a vida. Você merece o maior de todos os OSCAR, meu amor! Segurar a onda dessa desvairadinha aqui não é pra qualquer um, not at all!

02:21. Me distraio com as outras abas do Mozilla Firefox enquanto te escrevo. Mas pelo menos volto pra essa aqui de tempos em tempos. Pior seria se te trocasse definitivamente pelas gossips do Globo.com or something like that. Não, hoje até que não tô no auge da minha futilidade. Teu e-mail só está concorrendo com as abinhas do Facebook (of course), do LikedIn (não consegui passar da página do cadastro das informações pessoais, mas já é um começo) e do blog do meu pai (que eu passei pro Rodrigo, mas que não tive paciência de verdade pra ler).

A insônia persiste, você ainda está sobrevoando algum ponto do continente, mas eu não quero pensar nesses detalhes. O exercício mental que eu comentei lá no começo consiste em, principalmente, evitar elocubrações do tipo "o que será que ele está fazendo exatamente agora?". Meu estômago começa a doer instantaneamente quando me pego nessas pirações, e olha que você ainda nem desembarcou do avião. Inspira... expira.... Tá só começando, dona Julia, güenta firme que ainda tem muito chão pela frente.

... Mas sabe que no fundo eu acho que vou me sair bem dessa batalha contra meu próprio "lado negro da força"? Vamos acompanhando os capítulos da nossa saga até o dia 4 de maio - eu aqui, pirando com a tua ausência, você aí, com zilhões de coisas rolando ao mesmo tempo - e ver se minha intuição estava certa. Tô apostando no clichê de que "no final, o bem sempre vence". :)

Amo você, coração. Estou contigo. Que a tua viagem seja um bafo! Amém.

Nenhum comentário: