terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Só Sei que Nada Sei (perdão pela pieguice)
Pensar que é muito fácil jogar a culpa na nacionalidade das pessoas, na diferença de culturas. Mas a verdade, a crua verdade, é que no Brasil eu vivia inconformada com tudo. Com a poluiçao de Sao Paulo e o cheiro do Rio Pinheiros entrando pela janela do meu quarto; da super lotaçao do trem da CPTM pra ir pra casa ou do transito de duas horas pra se deslocar da Berrini até o Shopping Morumbi; da falta de educaçao das pessoas; da ignorância geral da naçao; da mente pequena das pessoas, especialmente nas cidades menores como Atibaia e Bauru; da fixaçao de brasileiro por mulher gostosa e por bunda; da falta de vergonha na cara dos políticos; da falta de asfalto da minha rua em pleno século XXI.
E agora to aqui, me lamentando de vontade de voltar, de saudade, de uma falta irracional que eu sinto do meu país e de uma implicância (talvez também irracional) com os espanhóis.
Será que eu tenho que me conformar de que sou uma inconformista? Ou será que de repente eu tenho que engolir com farinha o meu banzo e me esforçar mais um pouquinho pra ver alguma simpatia nessa gente grossa dessa terra?
Nao sei de mais nada. É fim de ano e eu passo horas do meu dia olhando passagens de aviao que ou me dao mais angústia, ou me fazem sonhar mais alto. A mesma história, a velha dúvida, os desejos de sempre: Brasil, para acalmar o coraçao; Índia, para acalmar o espírito; África, para uma edificante terapia de choque?
Who knows?
Pensando no Fim
Tenho um pouco de vergonha de dizer, mas ando pensando nesse papo de 2012.
Seja porque seja, o mundo não pode acabar tão rápido! Pensando meio "egoistamente" (does this word exist???), nao é justo!
Porque eu estou aqui passando tanto tempo longe das pessoas que eu amo. Se eu soubesse que ia acabar mesmo, nao ia ficar do outro lado do oceano; ia passar o tempo que nos resta com a minha família, e todos os meus amores.
Porque eu nao ia ter filhos e, se os tivesse, nao ia dar tempo nem deles falarem "mamae"!
Porque eu to quebrando a cabeça pra tomar um rumo na vida, pra decidir se eu caso ou compro uma bicicleta, se eu quero ser jornalista, relaçoes públicas ou tradutora, e pra que? Se for acabar tudo tao cedo, doesn't make any sense pensar em carreira. Em economizar para o futuro, ou mesmo para aquele curso que eu tanto quero fazer. Nao é justo.
Se tudo acabar mesmo em apenas dois aninhos, nao vai dar tempo de eu ir meditar na Índia. Nem de ajudar as crianças na África. Nem de passar férias na Tailândia. Nem de desfilar no carnaval do Rio de Janeiro. Nem de escrever um livro. Nem de emagrecer uma vez na vida. Nem de ter uma reuniao com as minhas amigas daqui a 30 anos pra lembrar do trabalho que a gente dava antes. Nem de finalmente encontrar meu caminho espiritual. Aliás, se nao der tempo de eu me disciplinar a minha espiritualidade, aí mesmo que ferrou.
Do que teria adiantado todas as minhas crises existenciais? Meu desespero por falta de grana? Minhas dores de amor? Meus sonhos? Toooodos os meus sonhos????
Ah, nao. Nao, nao, nao. Me nego. Prefiro acreditar que os Maias, quando estavam fazendo o calendário, chegaram em dezembro de 2012 e deram uma parada para descansar. Neste momento, desapareceram e nao puderam continuar.
Não é, ao menos, razoável?
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O Último Dia
Paulinho Moska
Composição: Paulinho Moska e Billy BrandãoMeu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria
Ia manter sua agenda
De almoço, hora, apatia
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia
Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria
Corria prum shopping center
Ou para uma academia
Pra se esquecer que não dá tempo
Pro tempo que já se perdia
Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria
Andava pelado na chuva
Corria no meio da rua
Entrava de roupa no mar
Trepava sem camisinha
Meu amor
O que você faria?
O que você faria?
Abria a porta do hospício
Trancava a da delegacia
Dinamitava o meu carro
Parava o tráfego e ria
Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria
Me diz o que você faria
Me diz o que você faria...
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Desabafo
Eu nao suporto as pessoas à minha volta. Acabo de começar um trabalho novo, é meu terceiro dia, e eu quero pular pela janela. Nao, nao tive NENHUM problema com as minhas funçoes até agora.
Mas logo que me apresentaram ao meu chefe, ele nao foi capaz de devolver meu sorriso. O aperto de mao dele era fraco, mole, quase tao flácido quanto a enorme barriga que lhe salta pra fora da calça. Pensei que ele poderia estar estressado aquele dia, mas hoje é o terceiro e, além de ele nao ter dirigjido a palavra a mim, o sorriso nunca apareceu, nem de longe, nem só com os olhos.
Aí o gordinho antipático me trouxe pra sala de trabalho, onde tem 4 mesas enormes, com cerca de 6 pessoas em cada, distribuídas 3 de cada lado da mesa com seus respectivos computadores.
Ele pediu atençao, deu uns recados pro pessoal, que me olhava como se eu fosse o ET de Varginha e, no final, mencionou rapidamente que eu era a nova menina que ia trabalhar no projeto de traduçao, mas que nao ia ficar muito tempo com eles. É que eu fui contratada pra ser comercial, mas como a pessoa que estava cuidando da traduçao do site (para portugues) tinha deixado o trabalho no meio do caminho, eles me colocaram à disposiçao desse departamento até que eu termine o tal projeto.
Logo em seguida, o amadinho do aperto de mao mole chamou uma menina e me levou com ela para uma sala de reuniao. Explicou que era pra ela me passar o trabalho, e me largou ali. Ela virou os olhinhos pra cima, obviamente sem precisar transformar sua expressao nas palavras "QUE SACO", e voltou pra sala. Me apontou, com a maior má vontade do mundo, um lugar pra eu sentar, e um computador. Sentei, ela voltou pra mesa dela, e eu fiquei ali, com uma cara de tonta, sem saber o que fazer. Depois de 10 minutos, tempo suficiente pra eu já estar quase me enfiando debaixo da mesa de tanto mal-estar, a queridinha veio até mim, abriu um programa, me explicou rapidamente o que eu tinha que fazer, e voltou pro lugar dela.
Com exceçao de um búlgaro que senta ao meu lado e que sorria o tempo todo e se esforçava ao máximo para interagir comigo (no segundo dia já chegou a me sufocar), e um inglês que ainda nao sabe falar espanhol e me acompanhou pra tomar um café, o restante nem sequer me dirigiu uma palavra, um olhar, nada.
Beleza. Eu to de TPM, e a vontade de sair correndo deve ser por isso.
O segundo dia já foi melhor, me sentei pra almoçar com todo mundo e me enfiei na conversa, com noçao, claro, mas sem assumir o papel de rejeitada recém-chegada. O búlgaro que me olha demasiado e o inglês que nao fala espanhol foram, de novo, os únicos que falaram comigo.
Mas hoje, o terceiro dia, já começou mal. O chefe rechonchudo da mao e barriga flácidas está mais antipático do que nunca. Além disso, ele tinha me dito, e a todos, no meio dos recados daquele momento em que me "apresentou", de que hoje entraríamos mais cedo, às 8 da manha (geralmente entramos às 9:30), para trabalharmos sem intervalo e sairmos às 15horas. Aqui na Espanha isso é normal às sextas-feiras. Chego eu, às 8 e pouquinho, quase vomitando meu pulmao pra fora, de tanto que corri, e dou de cara com a porta da empresa fechada. Toco o interfone uma vez, duas vezes, tres vezes, e nada. Olho as janelas lá em cima, tudo escuro. Me sinto uma completa idiota. Chego a pensar que era um trote para novatos. Vou ao bar da esquina, peço um suco de laranja, a vaca da mulher me cobra 2 euros por um copo que nao dava nem dois goles, tento ler umas linhas do meu livro, quase vomito de novo com a fumaça de cigarro dos indecentes que fumam na cara das pessoas dentro de um bar minúsculo às 8 da manha, saio do bar, e resolvo que prefiro esperar lá fora, no frio, do que me intoxicando ali a essa hora da manha.
Decido ligar para a central da empresa, que fica em outro prédio. Converso com a mulher do RH, que é uma querida (milagre), e conto o que aconteceu, que provavelmente eu estava enganada, mas que era muito estranho, porque eu tinha cer-te-za de ter entendido que entraríamos mais cedo. Sem desligar o telefone, ela também liga para o Jaime Palilo (acabo de me dar conta que meu chefe é a cara do gordinho do Carrossel), e de repente ele me aparece na porta do prédio, saindo por OUTRA porta, que eu NUNCA poderia imaginar que teria alguma conexao com a outra entrada. Me sinto com vergonha da minha idiotice e com um ódio mortal de ninguém ter tido o bom senso de me avisar que o prédio estaria fechado e eu teria que entrar pela puta que pariu.
Ainda subi as escadas tentando conversar, fazer algum comentário sobre o ocorrido e, novamente, o Jaiminho me ignora.
Aí tudo bem, já sao 11:42 da manha, eu tava trabalhando normalmente até agora, nao sem me lembrar a cada 5 minutos da hostilidade do ambiente, quando o loirinho polaco, ucraniano ou sei la o que, sentado bem na minha frente, começa a bufar.
Nao, nao dá. Eu tive que parar pra escrever, pra nao ter um colapso nervoso.
Eu nao SU-POR-TO gente bufando. Nao suportoooo, me revira o estomago. Tiiiive que escrever pra nao gritar "meu filhoooo, qual é seu probleeeeemaaa, porquê você nao fala, vai dar uma volta, chora, faz qualquer coisa no mundo, que nao seja bufar como um animal raivoso aqui na minha frente?????".
Pior é que era hora do café e estávamos praticamente só eu e ele na sala. Além de bufar a cada 30 segundos, ele estava dando porradas no teclado, batendo o pezinho freneticamente no chao, enfim, tendo uma crisesinha de nervos contida, mas infinitamente mais irritante do que um ataque súbito e violento de raiva.
Aï to aqui tentando me desestressar com meu textinho, quando chega a simpática do primeiro dia, a da viradinha dos olhos (que, aliás, descobri ser francesa), senta em seu lugar (exatamente em frente a mim), e adivinha o que ela faz, no exato segundo em que olha a tela do computador? Quem adivinhar ganha um prêmio!
Nao? Nada? Nenhuma sugestao?
Pois eu conto: ela, nao sem virar os olhos pra cima, tomou fôlego bem profundamente e soltou um:
PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPFFF
Sim, é isso mesmo que vocês entenderam: deu a maior bufada de todas as bufadas.
Melhor eu descer pra tomar um café.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Decolando...
Nunca estive tão hiperativa.
Não produtiva, hiperativa mesmo. Tenho insônia aqui, de novo, tão ruim ou pior do que uma que tive na Inglaterra a long time ago.
Acho que pode ser espiritual também, esse lance de não conseguir mais me concentrar pra rezar nem um pouquinho têm me deixado chateada, culpada, um monte de coisa. Me sinto desprotegida quando isso acontece. Aliás, tá acontecendo há muito tempo. A Inglaterra, de alguma forma, suprimiu minha espiritualidade. E agora é hora de retomá-la.
A yoga, que seja, já ajudaria muito com a dificuldade pra dormir, o amontoado desorganizado de pensamentos, o excesso de sede e a dor no estômago. O duro é que ser dessa linha natureba custa caro. Um saco. Homeopatia é mais caro que alopatia; comida pronta mais barata que alimentos frescos (de orgânicos eu nem comento); yoga muuuuuitooo mais cara que academia de ginástica. Ir pra Índia dar uma renovada espiritual também fica difícil (embora bem mais fácil agora do que quando estava no Brasil). Mas eu hei de conseguir!
(...)
Passei, as usual, dias sem escrever, e hoje o astral tá diferente. Já consegui um trabalho numa companhia de seguros, odiei, passei a me acostumar, e agora que tava quaaase gostando, surgiram outras duas possibilidades. Duas, claro, porque comigo as coisas nunca acontecem da maneira mais simples. Sempre tenho que fazer justamente o que tenho mais dificuldade na vida: escolhas. Mas não reclamo, que também não sou tonta... melhor ficar confusa por ter opções, que desesperada por não ter nenhuma.
Mas enfim, fiz uma entrevista hoje, e tenho outra amanhã. Nenhuma, infelizmente, relacionada à comunicação, mas todas exigindo o inglês e o português, o que pelo menos não me faz pensar que seja tempo jogado fora. Tô a cada dia mais convencida de que a gente aprende com tudo nessa vida. Nada se desperdiça. Mesmo assim, que eu preciso de FOCO, definitivamente, é um fato. E repito: não vou desistir até que eu encontre meu caminho.
De qualquer forma, to muito feliz com essa sensação de estar falando outra língua. Em 30 dias meu espanhol melhorou tanto que até eu me surpreendo. Claro que ainda tem muito pra aprender, claro que eu dou foras cômicos e trágicos (especialmente no trabalho, onde tenho que hablar con españoles por teléfono all the time). Mas a senhora colombiana que mora comigo disse que há 20 dias mal podia me entender, e agora já não apelo (quase) nunca ao portunhol. Como boa hiperativa que sou, não vejo a hora de entrar em um curso... de francês. Sim, porque a meta é, no mínimo, conseguir manter uma conversação em inglês, espanhol, francês e italiano. E eu chego lá. I'm sure.
Quanto a estar em Madrid, quanto às impressões e aos comentários sobre esse povo que a gente tem mania de falar que é parecido com a gente (quando na verdade não é), eu tenho até um pedaço de papel com observações feitas em mesa de bar ou de dentro do metrô. A lista inclui a falta de educação da espanholada (sem generalizar, mas depois eu explico, que isso dá um post inteiro); a delícia que é salir de tapas (http://es.wikipedia.org/wiki/Tapa_(alimento); a beleza do Parque del Retiro (http://www.parquedelretiro.com/); o fato de ser mais barato pedir algo, seja bebida ou comida, dentro do bar do que na terraza; a minha triste surpresa ao descobrir que aqui ainda se pode fumar dentro de praticamente todos os lugares, incluindo restaurantes (nas portas dos estabelecimentos geralmente se vê uma placa ostentando orgulhosamente o aviso de que "aquí se puede fumar") ; y otras cositas más.
Mas, embora eu tenha passado esse mês me dedicando mais à procurar emprego do que qualquer outra coisa, Madrid está me conquistando, pouco a pouco. Há muito, muito pra ver e pra fazer. Agora que tenho trabalho, casa, abono mensal de metrô e geladeira cheia, a intenção é começar a explorar. E, pra isso, o primeiro passo é vencer os monstros pessoais. A preguiça, a acomodação, a TPM que insiste em aparecer uma semana por mês e devastar com tudo... e sair por aí!
Quero ser exploradora... que nem o Bruno, do livro "O Menino do Pijama Listrado" (http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Boy_in_the_Striped_Pyjamas).
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
All Star Generation
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Sin embargo...
Sin embargo, em espanhol, significa "entretanto, contudo, no entanto, porém".
Me ocorreu de escrever mais, logo depois do meu post anterior, porque ao relê-lo, achei que eu fui meio injusta, não sei, meio arrogante com relação ao que eu disse sobre meu relacionamento. Tá bom, eu não tenho nada que ficar expondo coisas tão íntimas aqui, onde qualquer um pode ler, mas já que eu já faço isso mesmo sem a ajuda de um blog, dá igual, vou falar e pronto.
Me senti injusta porque passei um certo ar de "não estou nem aí", mas parei pra pensar no quanto eu sou ridícula de dizer isso, porque eu "tô aí", sim. O fato de eu ter aprendido (graças a Deus, finally!) a pensar em mim primeiro, a colocar o lado afetivo em outro plano que não seja primeiro na minha vida, não significa at all que eu goste menos, que não me importaria se acabasse, que não faz a menor diferença.
Eu to tentando ao máximo fazer as minhas coisas aqui em Madrid independentemente dele, porque tenho receio que ele se sinta usado; também não quero sobrecarregá-lo de coisas e responsabilidades sendo que ele também precisa colocar a vida nos trilhos, depois de viver fora quase um ano. Mas no final das contas nada seria tão fácil, "smooth" e agradável sem ele, sem sua ajuda, sua companhia. Sou eternamente grata, e não é só isso. Tô começando a crer de verdade que paixão em excesso é mais nociva do que parece. Me sinto melhor sem estar tão entregue, tão dependente.
Aliás, voltei, também, pra dizer isso: nunca me senti tão dona da minha vida. E essa sensação, acreditem, é melhor do que qualquer paixão. (E vejam bem quem está dizendo isso, quem diria!)
Resumão Informativo
"Resumão.... bem, o Javi, namorado espanhol, tava cansado de Bournemouth, e resolveu voltar (ele é de Madrid). Na época, eu tava loucamente apaixonada, e também muitooo cansada da vida de 'Bauru' que eu estava levando e resolvi mudar pra cá também. Nunca pensamos na possiblidade de morar juntos. Ainda bem. Não tenho mesmo vontade. Ele mora com os pais.
Isso foi há um tempo atrás. Mas aí, de repente, meu irmão finalmente conseguiu dinheiro pra ir pra Inglaterra, comprou a passagem, e foi. E eu já com a passagem pra Madrid, aviso prévio nos meus empregos e tal. Aí me senti uma megera de filme infantil por abandonar meu irmãozinho lindo JUSTO quando ele ia chegar pertinho de mim.
Entrei em crise, não sabia mais o que queria, passei quase a odiar o Javi, inconscientemente.
Afinal, tive a dúvida de vir ou não vir até dois dias antes, praticamente. Mas vim, depois do meu irmão me dar força, apoio, dizer que me ama loucamente mas que no final ia ser bom pra ele ficar sem mim lá, pra ele se virar melhor. Meus pais também, afinal, me apioaram, já que eu já tinha investido dinheiro e muitoooooo stress com a tal mudança.
Fiquei um mês com meu irmão, confirmei que ele é meu anjinho da guarda, que quase morro de tanto rir quando estou do lado dele, e coloquei como meta de vida ainda viver com ele em algum ponto dessa trip. Mas me convenci de que seria bom mesmo pra ele ficar longe da irmã-mais-que-coruja. Aí vim, ainda em crise com o Javi.
E, por influência dos fiéis defensores de Barcelona, esperando uma Madrid cinzenta, com trânsito, e um clima insuportável. Mas cheguei aqui e tudo mudou. Amei a cidade à primeira vista, consegui um trabalho (temporário) para a primeira semana, o que já pagará mais da metade do meu aluguel; saquei meu número de seguridade social (um documento basicão pra se fazer qualquer coisa aqui) em 5 minutos, e no terceiro dia encontrei um quarto ótimo SIMPLESMENTE atrás do prédio do Javi. Posso ver a janela dele daqui.
E, ah! Voltei a ficar bem com ele... ainda me irrito com as mesmas coisas, mas estou muito mais tolerante e me sentindo "kind of" apaixonada de novo. Não aquela paixão típica de Julia, cega, louca, mas uma coisa mais madura, mais tranquila, mais pensando em mim e encarando o relacionamento como um detalhe a mais da minha vida. Não desprezando, mas não dando tanta importância.
E agora, enfim, procurando emprego loucamente, abrindo conta em banco, fazendo o resto dos documentos e números pra ser uma cidadã de verdade aqui.
UFA, acabei."
Tem muito, muito mais. Mas esse era, afinal, um resumo mesmo.
Hasta luego. :p
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Rabiscos
De dentro de um hotel gostosinho, mas bem no meio de um sub-mundo que eu nao imaginava existir na Alemanha, meu coracao parece querer sair correndo de dentro de mim e espalhar pra todo mundo o mundo de coisas que ele sente ao... ver o mundo.
Comecamos por Edimburgo. Ja amava, agora tive certeza. Perdoem-me pela repeticao, mas de fato os escoceses sao mais amigaveis que os ingleses. O scottish breakfast, apesar de beeeem parecido com o "english", tambem eh melhor. O vegetariano, pelo menos. Os precos nao sao diferentes da Inglaterra. O Castelo continua sendo a melhor atracao, mesmo pra ir pela segunda vez. Dica do mes (hehehe): usar o audio-guia! Tudo bem que depois de pagar 12 pounds pra entrar nao da mesmo a menor vontade de gastar mais dinheiro, mas vale muitissimo a pena. Se ja foi tudo tao encantador sem entender porra nenhuma, dessa vez tive que ser educamente convidada a me retirar, quando estava la ainda toda serelepe na hora de fechar, de tao maravilhoso que eh escutar todas aquelas historias e ver tudo de pertinho. Mais do que nunca, dessa vez eu estava numa onda meio morbida, ja que tudo o que mais me interessava eram as celas onde os prisioneiros ficavam confinados, os caminhos subterraneos com fama de mal-assombrados e as minusculas ruas onde depositavam os corpos dos mortos pela Peste Negra. Adoro!
(continuo assim que puder, ha tanto e tanto e tanto pra falar...)
domingo, 16 de agosto de 2009
Deixe-me ir....
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver...
Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir prá não chorar
Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
domingo, 26 de julho de 2009
Navegar eh preciso
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Y Aqui Estoy
Andar por Barcelona gera vontade de aprender. Dá vontade de engolir o mundo, de assimilar toda a informaçao, toda a tonelada de coisas interessantes que esse lugar criou, cria, abriga, oferece. Inspira a aprender todas as línguas que se ouve aqui. Falar ingles de repente se tornou tao e tao pouco! Quero falar espanhol, catalao, frances. Quero, quero, quero.
É lindo como eles valorizam a cultura da Catalunia. Absolutamente tudo, das placas aos menus dos restaurantes, é escrito em catalao. E em espanhol e, sim, em ingles. Tudinho. Isso quando nao completam com frances, italiano... Esse é só um pontinho no meio de todo o quadro colorido que é Barcelona, onde tudo é diversidade, e tudo se mistura.
E pra mergulhar nesse "mar de tudo", perdao pela pieguice, mas basta querer. O governo oferece cursos gratuitos de catalao. Pode soar como algo, de certa forma, inútil, mas especialmente pra se viver aqui, saber a língua abre muitas possibilidades. Muitas universidades, por exemplo, tem as aulas todas em catalao. Além disso, pessoalmente acho uma língua linda, que parece misturar o espanhol com frances, italiano, algumas semelhanças enormes com o portugues, enfim... O catalao atrai, nao assusta, e me soa bem gostoso aos ouvidos...
Barcelona também te dá a chance de se manter ocupado com coisas interessantes, seja como for. Além da ferveçao cultural, opçoes de museus, lugares históricos, exposiçoes de toda natureza rolando todos os dias e pra todos os gostos, há zilhoes de cursos a preços muitíssimo acessíveis. De culinária vegetariana à produçao de curta-metragens, passando por moda, dança e tudo mais, os cursos sao em horários-chave que te permitem trabalhar,e studar outras coisas ou o que quer que seja... de tudo o que eu tenho visto aqui, isso me parece, até agora, o que há de mais tentador. Só pore sse motivo eu já moraria aqui. Mas há muitos e muitos outros.
Barcelona pode parecer enorme, mas nao é difícil se familiarizar com os caminhos, meios de transporte e tudo mais. Nao vi, atá agora, o transito congestionado, nem onibus lotado. O metro funciona muito bem e, com excecao do trem velho e sujo que eu peguei ontem à noite, eles sao bem limpos e modernos. Mas o mais legal é que bicicleta, aqui, é transporte público. Em vários (mas vários mesmo) pontos da cidade há um lugar onde ficam estacionadas as "bicings" vermelhinhas e brancas, que funcionam com um cartao que voce, quando mora aqui, paga anualmente, se eu nao me engano. Vai lá, coloca seu código or something like that, usa e depois estaciona ela em qualquer um desses pontos. Todo mundo usa, é incrível. Funciona. Alternativa super ecológica, economica e prática, especialmente porque as ruas sao quase todas planas.
Mas, claro, nada é perfeito e já que eu estou aqui declarando minha nova paixao, nao posso esquecer de registrar que, de maneira geral, as pessoas sao muito grossas aqui. Óbvio que há exceçoes, mas a maioria dos que trabalham com o público, nos bares, restaurantes, lojas, sao bem antipáticas, pra nao dizer mal-educadas. Mas sim, pode ser que eu tenha dado azar. Assim como dei azar com a comida. Ao contrário do paraíso gastronomico que é Istambul, Barcelona só me decepcionou nesse quesito. Tá bom, nao fui a nenhum restaurante badalado, mas a minha análise é na rua mesmo, na comida barata...hihi. Em todo lugar aqui se vendem bocadillos, que sao, na verdade, sanduíches geralmente em baguetes, e quase sempre de jamón, o presunto deles. Deve ser bom, mas como pra mim nao dá, restam os bocadillos só de queijo, meio secos, sem graça. Agora que eu me acostumei com as milhares de opçoes vegetarianas que a Inglaterra oferece, tá sendo meio difícil aqui pra enontrar umas coisas gostosas e fáceis, assim, pra comer em qualquer lugar. Ah! Além de nao muito boa, a comida aqui é meio cara. Acho que na Inglatgerra se come por bem menos, seja em restaurante ou em casa.
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(continua....)
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
E vou voando...
Eles nao se importam muito em falar ingles. A maioria, allias, nao fala. Mas, embora eu nao consiga memorizar uma unica palavra em turco, a lingua me agrada, me soa de uma forma muito gostosa e me da uma vontade imensa de poder aprender. Me da vontade de viver aqui um tempo.
Ha gatos e gatos pelas ruas. Zilhoes. Gatos eu digo felinos, aqueles mesmo que (quem me conhece sabe) eu odeio e morro de medo. Agora nem tenho mais tanto, porque sou obrigada a conviver com eles aos montes, em todos os lugares. Mas por algum motiıvo os gatos turcos me parecem mais fofos, simpaticos.
A comiıda eh maravilhosa. Cada vez que estou comendo, seja uma super refeiçao, um cha, um doce ou uma coisinha qualquer, penso (de novo e seriamente) em mudar pra ca.
Cinco vezes ao dia voce escuta as oraçoes vindas das mesquitas que, claro, tem aos montes. A primeira vez que ouvi foı as cinco da manha e foi neste momento que caiu a minha ficha: "meu Deus, eh verdade, eu to na Turquia, eu to no Oriente e neste momento ha zilhoes de pessoas ajoelhadas com a testa no chao, fazendo suas preces e espalhando esse canto, misterioso e forte, por todos os pedaços desta cidade que eh um mundo inteiro". Nao da pra explicar, mas nao tem como nao sentir essa especie de emoçao, ou no miınımo de estranheza, ao ouvir esse som de repente, no meio da loucura do dia ou no silencio que antecede o nascer do sol.
İstanbul tem tudo, İstanbul tem vida. İstanbul nao para. Nao para nunca. Os bares, os restaurantes, as pessoas indo e vindo, o transiıto insano, os turistas, os vendedores (milhares, milhares), a musica. Nao teria como ser diferente. No lugar onde o Oriente encontra o Ocidente, nada poderia ser mais presente que os opostos. A paz e a ferveçao, o belo e o feio, a pobreza e a ostentaçao.
A musica me encanta, a lingua me encanta, os sabores me encantam, a vista me encanta.
Mas eles fumam demais. A ımpressao que se tem eh que a cidade inteira fuma. Se fuma dentro dos bares, e se fuma dentro dos restaurantes. E essa parte eh terrivel de aguentar. Mas se fuma, tambem, o melhor narguile do mundo. O de melao eh algo, assim, incrivel.
Mas a noite me chama, e a noite de İstanbul nao eh qualquer uma. Faltam dois dias pra acabar e meu coraçao ja sente saudade.
Seni sevyorum, meus amores!