terça-feira, 1 de abril de 2008

Welcome to London

Post corrido, soh para nao esquecer o final de semana.


Sao 09:30 da manha, o vento e a chuva estao quase derrubando a casa e eu fiquei sozinha aqui. Deveria estar passando roupa, tem uma pilha la na sala, mas como nao escrevi ontem, estou fazendo essa traquinagem (nossa, de onde eu tirei essa palavra?) de usar o computador no horario de trabalho.


Mas eh por um motivo nobre, afinal a minha primeira visita a Londres nao poderia passar em branco.


No sabado o dia foi muito gostoso, acordei com o Thomas na minha cama, uma fofura. O clima estava muito mais light em casa, tudo bem gostoso. Fomos para Folkestone pra comprar uma roupa de Power Ranger pro Thomas, um celular pra mim, comer no Mac Donalds e de lah eu jah iria pra Londres.


Tudo correu super bem, consegui comprar um celular que manda mensagens super baratas pro Brasil; comi mais um Mc Fish; compramos a tal roupa do Power Ranger super rapido (o que eu amei, porque nao suporto ficar dentro de loja), e pronto: fui para a Bus Station rumo a minha primeira tripzinha aqui nessas terras.


O onibus demorou horrores e ainda pegamos um acidente na estrada - com uma ferrari, detalhe - e demorei mais de duas horas pra chegar la. De carro eh aproximadamente uma hora.


Ainda de dentro do onibus eu ja tive certeza: tenho que morar em Londres!
Ferrou. Me apaixonei instantaneamente pela cidade. Nao tenho palavras, eh absolutamente linda. Linda e louca. Assim que eu gosto.


Chegamos por um lugar que provavelmente era uma zona mais afastada, e por isso soh conseguia ver imigrantes pela rua, e o comercio eh algo absurdo: sao zilhoes de portas, uma ao lado da outra, com tudo o que se pode imaginar, especialmente restaurantes. Tailandes, libanes, mexicano, chines e mais 390 opcoes.


Tem tambem umas vendinhas, uns mini-mercadinhos que parecem mais uma banca misturada com quitanda, que geralmente sao de indianos e tem aos montes. Foi uma dessas que me salvou horas mais tarde.


Bom, cheguei na Victoria Station e fui atras de informacoes sobre como pegar um onibus para a Oxford Circus, que eh onde o Igor (meu amigo querido de Atibaia) trabalha. No posto de informacoes da estacao encontrei um casal de cariocas e foi super estranho ouvir portugues assim, de repente, mas muito gostoso. Olhei pra eles e disse: "ai, que alivio!". Super fofos os dois, estavam la todos animados decidindo o roteiro turistico deles... como eh bom ter dinheiro.. ha ha ha.


Consegui me virar rapido e cheguei no ponto do onibus, enorme, mas bem organizado. La voce tem que comprar a passagem numa maquina no proprio ponto, que soh aceita moedas. Por sorte eu tinha, mas achei um saco, imagina se nao tivesse? A pessoa tem que se atrasar pra sair a atras de trocar o dinheiro por moedas... Nada pratico.


Comprei o ticket na tal maquina e fiquei esperando o bus. Nisso eu ouco, pelo alto falante, alguma coisa relacionada ao meu onibus, mas nao entendi o que era. Ahi olhei para um menino ao lado com aquela cara de "o que ele falou?", e o guri, que na verdade era quase uma guria, jah saiu falando que tava tudo bem, que soh estavam avisando que o bus chegaria em 3 minutos. Adorei isso. E nao tem erro: 3 minutos, la estava ele.


Fui sentar com o menino, dei horrooooores de risada com ele, imaginem alguem com-ple-ta-men-te louco, cheio de tiques, absolutamente afetado, mas um fofo. Fomos batendo papo, ele ficou de me avisar qual era o ponto que eu tinha que descer, e nisso para um cara na nossa frente, em peh. O menino nao encasqueta com o cara e comeca a falar que ele tava me paquerando? Se fosse soh isso tudo bem, mas nao satisfeito em ficar cochichando no meu ouvido e olhando pro homem, ainda puxou papo e ficou falando: "olha, ela vai descer na Oxford Circus, viu?". Nao sabia onde enfiar a minha cara, e o pior eh que o cara comecou a conversar e eu nao entendia uma soh palavra do que ele dizia...


Ri um monte, mas nao pude deixar de observar as coisas a minha volta:

1) em Londres a lingua que voce menos escuta eh ingles, e nao eh exagero. Pense em todas as nacionalidades juntas num onibus soh. Eh assim.

2) os onibus sao mais sujos que os de Sao Paulo. Sao novos, de dois andares, lindos. Mas tem muito lixo no chao, ateh sanduiche do Mc Donalds e afins.

3) nao da pra aguentar o tanto que Londres eh linda. Eu olhava pela janela e queria chorar.


Ok, na hora de descer dei dois beijinhos no meu novo amigo, que durante o caminho jah tinha me contado a vida inteira, inclusive que o namorado dele mora com um brasileiro de seios enooormes, e fui para a porta.


Soh para ilustrar o momento, eu tava olhando pra fora com uma cara de boba tao grande que um cara me perguntou: "voce esta bem?". E eu respondi que, sim, estava otima, obrigada. E ele disse: "eh que voce ta com uma cara de perdida"... Ha ha ha. Nao, moco, nao eh isso nao. Soh estou curtindo a paisagem.


Desci do bus, achei tudo lindo, eu estava no centro da cidade e achei tudo um bafo, fui pedindo mais informacoes pras pessoas e achei o bar do Igor super rapido. Eh tipo um pub, mas bem grande, e estava cheio. Adorei logo de cara.


Dei um longo abraco no meu amigo, tirei um pouco do tanto de roupa, e ele me serviu uma pint de uma cerveja italiana la... era uma das mais baratas, e mesmo assim era cara. Peguei soh porque eu ia passar a noite ali e pelo menos tinha que fingir que estava consumindo alguma coisa, neh?


Bom, pra resumir: fiz amizade com um pessoal de Cambridge, meeega fofos, um casal tinha acabado de ficar noivo aqui no Brasil, foram pra Amazonia e coisas do tipo, e o cara tinha aprendido um portugues incrivel e duas semanas, impressionante... Fiquei feliz porque mesmo com musica alta (estava rolando um blues ao vivo incriiiivel) eu consegui entender e me comunicar.


Fiquei com esse pessoal a noite inteira, ateh o Igor me chamar pra comer durante o break dele. Sahimos, olhamos em volta, e o unico lugar perto que estava aberto era... adivinhem... sim, o Mac Donalds! EU nao sei como eu tive coragem, no fundo eu sabia que nao deveria fazer aquilo, mas estava com fome, e cometi o absurdo de comer essa porcaria pela segunda vez no MESMO dia. Comi, achei o lanche frio e o lugar sujo (ah, tem isso: aqui os Mac Donalds sao lotados, os lixos transbordando, um horror), mas comi.


Voltamos para o bar e a minha noite do terror comecou. Fiquei com uma enxaqueca trash, trash, trash, tava vendo estrelinha e o som do bar cada vez mais alto: no andar de cima, a banda de blues. No andar de baixo, uma festa de aniversario (a fantasia), com pessoas esquisiterrimas cantando no karaoke. Ou melhor, berrando.

Ah, detalhe interessante: brasileiro tem fama de fazer putaria, mas nao chegamos nem perto das inglesas alcoolizadas. Elas ficam muito locas MESMO, quase arrancam a roupa, se pegam com todos os amigos, abrem as pernas em pleno bar lotado, isso quando nao dao uma transadinha ali mesmo. Metade disso eu vi, metade os brasileiros que trabalham no bar me contaram. E olha que esse pub eh pra um pessoal mais velho, super tranquilo e tal. Imaginem os inferninhos "a la Augusta", como sao...


Bom, tentei dar uma dormida no sofa porque ja tava um clima de fim de festa, mas eu realmente tava tendo um treco de tanta dor. Pedi remedio pra dor de cabeca pro gerente do bar e tomei dois de uma vez. Fui piorando, piorando, ateh que chegou a hora de ir embora. Ufa! Ateh iamos a uma festa num pico de um indiano, mas o horario mudou e adiantou uma hora, tipo horario de verao, por isso estava muito tarde e decidimos ir pra casa. Gracas a Deus, porque eu sentia que ia desmaiar no meio da festa.


Entramos no onibus e estava absolutamente lotado. Eram 4 da manha e as pessoas todas estavam voltando da balada, todo mundo de onibus, nao se via um carro na rua. Muita gente bonita, tipos super interessantes, mas eu soh consegui pensar que o onibus estava abafado e eu estava comecando a enxergar tudo preto.


Comecei a tirar um pouco de roupa, casaco, cachecol, mas nada adiantava e a pressao caindo, caindo, caindo... ateh que o Igor viu que a situacao chegou no limite e falou: desce do onibus pra tomar um ar. Desci no mesmo momento. Dei tres passos e falei pra ele (ou tentei falar): "vai pra la, vai pra la". Era um pedido pra ele sair de perto de mim, porque eu logo vi o que ia acontecer: BATIZEI A CALCADA DE LONDRES, mais especificamente em frente a uma Delegacia, com um vomito de uma pseudo-vegetariana-completamente-intoxicada-de-Mc-Donalds.


Cara, eu passei muito mal. Mas MUITO mal, achei que ia morrer, desmaiar, ter um treco qualquer.
O Igor (um anjo) correu comprar uma coca-cola nessas quitandas-bancas-mercadinhos que ficam abertas a noite toda, e eu fui melhorando aos poucos, embora a pressao ainda estivesse baixa e eu tremesse mais que massageador eletrico.


Pegamos o proximo onibus e fomos pra casa dele, demorou um pouco, eu soh conseguia pensar em chegar. Tinha combinado de encontrar a Van no dia seguinte as 9 da manha, nao sabia como eu ia conseguir essa proeza, mas ver a minha amiga era tudo o que eu mais queria.


Dormi bem bem, acordei meio zonza e com dor de cabeca ainda, peguei meu celular e vi que a Van tinha mandado mensagem de que tinha perdido o onibus por causa da mudanca de horario, e que nao poderia mais ir. Nos falamos por telefone e ela estava arrasada, porque alem de ter perdido a passagem, foi uma puta frustracao, a gente tinha feito varios planos, e tal. Uma merda.


Mas como nao ia mais ve-la e ainda nao conseguia parar em peh, voltei a dormir. Acordei duas da tarde (COM SOL!!!) e jah tive que me programar pra ir embora, porque a essa altura eu havia desoberto que pra conseguir chegar em casa eu teria que pegar o onibus das 16hs.


O Igor me garantiu que nao tinha transito, que eu iria chegar rapidinho a estacao e tal... e la fui eu... novamente deslumbrada com a cidade, especialmente com sol e ceu azul. Estava quase quentinho, bom demais!


Eu nao acreditava que eu tinha ido a Londres e nao visitado lugar algum, mas tudo bem, fica pra proxima, vou ficar tempo suficiente por aqui...


No meio desses pensamentos (e uma chata de uma brasileira falando 1 hora no telefone no branco logo atras de mim), me dei conta de que eu ia me atrasar para o onibus. Cheguei na estacao a tempo de pegar o das 16h30, mas me mandaram comprar o ticket no caixa e, ao chegar la, simplesmente me deparei com uma fila quilometrica, indecente.


Fiquei desesperada, pedi pra uma mulher guardar o lugar pra mim e fui correndo ate o motorista explicar que nao daria tempo de eu comprar la, mas que eu estava com o dinheiro na mao, se eu poderia pagar direto pra ele e tal. Pela primeira vez dei de cara com alguem que definitivamente nao foi legal comigo. O cara foi horrivel, cruel, grosso, mau educado. Fechou a porta do onibus na minha cara e disse pra eu pegar o proximo. Fiquei com a cara na porta e comecei a chorar como uma crianca. Tava mal ainda, tava chateada por nao ter visto a Van, tava com medo de comer as coisas por achar que eu estava doente, tava preocupada em nao ter como vir pra casa quando chegasse em Canterbury, e esse imbecil me faz isso. Beleza.


Voltei - chorando ainda- para a fila, liguei pra Van, que ficou na Internet vendo todas as possibilidades de onibus, e descobrimos que pegando em Londres o das 17hs, ainda daria tempo de eu ir embora pra casa. Mas era a ultima, ultima chance. Apenas as 17hs em ponto eu consegui chegar ate o guiche. Pedi correndo, implorando, o ticket para o onibus, e amulher disse: "nao posso te vender esse, o onibus esta saindo, voce tem que pegar o proximo". Ahi eu nao chorava mais como uma crianca. Chorava como um bebe. Mais especificamente como um bebe com colica. kkk


Nao teve jeito. Tive que comprar o das 17h30. Fiquei desolada, nao tinha MESMO como voltar pra casa.
Mandei uma mensagem pro Terry explicando que eu ia ter que ir de taxi de Canterbury para casa, e ele me respondeu que sairia muito caro, mas eu disse que nao havia outro jeito, que eu tinha perdido 3 onibus por causa de uma fila completamente indecente. Ele nem respondeu mais.


Cheguei em Canterbury e a estacao estava deserta. Ainda encontrei um motorista indiano pra saber se havia alguma possiblidade, bem no fundo do tunel, e nao havia. Chorei, chorei, pensei em ficar num hotelzinho ateo dia seguinte, mas o onibus de manha nao chegaria a tempo de eu fazer o cafe do Thomas. Ok, taxi mesmo.


Quando o cara me falou o preco eu comecei a chorar de novo e mal conseguia explicar meu endereco. Eh, definitivamente eu tava na pior TPM da minha vida.


Depois de nos perdermos, termos que recorrer ao GPS, ficarmos sem sinal de celular no meio dessas estradinhas sinuosas, cheguei em casa. Nunca imaginei que ficaria tao feliz em estar aqui.


Entrei na sala e estava tudo quentinho, com lareira, chazinho... Home, swwet home!


Resumo da opera: TRABALHEI UMA SEMANA INTEIRINHA PRA GASTAR MEU SALARIO COM UM TAXI. Ou melhor: trabalhei uma semana exclusivamente pra dar uma vomitadinha em Londres.


Pois eh... Quem falou que a vida eh facil???

7 comentários:

Anônimo disse...

Saudds de voce amiga, voce nao sabe como me faz falta.....Mas nao tem jeito, sempre da um jeito de fazer as coisas piores serem as mais engracadas. Se cuida
BJo Ju(Pira)Rigitano

Anônimo disse...

Juuuuuu, mas que aventura!!! Eu tenho umas pequenas tragédias tb, estão arquivadas na minha cabeça, coisas que acontecem qdo estamos no começo da jornada..
Estou me surpreendendo cada dia mais com vc, meu orgulho!!

Muitos beijos e continue escrevendo..

Anônimo disse...

Que perrengue hein Jú.
Mas não deixa de ser chique.
Afinal, você já pode entrar naquelas comunidades do orkut como “só vomito em Londres” ou “só choro em Paris”

Anônimo disse...

juju, que legaaaaaaaaal
apesar de tudo de ruim, que mega aventura bafonica!!!!
e vc se virou, mesmo com dificuldade, deu tudo certo!!!
ai que orgulhoooooooo amigaaaaaaaaaaa!!!
muitooooos beijooooos
ah, amei sua Londres!!!! pontos turisticos vc conhece depois..aproveita cada pedacinho da cidade que é mais gostoso mesmo...
love u
Elo

eagora disse...

kkkkk... amiga... eu to super atolada aki no trampo, mas vc me obrigou a parar tudo só pra te ver e mais ainda pra te escrever... sabe o que esse espisódio me fez lembrar?? sorocaba-pensão da tia-bis-cachorros matusaléns-mais bis... rs... lembra o strees que foi na hora? lembra da gente falando que esse iria ser um episódio q nós iríamos relatar e deixar pra história, e q com certeza iríamos rir muito dele mais pra frente? pois é... rs... a diferença é que dessa vez vc tinha a história toda fresquinha na cabeça pra deixar escrita (coisa que dakela vez nós não fizemos)...
O que quero dizer é que se nakela viagem tivesse dado tudo certo como havíamos planejado, ela teria sido apenas mais uma viagem, pra uma rave, como outra qualquer, mas não... foi exatamente por causa dos perrengues, que mais pra frente ela acabou se tornando comi-especial.
Então, se vc tivesse chegado em Londres, conseguido ter feito tudo sozinha, sem preguntar nada, nem se comunicar com ng, vc não teria passado por nada disso, mas tb não teria conhecido pessoas, e lugares "comuns" (leia-se simples) que outro turista com certeza nunca teria conhecido...
Claro, seria tudo deslumbrante, a cidade, etc, mas seria apenas isso... rs... sem o toque MARIA JULIA... vomitando, chorando, dramatizando, se atrapalhando... não seria a SUA história né? rs...

ai como eu te amo!

Anônimo disse...

Juuuu vc escreve super bem!!! Nossa, as vezes leio e sinto como se fosse comigo... Afinal, to super familiarizada com essas aventuras ai nos paises frios... Aiiiii aproveita q depois da SAUDADES! confia!!! ;))
Bjs e fica com Deus! APROVEITA!
Jackie

Anônimo disse...

Linda Prima July!!!! Estou adorando as suas aventuras, fiquei imaginando o teu olhar para a paisagem Londrina. Titias mandam dizer que é pra vc se cuidar pq na Inglaterra tem muita gente maluca. kkkkkk.. Elas ainda enumeram, Jack Estripador, O cara que matou as crianças e enterrou no quintal e outros inúmeros Serial Killers, criados pelas mentes delas. tadinhas...KKKKK... Bom, mas com tudo isso descobri pq a Família Paim é tão maluca, pois como vc bem sabe descendemos da Nobre Família Real Britânica... kkkk, isso segundo o trio Regina, Marta e Sônia..kkkk. Meu amor, continua com essa força e esse espírito desbravador. Todos os dias entro no teu blog pra ler as novidades. Te amo. amo. amo. beijos.. Do teu Primo Querido Marcelo